Capitulo 134

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Ninguém emitiu sequer um som.

Um tremor de magia percorreu a sala conforme escudo após escudo se formou em torno de cada Grão-Senhor e de sua delegação. Aquele que Rhysand subira em volta de todos nós, agora reforçado.

Ódio envolvia a essência do escudo. Ira e ódio.

Feyre parecia com medo, ela ainda tinha medo daquele homem, conhecia demais seus humores e seu temperamento, ja fora exposta demais áquilo.

Mantive a mesma expressão imperturbada que carregava antes, mesmo que Azriel tivesse evitando tocar mesmo que em meu joelho.

Thesan se levantou, e seu capitão permaneceu sentado ao lado do Grão-Senhor, apesar de manter a mão na espada.

– Não estávamos esperando você, Tamlin. -Thesan indicou os criados retraídos com a mão fina. – Peguem uma cadeira para o Grão-Senhor.

Tamlin não desviou o olhar de Feyre, de Rhys. Seu sorriso ficou completamente controlado, porém conseguiu ficar de alguma forma, mais irritante.

– Admito, Tamlin ‐ falou Beron –, que estou surpreso por vê-lo aqui. ‐ Tamlin não tirou a concentração de minha irmã  De cada fôlego que tomava. — De acordo com os boatos, sua lealdade agora está em outro lugar.

As palavras de Beron estavam envoltas de veneno e acusasão quase que inteiramente explicitas. Carrego mais dele que um rosto, que poder, sei disso tanto quanto sei que me pareço com minha mãe, e talvez toda essa semelhança me assuste um pouco.

Os criados puxaram uma cadeira; dispondo-a entre um dos filhos de Beron e o grupo de Helion.

Os músculos de minhas costas se tencionaram devido a proximidade de Tamlin com meu parceiro, não deixei aquilo transparecer mas de qualquer forma não pude evitar desviar o olhar para Helion.

Meu parceiro encontrou meu olhar, notou a preocupação atrás da máscara sólida que eu estampava, e deu um leve e quase imperceptível aceno com queixo, como se confirmasse que estava tudo bem.

Estava, e eu mataria Tamlin num piscar de olhos se ele sequer tentasse encostar em um único fio de cabelo de Helion.

Então desviamos o olhar outra vez e ele gesticulou com a mão coberta de cicatrizes.

— Vamos prosseguir, então.

Thesan pigarreou. Ninguém olhou em sua direção. Não quando Tamlin observava a mão que Rhys apoiara no joelho de minha irmã. O ódio nos olhos de Tamlin praticamente fervilhou.

– Parece que devo minhas felicitações.

As palavras soaram inexpressivas, mas afiadas como garras, as quais estavam escondidas sob a pele.

Ninguém respondeu. Rhys apenas encarava Tamlin. Mantinha-se ali com o rosto gélido, mas ódio absoluto se acumulava por baixo, assim como no meu, assim como no de meus amigos. Mas Rhys apenas se dirigiu a Thesan, que ocupara o assento de novo, mas parecia longe de se sentir confortável.

– Podemos discutir o assunto em pauta depois.

– Não parem por minha causa - falou Tamlin, tranquilamente.

A luz nos olhos de Rhys se extinguiu mas ele se recostou no assento, retirando a mão do joelho de Feyre para traçar círculos preguiçosos no braço de madeira da cadeira.

– Não tenho hábito de discutir nossos planos com inimigos.

Helion, do outro lado do espelho d’água, sorriu feito um leão.

– Não - respondeu Tamlin, com igual simplicidade. – Apenas o hábito de trepar com eles.

Cassian, Azriel e Mor estavam parados como a morte — a fúria emanava deles em ondas silenciosas. Mas, se Tamlin reparou ou se importou com o fato de que três das pessoas mais letais do cômodo no momento contemplavam sua morte, não deixou claro.

Corte de chamas e pesadelosWhere stories live. Discover now