Capitulo 156

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O som das chamas consumindo os barcos, o clamor dos soldados estava por toda a parte. E os gritos dos nossos feridos. Era possível ouvir o som da dor e do desespero se espalhar por toda a parte. O cheiro... aquilo talvez fosse a pior parte. O cheiro após a batalha.

Mas havia acabado. Mesmo com tudo, estava acabado. E então ouvimos um grito cortante de espalhar pelo campo, e então outro e outro. Não um grito de dor fisica. Um grito de desespero que vinha da alma, e adentrava a nossa. O grito de Feyre.

Helion olhou para mim, os olhos arregalados. Com medo, e também com pena, não de mim mas de minha irmã. Então eu soube exatamente oque tinha acontecido. Reconheci a dor e o desespero daquele grito. Reconheci porque ja havia sentido o mesmo.

Atravessei até lá com Helion em meu encalço. Torcendo para que estivesse errada. Mas quando terminei a travessia. Ali estava, meu amigo estirado no chão. Meu amigo, meu irmão e cunhado. O parceiro de minha irmã. E então ela, ajoelhada ao lado dele. Chorando, gritando, pedindo, implorando. Aquele grito estridente e doloroso que penetrava o peito.

Então, Mor apareceu. E Azriel depois dela, cambaleando, com um braço em volta de Cassian, os dois igualmente ensanguentados e de pé apenas por causa das ataduras azuis de trama de Sifão por todo o corpo. Pelo corpo de ambos.

Eu não sabia oque fazer, meus pés pareciam estar presos ao chão. E Feyre, ela estava em pânico, mal conseguia respirar. Eu conhecia aquela sensação, conhecia tanto que não conseguia ajudar. Mor tentou puxa-la para longe de Rhysand, mas minha irmã soltou um som que era algo entre um grunhido ou mais um grito, e Mor a largou. Pude ver em seus olhos, a dor de perder Rhys, mas por Feyre ela se manteve forte.

Thesan também estava ali, e quase foi atacado por Feyre quando aproximou para tocar Rhys.

— Ele está vendo se algo pode ser feito — disse Mor, a voz rouca.

Então ela avançou de novo, não para ataca-lo, mas para implorar, suplicar... Thesan sacudiu a cabeça. Para Feyre. Para Mor. Para o restante de nós. Nada poderia ser feito. E o pânico tomou conta de Feyre outra vez.

Me virei de costas para aquilo, trombando com Helion que me segurou contra ele. Seu coração disparado quando me segurou contra seu peito, com tanto medo daquilo quanto eu, percebi. Ele me segurou com tanta força como fiz com ele, apavorado com a possibilidade daquilo acontecer.

Era um sentimento egoísta. Eu sabia. Helion sabia. Mas não consegui evitar. Muito menos consegui solta-lo quando continuava a ouvir e sentir o desespero de Feyre.

— Ele... - disse Helion, a voz rouca, arrasada, e então sacudiu a cabeça, fechando os olhos. — É claro que fez -afirmou meu parceiro mais para si mesmo que para qualquer outro, entendendo a situação, entendendo oque Rhys dera para reparar o caldeirão.

Também era difícil para ele. Para todos nós. Não tanto quanto era para Feyre, é obvio. Mas ainda assim era difícil.

— Por favor -ela implorou, eu não tinha certeza de com quem ela estava falando, talvez nem ela mesma tivesse.

— Sinto muito. -pude ouvir Tarquin dizer a ela de forma gentil.

— Tragam-no de volta -ela grunhiu. — TRAGAM-NO DE VOLTA -gritou.

Me virei outra vez para o restante da sala. Engolindo tudo oque sentia, porque parecia errado ficar de costas para Feyre.

— Vocês fizeram isso por mim -ela falou, respirando com dificuldade. — Agora, façam por ele.

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⏰ Last updated: Dec 24, 2023 ⏰

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Corte de chamas e pesadelosWhere stories live. Discover now