Corte de chamas e pesadelos

Capitulo 43

– Amren está certa -disse Rhys apoiando-se contra o portal da sala de estar –Vocês são como cães esperando que eu venha para casa, talvez devesse comprar guloseimas.

Tentei conter a risada quando Cassian fez um gesto vulgar para Rhys de onde deitava no sofá, diante da lareira, com um braço jogado no encosto, atrás de Mor, Azriel permanecia ao meu lado à janela, parcialmente oculto e confortável entre as sombras, neve suave caía sobre a rua atrás de nós.

– Como foi? ‐perguntou Mor se endireitando ao lado de Cassian.

– O Entalhador de Ossos é um fofoqueiro enxerido que gosta de se meter demais nos negócios dos outros. -disse Rhys

– Mas? - indagou Cassian, apoiando os braços nos joelhos com as asas recolhidas as costas.

– Mas -continuou Rhysand –também pode ser útil, quando escolhe ser. E parece que precisamos começar a fazer o que fazemos melhor.

Então, Rhys contou a eles sobre o Caldeirão e o motivo por trás dos saques aos templos, recebendo em reposta não poucos xingamentos e perguntas. Azriel saiu das sombras
espiraladas para perguntar mais coisas; o rosto e a voz pareciam indecifráveis.

Cassian, surpreendentemente, se manteve calado enquanto Rhys respondia os questionamentos de Azriel, como se o illyriano entendesse que o Az saberia que informação era necessária e estivesse ocupado avaliando-a para as próprias forças.

– Vou contatar minhas fontes na Corte Estival a respeito de onde a metade do
Livro dos Sopros está escondida. Posso voar até o mundo humano sozinho para descobrir onde estão guardando a parte deles do Livro antes de pedirmos. -disse Azriel quanto Rhys terminou

– Não precisa ‐disse Rhys -E não confie essa informação, nem a suas fontes, nem a qualquer um fora desta sala. Exceto por Amren.

– Elas podem ser confiadas -Az argumentou ao meu lado com determinação silenciosa, as mãos cobertas de cicatrizes se fechando nos próprios flancos.

– Não vamos correr riscos no que diz respeito a isso –respondeu Rhys,
simplesmente.

Rhys encarou Azriel por alguns segundos como se confirmando que as precauções não eram em relação a ele e sim qualquer outro de fora mas Azriel não exibiu um pingo de emoção quando assentiu, abrindo as mãos.

– Então, qual é o plano? ‐interrompeu Mor, talvez pelo bem de Az e Rhys limpou um pedaço invisível de terra do traje de couro. Quando ergueu a cabeça, os olhos violeta pareciam glaciais.

– O rei de Hybern saqueou um de nossos templos para conseguir um pedaço do Caldeirão. Até onde sei, trata-se de um ato de guerra, uma indicação de que Sua Majestade não tem interesse em me cortejar.

– Ele provavelmente se lembra de sua lealdade aos humanos na Guerra ‐ponderou Cassian –De qualquer modo, não arriscaria revelar os planos enquanto tenta fazê-lo mudar de lado e aposto que alguns dos seguidores de Amarantha contaram a ele sobre Sob a Montanha, quero dizer, sobre como tudo acabou – Cassian engoliu em seco

-De fato. Mas isso significa que as forças de Hybern já se infiltraram com sucesso em nossas terras, sem ser detectadas. Planejo devolver o favor ‐disse Rhys.

Cassian, Mor e eu apenas sorriamos com um prazer selvagem, eu ja quase podia sentir o sangue do Rei nas mãos

– Como? -perguntou Mor.

Rhys cruzou os braços.

– Vai requerer planejamento cuidadoso. Mas, se o Caldeirão estiver em Hybern, então, para Hybern devemos ir. Ou para tomá-lo de volta... ou para usar o Livro e neutralizá-lo.