Capítulo 125

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Cheguei cinco minutos atrasada para o treino com Cassian.

Se fosse em outra ocasião, se não soubesse que quero lhe dar uma surra, ele teria reclamado do atraso durante todas seis horas e cinquenta e cinco minutos restantes de treino mas a única coisa que disse sobre o assunto foi:

– Passarei cinco minutos do horário do treino para compensar.

Seu tom de voz era baixo, quase um murmúrio e ele mal conseguia me olhar nos olhos.

As quatro horas que se  seguiram foram em silêncio, as únicas palavras trocadas entre nós eram instruções de treino, nada mais que isso.

– Feyre, ela não tem culpa, sequer sabia de sua amizade com o entalhador quando me pediu para acompanha-la até a Prisão -ele disse de repente, quebrando o silêncio frio que mantinhamos enquanto descansavamos. – Eu devia ter perguntado antes de sugerir a Rhys e Feyre que você poderia ajudar a convence-lo, não sabia que era um segredo mas não deixo de ter sido babaca por isso.

O observei de canto de olho por nada mais que dois segundos antes de voltar minha atenção para frente outra vez.

– Não imaginei que ficaria tão ofendia, jamais quis que isso tivesse acontecido.

Tentei, não dizer nada, mas quando reparei já estava disparando, com o tom mais cortante que já usei com ele:

– O fato de achar que eu concordaria em persuadir um amigo revela mais sobre oque você, e eles, pensam a meu respeito do que imaginam.

– Por favor, não diga isso -ele pediu em tom baixo – Não queriamos que o persuadisse, queríamos que nos ajudasse a fazer um acordo com ele, você seria apenas o ponto em comum entre os lados, como uma mediadora que garantiria que chegassemos a um acordo bom para os dois, garantiria que nossa conversa fosse razoável e pacífica, garantiria que nós ouvissemos o lado dele e ele ouvisse o nosso, mais uma vez, não queríamos que o persuadisse, sinto muito se a forma com que falamos a fez entender dessa forma. -Cassian suspirou de forma pesada. – Estamos desesperados, todos nós.

O silêncio se instaurou outra vez, enquanto eu pensava se deveria falar algo ou não.

Hybern, não estava chegando, já havia chegado, havia entrado em Velaris duas vezes sem impedimento.

A guerra, já tinha começado, a questão agora era quando a luta direta aconteceria, e eu não queria pisar num campo de batalha brigada com meus amigos, minha família, porque posso não voltar de lá, eles podem não voltar de lá e não quero carregar o arrependimento de alguém que amo ter morrido achando que eu o odiava pela eternidade, também não quero morrer e deixa-los aqui achando que eu os odiava.

– Não fiquei verdadeiramente chateada ou ofendida com oque vocês disseram -disse como uma confissão – Eram apenas o lado mais fácil a que culpar -meus olhos se mantinham fixos no ponto a minha frente –Fiquei com medo, porque sabia que ele aceitaria, porque o conheço o suficiente para saber que, depois de milhares de anos preso naquele buraco, ele faria qualquer coisa para sair, e não o culpo por isso, na verdade, o entendo.

Entendo. A vida toda estive "presa em buracos", com minha mãe, com o pai de minhas irmãs, com Dearil. Eu faria qualquer coisa para sair daqueles lugares, faria qualquer coisa para nunca ter entrado naquele porão.

– Queria que ele ficasse lá, queria que desistissem e não fossem oferecer acordo algum, porque assim, se ele continuasse preso naquele buraco, eu teria certeza de que estaria seguro. -entao declarei alto o suficiente para ter certeza de que os ventos e a rocha sussurravam aquela conversa para stribog: – Fui egoísta.

– Eu também seria -declarou Cassian – Se tivesse escolha, prenderia todos vocês, até Amren, para que sequer chegassem perto de um campo de batalha. – ele tomou fôlego – Por mais habilidosos e poderosos que sejam, sinto meu peito apertar apenas de imagina-los no campo, caídos entre os mortos.

Corte de chamas e pesadelosOnde histórias criam vida. Descubra agora