Hartleben

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              Para um homem solteiro de meia idade, até que a casa de Bowser não era uma bagunça completa como era de se esperar. Mas talvez fosse porque era pequena demais, tanto no comprimento quanto na largura, e tinha apenas dois ou três cômodos. Ou, quem sabe, porque ele não tivesse lá muitos móveis e acessórios/objetos para deixar espalhados, por isso dava a impressão de organização. Fosse como fosse, o ambiente era agradável aos olhos e Blair sorriu orgulhosa quando adentrou ao lugar.

             Com um abraço carinhosamente saudoso, ela o cumprimentou e foi logo se convidando a sentar, cheia de intimidades. Era a filha perdida dele, querendo ou não, admitindo ou não, reconhecendo ou não, por isso não se incomodou com a inconveniência da menina, porque já estava mais do que acostumado. Balançando a cabeça negativamente, soltou um riso contido. O Bowser turrão ainda existia, mas esta parte em particular costumava ser amolecida e flexionada quando na presença das gêmeas, especialmente depois da noite na casa de Dana. O lado paternal dele começou a se fazer mais presente, assim como o instinto protetor e o seu lado divertido.

— Então Sterling está de voluntária num asilo hoje? — quis entender melhor a história contada por Blair.

               Ela estava sentada com as pernas cruzadas numa poltrona ao lado da cama e ele, na beirada do colchão. Tinha em mãos uma xícara com café e deixou com a menina um pacote de biscoitos para que se servisse enquanto conversavam. Ela recusou a bebida quente, no entanto, utilizando-se do mesmo argumento usado por sua irmã uma vez: é para velhos, e aceitou apenas um copo de água.

— Sim, a mando de nossos pais. — contou. — Ela meio que fugiu ontem para ir num encontro e os dois descobriram. Então, depois de nos encher com um longo sermão, eles disseram que ela seria voluntária todo fim de semana em um lugar diferente para aprender a valorizá-los e, quanto a mim, como punição por tê-la ajudado, terei de fazer o trabalho duro lá no quintal de casa hoje.

              Blair ofereceu a ele um sorriso forçado que mal chegou às suas bochechas para demonstrar que estava exultante de animação e ele riu, achando graça.

— Tenho certeza de que farão um ótimo trabalho. — caçoou antes de bebericar um gole de seu café, cuja fumaça embaçou a sua visão por um instante.

               Ela jogou sobre ele um pedaço quebrado do biscoito que comia, fazendo-o rir um pouco mais.

— Muito engraçadinho, você. — retrucou aos tropeços, porque tinha a boca completamente cheia e a tapou enquanto mastigava.

                E mastigou. E mastigou. E mastigou até que pôde engolir tudo de uma vez e, assim, continuar a falar. Bowser, porém, seguindo a regra dos cinco segundos, catou o alimento do chão, assoprou e lançou-o em direção à boca sem muita cerimônia.

              Desperdício? Não, nunca ouvira falar.

— E como é que vai a investigação sobre o John Stevens? Alguma coisa?

              O homem respirou fundo e se colocou de pé.

— Não obtive muito sucesso ainda. — ele disse, sem muito ânimo. — Mas... — e repousou a xícara sobre um lugar qualquer. — Descobri uma informação interessante, até.

— Ah, é? — o rosto sereno de Blair se iluminou de curiosidade. — E qual é?

— Espera um segundo.

               Ele abriu a terceira gaveta de sua cômoda de madeira, uma que ficava alguns metros defronte à cama e debaixo da TV pendurada, e começou a fuxicar a procura de alguma coisa. Não demorou muito até achar. Logo, voltou para perto dela e a entregou um dossiê.

Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)Where stories live. Discover now