Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)

Bodas de papel

        April chegou cedo em casa. Muito cedo. O motivo? Bom, ela queria que a noite fosse a mais incrível e memorável de todas, portanto se encarregou de preparar toda a programação. Seria surpresa. Para a esposa, contou que chegaria muito tarde devido aos casos urgentes que precisaria resolver de última hora, casos que dependiam apenas dela, mas prometeu que se esforçaria para chegar a tempo de elas saírem para jantar. Com a notícia decepcionante, obviamente Sterling ficou chateada, é claro que ficou, especialmente por ser uma data tão importante para as duas. O nosso casamento não deveria ser uma prioridade?, ela se questionou algumas vezes antes de respirar fundo e responder a mensagem. Esforçou-se muito para ser compassiva com a situação, visto que sabia bem como funcionava a rotina agitada de April, mas o seu "tudo bem" (seguido de um ponto final) foi o suficiente para que a Stevens soubesse que tinha conseguido pregar uma peça nela. Riu por vários minutos dentro do carro enquanto voltava para casa.

        Bodas de papel. Quem diria, não? Quem diria que as duas adolescentes, inimigas desde a infância, se apaixonariam? Não, mais que isso. Quem diria que, mesmo depois de todos os contratempos e percalços da vida, elas estariam agora comemorando um ano de casadas? Porra! Nem elas conseguiam acreditar. Um ano! Chegava até a ser engraçado, parando para olhar a retrospectiva.

          Não foi fácil, devo dizer. Definitivamente não foi. Foi difícil até para que se assumissem para todos. Julgamentos? Puts! Tiveram vários. Mesmo assim, já era de se esperar. As duas sabiam que as críticas viriam com toda força. E vieram, sem dó nem piedade. De Luke. Do pastor. Dos colegas de classe. Da comunidade que os Stevens costumava frequentar. Enfim, vieram de todos os lados, qual um tiroteio de opiniões. Parecia que o mundo todo estava pesando sobre ombro delas. Além de terem de lidar com todas as merdas que estavam acontecendo em suas vidas naquela época, ainda tinham que escutar as merdas que vinham da boca de quem, em vez de tomar conta da própria vida, queria opinar sobre a sexualidade alheia. Como se eles fossem Deus para julgar alguém por alguma coisa!

        O lado bom, todavia, foi que Debbie as aceitou. De braços abertos, ela as aceitou, e chorou muito enquanto as abraçava. Desde que o seu marido faleceu, sua única preocupação era que suas filhas fossem felizes e vivessem bem. Nada mais. Ezequiel também as apoiou, assim como Hannah B., mesmo que ela tivesse lá seus questionamentos. Ellen, por sua vez, foi uma surpresa agradável. Seu posicionamento ficou claro desde a notícia do romance e ela deu de ombros para os pais que a julgaram: "minhas garotas favoritas! Ah! Eu nem acredito! Que sejam felizes. Muito felizes!", disse ela na época, dando um beijo na testa de cada uma.

          Só que os problemas não acabaram por ali. O destino não facilitou para o lado de ninguém. É claro que teve mais pela frente: a distância. A vida fez questão de testar o amor delas mais um pouco. Quando as duas terminaram a Escola, April ganhou uma bolsa na Yale, sua faculdade dos sonhos, para Direito. Sterling, porém, foi aprovada em Harvard para cursar Psicologia lá. Ou seja, enquanto uma estaria em Connecticut, a outra estaria em Boston, Massachusetts. Estados completamente diferentes, embora vizinhos.

         Sterling se interessou por Psicologia desde que começou a fazer suas sessões com Melissa. Depois de enfrentarem toda aquela confusão e desespero que ceifou a vida de Anderson, libertou Margaret, desenterrou os segredos mais podres e sujos dos Stevens e fez com que John fugisse, quase todos eles precisaram de acompanhamento psicológico para lidarem com seus traumas e aflições. Sterl assistiu de perto o poder que a psicologia tinha e o quanto poderia mudar positivamente a vida de alguém. Diante deste fato, apaixonou-se perdidamente pela especialidade, a ponto de desistir de Caçar Recompensas com sua irmã para ir para a Faculdade. Blair, entretanto, acreditou que estaria fazendo um favor maior ao mundo se focasse em tirar da sociedade pessoas como John, por isso continuou. Alex, idem.