Alohomora

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         O coração, na boca. As mãos, trêmulas. Ainda nem sabia como estava conseguindo segurar o celular preso à orelha, o choque fora grande. Definitivamente não estava esperando por aquela ligação nem em um milhão de anos, não quando já não tinha notícias da mulher há quase duas semanas. A voz do outro lado da linha era praticamente um sussurro, uma fala arrastada e baixa, como se estivesse lhe contando um segredo de Estado. Entretanto, Sterling logo percebeu que não se tratava de segredo nenhum, e sim de algo mais sério: Margaret provavelmente estava escondida em algum lugar e, para não chamar a atenção dos que estavam em volta, teve de limitar o seu tom de voz normal.

        Quando a onda do primeiro impacto desaguou na areia de seu entendimento a respeito do que estava acontecendo e em que cenário estava inserida, imediatamente arrancou o aparelho da escuta e o colocou no viva-voz para que Blair também pudesse ouvir.

        Depois do almoço na casa dos Stevens e da revelação, Bowser, assim que avisado, foi até o asilo para ver se a senhora ainda estava por lá. O porém foi que não quiseram lhe dar tal informação, nem a Terrance, apesar de todo o seu charme e fama. Sim, Margaret ainda estava lá naquele dia, eles descobriram por meio de um informante, e fora isolada dos demais de repente. Ninguém sabia explicar o porquê. As gêmeas, todavia, sabiam. Ficou bem claro para elas o que tinha acontecido: a droga da ligação de John. Ele agira mais rápido, como sempre. Desgraçado! E, no sábado seguinte, quando Sterling voltou ao asilo, Margaret já não estava mais por lá, fora transferida para sabe-se Deus onde. A desculpa que lhe deram para justificar o sumiço e quem ordenou o translado foi a mais estúpida do universo. Falaram, falaram e, no fim, não falaram merda nenhuma. Desde então, não souberam mais dela.

       O único temor que os acometeu desde àquele dia foi a ideia de John fazer algum mal à própria mãe. Não duvidavam de que ele fosse capaz de qualquer coisa, qualquer coisa para se manter ileso. A ligação inesperada de Margaret, porém, mudou tudo.

— A s-senhora... A senhora tá bem? — quis saber Sterling, preocupada.

        Blair e ela foram caminhando até o carro a fim de estabelecer a privacidade da conversa.

— Mais ou menos. — confessou. — Eu me sinto lenta, como se o mundo estivesse girando vagarosamente. Deve ser a porcaria daquele remédio que eles me dão aqui a cada oito horas.

          Oh, meu Deus!

         Remédios?? Que remédios?? Drogas?? Será que eram drogas para mantê-la dopada a maior parte do tempo ou só eram efeitos colaterais de algum medicamento necessário?? Merda! Sentiu-se apavorar, mas precisava manter a calma. Precisava pensar direito. Respira. Iria perguntar, sim, qual era o remédio que ela estava tomando, porém tinha plena noção de que havia coisas mais importantes para priorizar no momento.

— Onde é que a senhora está???

           Um silêncio longo.

— Para ser sincera, querida, não sei. É uma casa bem grande, rodeada por um monte de árvores altas. Isolada de tudo. Jonathan não quis me dizer o porquê de ter me trago para cá. Disse que seria até tudo se acertar. Eu não tenho mais idade para essas brincadeiras! — um suspiro pesarosamente longo e irritado fora ouvido. — Tem uns seis homens que se revezam entre si para cuidar da segurança da casa. Não gosto disso.

        As gêmeas imediatamente se entreolharam com o comentário, intrigadas demais, pasmas demais, e fizeram uma nota mental sobre aquelas informações.

— Como a senhora, uh, como a senhora conseguiu o meu número???

— Sterling, pelo amor de Deus, isso não é importante! — murmurou Blair para a irmã, impaciente, repreendendo-a.

Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)Where stories live. Discover now