Mal posso esperar

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           Todo o cuidado para manter o segredo guardado durante todo aquele tempo; todas as mentiras contadas para esconder os seus verdadeiros sentimentos e, também, quem realmente era desceram pelo ralo por um simples descuido. Por causa de um bilhete cujo conteúdo nem sabia qual era ainda, April assistiu ruir lentamente diante de si a proteção que cercava o belo castelo de cartas construído com muita paciência e dedicação.

           Ayla não era uma adolescente de quatorze anos qualquer. Não era ingênua como aparentava ser nem tampouco era uma menininha meiga e doce, mesmo que usasse isso ao seu favor, às vezes, principalmente na frente de John. A garota era inteligente e podia muito bem ser uma manipuladora chantagista quando bem entendesse. April sabia disso mais do que ninguém e não tinha dúvidas de que ela usaria a informação como uma arma para conseguir o que queria, fosse o que fosse.

            Infelizmente, a mais nova desenvolveu quase todos os pontos negativos da família. Ainda não era como o sr. Stevens, estava a alguns anos-luz de ser, por sorte, mas já se encontrava em processo. Com um pouco de persistência e dedicação, não demoraria muito a chegar lá.

— Papai vai ficar tão feliz quando souber. — Ayla provocou, irônica, fazendo referência ao papel quando a irmã se aproximou. Logo, sentou-se.

              John e Krista não estavam mais por perto, voluntariaram-se, só para passar a impressão de "bons moços", a ajudar o pastor Booth com a pane da energia. Luke e sua família, idem. Anderson, que estava sozinho em seu lugar, decidiu se juntar a eles também. Tentariam ligar para a empresa de eletricidade e para os bombeiros, para que fosse possível retirar os fios com segurança. Já Alex, por sua vez, encontrava-se próximo ao palco junto ao baterista, um velho amigo seu que não via há tempos. Portanto, estavam somente as duas ali.
           
— Você não ousaria. — não era um desafio, mas soou como um. A mais nova sorriu.

— Ai, April... — Ayla suspirou, repousando as costas no encosto do banco. — Engraçado, sabe? A verdade é que eu nunca estranhei o fato de você sempre recusar todos os garotos bonitos que surgiam a sua frente. Para mim, era só mais uma escolha burra sua mesmo. Você estava sempre tão focada em parecer perfeita para o papai e para a mamãe que eu imaginei que você nem estivesse preocupada com as oportunidades que estava perdendo. Mas agora tudo faz sentido na minha cabeça. Você e Sterling... Quem diria, não?

— O que foi que você leu? — April podia sentir os batimentos cardíacos em seus ouvidos, o nervosismo quase transparecendo em seu tom de voz. Tremia por dentro.

— Você sabe o que eu li. — retrucou, como se fosse óbvio. — Caso contrário, não estaríamos aqui agora.

           Mas ela realmente não sabia.

           Porra, Sterling! Eu vou matar você!!

— Me devolve o papel. — estendeu a mão à frente perto o bastante para que Ayla conseguisse enxergar através da parca luz.

— E por que eu faria isso, huh?

— Porque você não vai querer brincar comigo. — a ameaça vestiu-se de conselho, porém cada palavra foi dita friamente. 
 
            Ayla soltou uma risada nasalada, achando graça.

— Você é só um cão que ladra, mas não morde. Me poupe!

— Pelo visto você não me conhece o suficiente...

— Quero ver se você terá essa valentia toda aí quando o papai ficar sabendo.

            Irritada com a provocação, April travou o maxilar e precisou respirar fundo algumas vezes para manter a sua sanidade intacta.

Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)Where stories live. Discover now