Capitulo 145

1.8K 301 179
                                    

Feyre

Os soldados de Keir começaram a cair rapidamente, como sombras que se extinguiam. A linha de frente cedia.
Mor observava com o rosto petrificado, ninguém tinha dúvidas de que esperava a queda do pai, uma adição à crescente pilha de mortos. Mesmo quando Keir conseguiu reunir os Precursores, recompor aquela linha de frente, somente depois que Cassian rugiu que a refizesse.

E do outro lado do campo... Rhys e Tarquin estavam tão exaustos que de fato combatiam os soldados espada a espada. E nenhum sinal do rei ou de Jurian ou de Tamlin.

Mor saltava de um pé para outro, me olhando de vez em quando. O derramamento de sangue, a brutalidade - aquilo a atraía. Estar ali comigo... não era onde queria estar.
Mas aquilo... aquela correria atrás de exércitos, a luta pela vantagem...

Aquilo não seria a solução. Não por muito tempo.

Kendra observava em silêncio, aquela quietude mortal tomava conta de seu corpo e sua atenção completa estava no campo de batalha. Os olhos saltavam de um lado ao outro do campo de batalha, nada fugia de seus olhos treinados e percepção sobrenatural.

Eu não duvidava de que minha irmã entrava na mente de alguns soldados do nosso lado, lhes dando ordens, então o soldado o qual ela encarava seguia exatamente as palavras que ela sussurrava ao meu lado.

Mas aquele controle mental não parava apenas nos nossos soldados, ia muito além das nossas linhas.
Mesmo que sequer tivesse pisado no campo, Kendra matava soldados hybernianos mente-a-mente.
Chegava a ser assustador a forma com que dezenas deles simplesmente caiam mortos sem sequer serem tocados, ou se empalavam com a própria espada, até mesmo quebravam os próprios pescoços.

Eu sabia que, ao contrário de Mor, sua ordem não era ficar ali comigo e sim, esperar, vigiar e então retaliar quando chegasse a hora.

E aquilo não demorou para chegar.

Os céus se abriram, e a batalha se tornou um deflagrado massacre lamacento. Sifões brilhavam, soldados morriam. Hybern empunhava a própria magia sobre nossas forças, flechas com veneno feérico finalmente faziam sua aparição, assim como nuvens da substância que, ainda bem, não perduravam na chuva. E não nos afetavam – nem um pouco – com o antídoto de Nuan em nosso corpo; apenas aquelas flechas, habilidosamente evitadas com escudos ou com a simples destruição das pontas, a pedra venenosa caindo inofensivamente do céu.

Ainda assim, Cassian, Azriel e Rhys continuaram lutando, continuaram matando. Tarquin e Varian mantiveram suas posições – dispersando os soldados para ajudar a fileira de Keir, que mais uma vez sucumbia. Tarde demais.

De longe, em meio à chuva, podíamos ver perfeitamente conforme a linha escura dos soldados de Keir sucumbia ao massacre da cavalaria de Hybern.

– Merda - sussurrou Mor, segurando meu braço com força o suficiente para ferir. Chuva morna de verão ensopou nossas roupas, nossos cabelos. – Merda.

Como uma represa rompida, os soldados de Hybern invadiram, partindo a força de Keir ao meio. Os gritos de Cassian eram audíveis mesmo do alto da colina. Depois, o general estava voando, desviando de flechas e lanças, os Sifões tão apagados que mal o protegiam. Eu podia jurar que Rhys gritou alguma ordem para ele – que Cassian ignorou quando aterrissou no meio, no meio daquelas forças inimigas em nossas linhas, e atacou.

Nestha inspirou profundamente, com um arquejo alto.

Mais e mais – Hybern nos dispersava para longe. O poder de Rhys se chocou contra o flanco da horda, tentando empurrá-la para trás. Mas ele estava drenado, exausto da noite passada. Dezenas caíram sob o açoite daquelas sombras, em vez de centenas.

Corte de chamas e pesadelosWhere stories live. Discover now