Capitulo 136

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Beron mal se protegeu rápido o bastante para bloquear Feyre, mas o ricochete das chamas cingiu o braço de Eris... atravessou o tecido.

Atravessei até lá a tempo de proteger a mãe de Lucien de ser atingida também, me colocando entre ela e as chamas.

Seus ombros eram magros demais para alguém saudável mas não esbocei qualquer reação ao atravessar com a fêmea até um canto do cômodo, afim de tira-la do fogo cruzado.

- Foi ferida? -perguntei a ela, ainda segurando seus ombros.

Atrás de nós, o caos corria solto, todos tinham se levantado a fim de tirar a si próprio do conflito e Feyre lançou uma onda de água do espelho para envolver Beron e sua cadeira. Uma bolha sem ar. Chamas se chocaram contra ela, transformando água em vapor mas ela pressionou mais.

- As chamas atingiram você -ela disse num sussurro, como se tivesse medo de ser ouvida.

Não por mim, percebi, mas por ele. Ela cheirava a medo, mesmo antes do ataque, sequer olhava para qualquer um além de Eris, sequer disse qualquer palavra desde que chegou.

- Elas não me fazem mal -garanti a fêmea que piscou em surpresa -Você foi ferida? -repeti a ela

A senhora da outonal negou com a cabeça. Não estava ferida.

Voltei minha atenção para oque acontecia tão próximo a nós, ao mesmo tempo que a mão da fêmea segurou meu braço, com o aperto surpreendentemente firme para alguém que carregava uma magreza visivelmente não saudável, mas ainda assim, comprovando minha teoria de que havia algo errado com ela, suas mãos eram frias demais para uma portadora do fogo, frias demais mesmo para alguém que não possuia poder como o nosso.

- Obrigada. -ela disse ainda mais baixo que antes.

Assenti com o queixo e segurei seu antebraço em resposta, indicando que estaria ali por ela.

Meu antebraço latejava por seus dedos terem segurado exatamente nos dois cortes mais profundos dali, que ainda não tinham se curado. Mas eu não a soltei, nem puxei o braço. Ela também não soltou.

Me virei outra vez para oque acontecia ali atrás, ainda sem soltar a mão da moça. Ela sequer tinha sido apresentada por Beron, seu nome sequer havia sido pronunciado.

Antes de reconhecer oque Feyre estava fazendo, meu olhar encontrou Helion que observava a mim, e a fêmea se agarrava a meu braço.

O olhar dela também o encontrou. Havia algo ali. Esperança. Ela nutria alguma esperança voltada a Helion, como se esperasse que ele a tirasse de onde estava, que ele a salvasse. Mas, havia algo a mais no olhar dela, algo que fez meu estômago revirar.

Desviei minha atenção para Helion, para confirmar que oque eu via não era merda da minha cabeça, e ali estava. O carinho. Não tão forte como oque ela nutria por ele, mas ainda estava ali.

Helion e a senhora da outonal tiveram algo muito além de contato oficial. Talvez tivessem sido até mais que simples amantes. Talvez meu pai tenha descoberto e seja esse o motivo da richa antiga entre eles. Talvez ainda fossem amantes as escondidas. Talvez tivessem parado quando meu pai descobriu.

Tenho certeza de que deixei minha máscara de frieza cair quando Helion voltou sua atenção para mim, mas graças a mãe ninguém além dele tinha feito o mesmo, estavam todos entretidos demais com Feyre para notar meu rosto perder a cor, para notar que eu perdia o chão.

Foi dificil não tremer. Helion notou, e a expressão que imagino estar estampada em meu rosto agora era espelhada pelo dele. Ele sabia que eu tinha ligado todos os pontos, que eu havia descoberto pelo menos parte de seu envolvimento com a mulher que me segurava.

Corte de chamas e pesadelosOnde histórias criam vida. Descubra agora