Desculpa

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              Por mais que as coisas estivessem ruins, Sterling se despediu dignamente de Alicia, em vez de saltar do carro às pressas e correr para a casa. De que adiantaria, afinal? Teria o mesmo castigo, no fim das contas. Portanto, depois de respirar fundo, o coração na boca, depositou um selinho demorado nos lábios da outra e colou a sua testa a dela por um instante.

— Se eles me mandarem para um internato na Inglaterra ou se me prenderem para sempre na torre do meu castelo de princesa e eu nunca mais conseguir falar com você, saiba que eu gostei muito de hoje. — confessou ela, com um sorriso genuíno e divertido, embora pequeno. — E desculpa por toda essa bagunça.

— Não se preocupa com isso, não. Está tudo bem. — disse, segurando o rosto de Sterling com ambas as mãos. — Sério. Mas deveria ter me dito que estava de castigo, porque dava para a gente marcar para outro dia sem problema nenhum e você não precisaria sair escondida de ninguém.

                As duas riram um pouco.

— Minha mãe vai me matar. — a menina resmungou baixo, tomando certa distância. — Eu nunca fiz nada assim antes.

— Quer que eu entre com você lá? — Alicia sugeriu. — Talvez ela queira saber com quem você esteve. Posso dizer algo convincente, nada comprometedor, juro.

— Tipo o quê, exatamente?

— Bom, não pensei ainda. — coçou a testa. — Mas a ideia vai surgir no momento, tenho certeza.

                 Sterling sorriu para ela.

— Não precisa, não. — disse com sinceridade. — A única coisa que eu posso fazer agora é aceitar as consequências dos meus atos, seja ele qual for.

— Bastante maduro da sua parte dizer isso.

— É tudo maquiagem. — contou, apontando para o próprio rosto. — Por dentro, estou surtando mais do que nunca e só quero fugir.

                Mas ela não fugiu, é claro. Nem da situação nem do abraço acolhedor que Alicia lhe deu antes de ela sair do carro e seguir em direção à casa. O fez a passos curtos e arrastados, importante mencionar, como se houvesse uma força que a puxasse para trás, impedindo-a de encarar a verdade de frente, mas ela sabia em seu íntimo que não havia outra alternativa que não fosse aquela. Então, seguiu adiante.

                Quando a mão de Sterling tocou a maçaneta e a girou, seu coração disparou, qual tivesse acabado de levar um susto. Controlou a respiração para não sofrer por antecedência e, enfim, adentrou de vez. Entretanto, depois de percorrer alguns metros, estacou no lugar ao se deparar com os pais a sua espera na sala de estar junto a Blair.

— Olá! — ela os saudou com um sorriso amarelo e um aceno de mão contido.

— Senta, Sterling. — disse Anderson numa orientação, apontando o lugar defronte a si na poltrona com o queixo. Não parecia bravo, mas seu tom de voz era firme.

— Pai, eu-

— O que foi que deu em você? — interveio Debbie abruptamente, e havia decepção em sua fala. Não parecia reconhecer a jovem menina. — Que atitudes deploráveis são essas que você vem demonstrando? Não foi assim que a ensinamos!

— Eu-

— Fugir de casa, Sterling? — continuou ela, completamente descrente, e balançou a cabeça em negação. — Você parou para pensar por um instante no quão preocupados ficaríamos quando soubessemos ou você simplesmente achou que fosse inteligente demais para nunca descobrirmos?

— Desculpa, mãe. — ressentida, baixou a cabeça, pois era a única coisa que poderia fazer.

— Desculpa não é o bastante! — disse de volta. — E se acontecesse algo com você? E se você fosse sequestrada de novo? E se você sofresse um acidente? Ficou louca, foi!? — exaltou-se, mas o tom de voz se manteve constante. — Como é que saberíamos de você, se nem com celular você estava? E que droga de amiga é essa com quem você saiu que nunca vimos???

Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)Where stories live. Discover now