Precisamos conversar

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            Sterling realmente evitou qualquer contato com April durante toda aquela manhã, o próprio diabo fugindo da cruz. Na reunião da Irmandade, por exemplo, foi a última a chegar e a primeira a sair. Não interagiu em momento algum e respondeu aos questionamentos apenas com um aceno de cabeça, negativo ou positivo. Nos intervalos das aulas, escondeu-se na biblioteca da Escola, último lugar onde a Stevens pensaria em procurá-la, pois a garota sabia bem que ela não gostava muito de ler.

            A Wesley tinha ciência de que não deveria estar agindo daquela maneira. Sim, ela não era tola, apesar de estar agindo como uma. Sabia que estava sendo uma verdadeira idiota, mas ser uma idiota completa era mais fácil do que tomar uma atitude. Deixar o jogo limpo ainda não era uma opção, obrigada. A zona de conforto apontava para o caminho mais aconchegante, mesmo que ele não fizesse nem um pouco bem ao seu coração ou a sua saúde mental.

            Faltou-lhe coragem para dar um passo adiante, porque temia magoar April ao contar a verdade, só que o que ela não estava considerando era que já estava a magoando simplesmente por não fazer nada, por ficar parada feito uma estátua no meio do caminho.

           Em sua cabeça, quando montou todo o script do que falaria, pareceu tão mais fácil. Pareceu tão mais simples. Todavia, o problema não estava necessariamente nas falas, mas nas pessoas em si, que eram extremamente complicadas. Ela própria se reconhecia neste contexto. Essa angústia inquietante teria até acabado se tivesse feito o que deveria fazer na hora em que deveria fazer, porém optou por postergar mais um tempinho. Droga, Sterling!

           Não estava sendo justo com absolutamente ninguém e ela bem sabia.

           Bufou, frustrada, ao prender o cinto de segurança em si. Blair fizera o mesmo antes de girar a chave na ignição e afundar o pé no acelerador. O carro saiu voado do estacionamento e cantou pneu na primeira curva. No meio tempo, a mais velha ligou o rádio, colocando uma música para tocar no último volume. Smells Like Teen Spirit, do Nirvana. E ela fez questão de berrar a letra a plenos pulmões, batucando o volante qual uma bateria e imitando, alternativamente, o som da guitarra com a boca. Sterling, por sua vez, cruzou os braços, a fisionomia soturna, enquanto olhava para a paisagem que passava feito um vulto por sua janela.

         As gêmeas não estavam se falando.

— Sério, você está agindo feito uma imbecil.

         Sterling estava prestes a sair da biblioteca quando Blair surgiu feito uma assombração bem a sua frente. Levou um susto com a aparição repentina e sua mão foi automaticamente direcionada ao seu coração. Seria até cômico, se em outra ocasião, mas nenhuma das duas riu do fato. Depois que a porta se fechou por detrás de si, a mais velha cruzou os braços e ficou plantada no meio da entrada.

— O que é que você está fazendo aqui, Blair?

— É, no mínimo, decepcionante presenciar isso, sinceramente. April não merece o que você está fazendo. — sua voz era controlada, mas o sentimento negativo se fez presente.

— Não sei do que você está falando. Sterling se fez de desentendida e tentou achar uma brecha para escapar daquela pressão. Tentou se desvencilhar, passando pela lateral esquerda de Blair, mas fora impedida.

— Fugir dos problemas não vai te ajudar em absolutamente nada.

— Poderia sair da minha frente?

— Não. sua negação foi veemente, a firmeza de sua voz era palpável. — Eu não sei qual é a tua, Sterling. O que é que está acontecendo com você, afinal????

Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora