Um mês

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            Era quase 19h. Alicia estava dentro do carro, arisca, observando o movimento da rua, que estava deserta. Uma música tocava em seu celular baixinho para passar o tempo enquanto esperava algum sinal de vida da família Wesley. Se deixasse o carro ligado só para o rádio, a bateria poderia arriar. Não, obrigada. A mansão encontrava-se toda escura e ela deduziu que eles não estivessem em casa, então ficou aguardando ali fora mesmo, do outro lado da rua. Aguardava fazia pouco menos de dez minutos.

             Ok, por que ela estava ali, afinal? Talvez houvesse esse questionamento. E a verdade era que ela só queria saber como Sterling estava depois que a mãe da menina soube da fuga para ir ao encontro. Fazia dois dias já sem qualquer notícia e Blair não respondia mais no Instagram, o que só poderia significar que também estava incomunicável. O único jeito era aparecer.

            No dia anterior, no sábado, apareceu também, mas durante a manhã e, de novo, não tinha ninguém. Apertou a campainha para se certificar mesmo e só não esperou até mais tarde porque tinha de resolver seus próprios problemas. Dessa vez não tinha pressa. Como naturalmente a família teria de voltar para casa em algum momento, supôs que o melhor momento para ir seria durante a noite.

            Entretanto, passados mais de vinte minutos, começou a cogitar a possibilidade dos Wesley terem viajado, muito embora não fosse época de férias, já que eles não estavam em casa em nenhuma das duas vezes. Ou eram muito ocupados ou foram levar as filhas para um convento na Inglaterra de carro — o que nem ela mesma sabia se era possível — e se perderam no caminho de volta. Fosse como fosse, a real foi que ela decidiu esperar só mais um pouco antes de ir embora, porque de nada adiantaria ficar ali parada a noite toda se não apareceria ninguém, no final das contas.

            E então ela avistou pelo retrovisor um carro dobrar a esquina e seguir reto, seguir em sua direção. Observou, girando o corpo para trás para acompanhar a rota do veículo, e quase soltou fogos de artifício quando o viu entrar numa garagem bem à frente de onde estava estacionada. Eram eles, finalmente. Sorriu. Sorriu depois de avistar as irmãs no banco traseiro do dito carro, depois de avistar Sterling, que a olhara de volta.

             Alicia continuou esperando dentro do Charger, paciente. Momentos mais tarde, começou a ver movimentação na casa e as luzes se acenderam em ambos os andares, dando vida ao lugar. Farwell torceu para que Sterling aparecesse, mas não desconsiderou a impossibilidade de isso acontecer, visto que a Wesley provavelmente estava de castigo. Ou Sterling arranjaria alguma desculpa para sair ou o faria às escondidas, tal qual da última vez.

           Por sorte, lá estava ela uns cinco ou seis minutos depois que chegou em casa. Os braços estavam cruzados sobre o peito e o seu andar era apressado. Além disso, havia algo em sua fisionomia que indicava que alguma coisa não estava certa, porém Alicia decidiu acreditar que era só impressão.

           Sterling entrou, sendo recepcionada com um bonito e alegre sorriso de Farwell, que se inclinou para dar-lhe um selinho. O beijo fora bem aceito, embora não tenha sido devolvido com tanta animação.

— Tá, uh... Tá tudo bem? — Alicia indagou logo que tomou distância, um vinco ao meio de sua sobrancelha em confusão. — Você parece... Parece, sei lá, parece diferente.

           A loura suspirou pesadamente e abraçou a si mesma, como se precisasse de proteção. Desviou o olhar para as próprias pernas.

— O que rolou depois do encontro? Seus pais pegaram pesado ou coisa assim? — tentou descobrir a resposta, já que ficou sem nenhuma durante um tempo.

          Sterling negou com a cabeça.

— Então me conta! — exclamou, pedinte. Nada. — Ei. — e levou os dedos ao queixo dela para erguê-lo, trazendo o olhar da menina de volta para si. — O que foi, uh? Compartilha comigo.

Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)Where stories live. Discover now