Capitulo 131

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⚠️ Automutilação e Alcoolismo ⚠️

Todos os becos e vielas deste maldito projeto de cidade fediam a mijo mas eles estavam sendo lavados pela chuva de verão que assolava o lado de fora.

Bêbados entravam e saiam da taberna, o vai e vem de corpos suados e pés sujos de lama ja era muito conhecido por mim.

Meu cabelo grudava nas costas, eu também peguei chuva do lado de fora e estou agradecendo a mãe por ter vindo de calças, é tão incômodo usar um vestido molhado quanto pisar na água usando meias.

Talvez a chuva tivesse lavado um pouco do cheiro de alcool que eu exalava, mas  duvido disso ja que voltei a consumi-lo a uma hora.

Girei o copo largo fazendo o líquido âmbar circular.

Descobri que Whisky tem um gosto péssimo, seja ele de boa qualidade, como o de Rhys, ou não, como o daqui, mas continuei bebendo, porque foi a coisa mais forte que encontrei nesse buraco.

– Scarllet Walker -cantarolou uma voz masculina – é sempre um prazer vê-la.

Eu havia me dado ao trabalho de "mudar" de aparencia com um feitiço de glamuor que só funciona desse lado da muralha por ser bem fraco, mas escolhi uma aparência que ja tinha usado muitas vezes antes, cabelos loiro-acobreado, olhos tão escuros que pareciam pretos e o rosto completamente diferente do meu.

Poxa, que descuido o meu, com uma aparência ja usada tantas vezes antes, estampada em um cartaz de "procura-se viva ou morta" a cada esquina, era óbvio que seria reconhecida, é realmente uma pena.

– De fato sou um colírio para os olhos -disse em tom desinteressado sem sequer olhar para o homem mas reconhecia seu cheiro.

Ragnar O'Brien, 26 anos, iniciado no clã no mesmo ano que eu.

Nome feio, homem bonito. Cabelo castanho, olhos castanhos, beleza comum mas a cicatriz de corte vertical no lado direito do rosto pegando da testa até bochecha o deixa com um charme diferente, bem, ele deve agradecer a mim por esse charme.

– Sempre foi -ele deu de ombros

O homem deu uma risadinha ao se sentar ao meu lado passando o braço pelo encosto da minha cadeira.

– O que você quer? -perguntei em tom firme.

– Não posso querer uma conversa casual com uma velha amiga? -ele perguntou de volta

– Gente como nós não tem amigos. -rebati em tom cortante.

– Agora anda repetindo essa merda? -Ragnar franziu o cenho em desgosto

– Goste ou você não, é a verdade.

– Vindo da mulher que sempre questionou "a verdade" é dificil de acreditar.

– As coisas mudam -disse firme, agora observando a movimentação do lugar.

Pessoas demais olhavam para nós tentando disfarçar.

– Estão olhando para você -Ragnar cantarolou

– Estão olhando para essa porra de insígnia que você carrega no peito como um idiota -rebati arrancando a insígnia do clã de sua blusa e a jogando no chão.

– Qual é, ela é bonitinha -ele disse me fazendo bufar e abaixou para pega-la outra vez.

– Diga logo o que você quer -disse ja irritada.

Irritação. Pelo menos sentia algo além de culpa.

– Certo -Ragnar bufou – Preciso de ajuda para desovar um corpo.

Corte de chamas e pesadelosМесто, где живут истории. Откройте их для себя