A perseguição

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        O pé de Blair estava enterrado fundo no acelerador e, quanto mais rápido ela ia, mais rápido o seu coração batia, ressoando em seus ouvidos. Ela precisou dividir a atenção com o Bowser, que estava na ligação; com a estrada, cuja iluminação diminuíra drasticamente devido ao cair da noite; e com o retrovisor interno, para o qual ela vez ou outra olhava a fim de se certificar do quanto de vantagem ainda tinha a frente dos três veículos atrás de si. Não muita, se quer saber. Uma das BMW's estava em sua cola.

       A perseguição em alta velocidade seguiu por muito tempo, uma longa distância, e o Volt costurava os carros na avenida para fugir da emboscada iminente. Blair parecia uma louca ao volante e, honestamente, que bom que o era daquela vez. Sua pouca cautela ao dirigir, para a ocasião, foi uma habilidade extremamente desejada e necessária. Mas havia um problema: seu descuido desmedido poderia causar um acidente drástico. Que Deus a ajudasse! Ela, por outro lado, estava pouco se lixando para a multa que levaria ou para os danos do carro, caso batesse em algum lugar, seu único objetivo era escapar daquela merda toda e despistar John Stevens enquanto April e Sterling seguiam com o plano. Se sairia viva de lá ou não, aí já era outra história.

        Bowser estava desesperadamente preocupado do outro lado da linha conforme ouvia tudo se desenrolar, novamente o sentimento paterno se aflorou dentro de si e ele largou tudo o que estava fazendo no momento para ir atrás dela o mais depressa possível. Eles marcaram um ponto de encontro. Havia um galpão velho e antigo que ele conhecia no caminho para o qual ela estava indo que serviria como um esconderijo para ambos... Pelo menos por um tempo. Ela estava indo para lá. Só que primeiro tinha de dar um perdido naqueles carros, que não facilitavam a vida dela em nenhum instante.

       Blair contou ao homem todo o seu plano, contou — mesmo que superficialmente por causa da situação em que estava inserida — o que descobriram e tudo o que ele precisava saber para agir. Disse a ele que deixou Sterling e April seguirem por conta própria e que estava naquela insanidade de fuga sozinha, qual foi o aumento do desespero dele ao saber sobre esse fato. Bowser sabia que a morena poderia ser doida, mas não sabia que ela poderia ser doida a tal ponto de arriscar a própria vida em prol de alguma coisa. De certa forma, ele se sentiu culpado por ter dado tanto combustível às gêmeas, especialmente a ela, e deixado-a mergulhar tão fundo no mundo da espionagem sem a devida supervisão, mas tinha de reconhecer que as irmãs tinham feito um excelente trabalho em conjunto como caçadoras e que, se não fosse pela impulsividade e curiosidade de ambas, eles não teriam chegado tão longe. O problema era que agora a responsabilidade estava TODA sobre as costas de três adolescentes de dezesseis anos, que não sabiam ainda nem o que seriam da vida dali a cinco anos.

        Como orientado, ele ligou imediatamente para o Terrance e convocou não só ele, mas toda a sua equipe para ajudar o Alex no Alabama, e deu ao Caçador Youtuber o número do jovem Stevens para que eles se comunicassem melhor. Até ali, o plano estava seguindo de acordo com o planejado, apesar de eles não saberem nem onde nem como Sterl e April estavam, tampouco se elas tinham conseguido ir de fato atrás da mochila. Que Deus quisesse que sim! Não as contatou, especialmente por não saber se era seguro o fazer ou não. E se o celular de Sterling estivesse grampeado? Não dava para arriscar isso.

        Só que o que Blair ainda não sabia era que John Stevens não estava em nenhum daqueles veículos, eram apenas homens subordinados ao empresário com sangue nos olhos e nenhum medo de morrer. Querendo ou não, tinham algo em comum com a adolescente, que não aliviou em momento algum para eles. Pelo contrário, o velocímetro estava quase estourando devido a velocidade desenfreada.

        John iria fugir, um avião já estava em prontidão a sua espera, apenas no aguardo de ser acionado. Se tudo desse errado, ele fugiria, por isso mandou seus capangas fazerem o trabalho por si: acabar com as gêmeas e trazer sua filha de volta. Não poderia levar April consigo porque ele sabia bem que, se ela soubesse de todo o seu histórico, o que provavelmente já tinha acontecido, ela o denunciaria na primeira oportunidade, independentemente se era seu pai ou não. Neste quesito, April era justa até demais. Então seu plano era mantê-la viva para depois mandá-la para um convento num outro país, onde os argumentos dela contra sua honra como cidadão e homem seriam imediatamente reprovados e descartados.

Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)On viuen les histories. Descobreix ara