Casa na árvore

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        Se April tivesse dito desde o começo qual era o segredo, o caminho teria se encurtado em algumas horas. Mas... tudo bem, ela estava no direito de tirar a prova real por conta própria, quis ver para crer, e a resposta desceu amarga por sua garganta qual imaginara. E agora tinham um destino certo a seguir. Seu corpo tremia de nervosismo, ansiedade, porém a andrenalina que percorria por suas veias não a deixara sucumbir. Energizou-se com as informações e quis logo colocar o plano em ação, fosse ele qual fosse.

       John Stevens.

       O capitão da família perfeita era o pior de todos e April mais uma vez teve o desprazer de passar pela mesma sensação. Na verdade, não. Igualar o sentimento nas diferentes situações soava incongruente, porque agora o problema era extremamente mais grave. Decepção não chegava nem aos pés do que sentia. Sentia nojo. E começara a entender o porquê de Alex o repudiar tanto. Ponderou por um instante se o irmão sabia sobre toda aquela rede de mentiras desde o começo. Dado os fatos e as circunstâncias, provavelmente sabia, visto o tamanho rancor que ele carregava consigo mesclado à raiva no olhar toda vez que tinha de falar do pai. Era como se nem mesmo compartilhassem o mesmo sangue. Mas, mesmo que Alex soubesse, April não poderia julgá-lo, porque o garoto tinha ciência de que ela não acreditaria tão facilmente no que dissesse contra o homem. Ela não acreditou tão facilmente, embora todas as provas estivessem escancaradas bem na sua cara. April relutou e guerreou até o último instante, esperançosa de quebrar os argumentos das gêmeas para mostrar que tinham se equivocado, mas agora não tinha mais volta, porque John conseguiu destruir definitivamente a coisa mais preciosa que ela tinha por ele: a confiança.

       Seguiam em direção à casa do lago.

      Os ânimos dentro daquele carro estavam aflorados.

       Um helicóptero. Teriam de arranjar um helicóptero para irem ao Alabama e não poderia ser o de John, é claro. Seriam muito negligentes se deixassem pistas ou evidências que as denunciassem facilmente. Além disso, era bem provável que o sr. Stevens estivesse usando a aeronave particular que a família tinha.

— E de um piloto. — Sterling mencionou. E fazia sentido, né, até porque quem é que colocaria o aeromóvel no ar?

— Alex pilota. — disse April, como se a ideia tivesse lhe surgido de repente. — Quer dizer, ele se arriscou algumas vezes. Tirar do solo ele sabe, ao menos.

       Alex é bem mais interessante do que aparenta, pensou Blair com certa admiração, e recordou-se da conversa que tiveram sobre fazerem uma boa equipe, especialmente na época da Escola em se tratando de pregar peças em professores chatos ou matar aula para irem ao melhor clube do livro de Atlanta. Eles tinham muitas coisas em comum, por isso se davam tão bem, porém as circunstâncias da vida os afastaram... Para agora uni-los de novo, dessa vez em uma missão muito mais divertida: colocar John Stevens na cadeia. E poderia ser cômico se não fosse tão trágico. Ele ainda não era um aliado seu, visto a pouca fé que ela tinha nos Stevens, mas se a própria April estava ao lado das gêmeas agora, quem seria o Alex para não se juntar também?

         E ele se juntaria, querendo ou não. Argumentos que fossem contra àquela decisão estavam fora de questão, April conseguiu esgotar todos. De qualquer forma, Blair acreditava que ele não recusaria a oferta nem tampouco pensaria duas vezes antes de concordar. Desde que ele lhe contara de suas suspeitas das movimentações criminosas na boate de John e desde que se ofereceu para ajudá-la, tê-lo na equipe pareceu uma boa jogada de mestre, embora ela tenha relutado. E esta jogada se confirmou perfeita na hora certa: a necessidade de adicioná-lo como membro. Interessante como as coisas poderiam ser, não?

       (...)

        A viagem até a casa do lago fora longa e as três sabiam que tinham de dar explicações para seus respectivos pais sobre a demora. April ligou para a mãe avisando que estudaria na casa de uma amiga e só voltaria à noite, provavelmente. Como Krista estava ocupada com seus próprios assuntos e com sua vida agitada, nem se deu ao trabalho de perguntar muito sobre quem era a tal amiga e onde ficava a casa. Confiava na filha e, por um lado, isso foi muito bom. Certamente April se sentiu mal pela mentira, especialmente porque suas palavras sempre carregaram verdades e sua mãe sabia que podia acreditar nelas, mas tirar vantagem de sua boa conduta só daquela vez não pareceu um crime. Convenceu-se de que foi por uma boa razão. Logo em seguida, mandou uma mensagem de texto para o irmão pedindo a ele que ligasse o quanto antes. Assunto importante.

Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora