E o que ela disse?

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— O que é que foi aquilo!??? — Sterling apressou o passo para acompanhar a passada rápida de Blair, ainda descrente com o discurso dela na célula. Exigiu uma resposta. — Você ficou doida, foi?

               Assim que a reunião da Irmandade teve fim, as duas seguiram caminho em ritmos distintos pelos corredores da escola para a próxima aula. Blair à frente. Vez ou outra precisaram desviar dos que interrompiam a passagem, porque não havia espaço suficiente para o tanto de aluno ali aglomerado.

— Achei relevante mencionar. — disse num dar de ombros, despretenciosa. A mochila pendia desleixadamente no lado esquerdo. — Além do mais, acho que já está na hora de as pessoas abrirem os olhos. Estou cansada dos julgamentos desenfreados que ouço e vejo por aí, como se eles fossem os donos da verdade só porque portam uma bíblia embaixo do braço. — suspirou com impaciência e revirou os olhos. Logo, voltou a cabeça para trás a fim de encontrar o olhar de Sterling. — A minha intenção é amortecer o chão para que o impacto não seja tão forte quando você e a doida da April decidirem se assumir algum dia.

               O vinco ao meio da testa da Wesley mais nova devido ao seu estado tenso se suavizou com a resposta e ela quase sorriu.

— Mas... Blair, as pessoas vão começar a achar que é você quem gosta de garotas. Não quero que isso se volte contra você.

— E daí? — sinceramente não se importou. Parou no meio do caminho e virou-se para Sterling. — Irmãzinha, entenda uma coisa: uma ofensa só se torna uma ofensa se você permitir. Se uma pessoa diz que eu sou gay, por que eu tenho que ligar para o que ela diz se eu sei que não sou? E caso eu fosse, de fato, por que eu deveria me ofender com a verdade? — diante da perspectiva inteligente de ver as coisas, Sterl se surpreendeu. Assentiu em concordância, demonstrando que entendera a linha de raciocínio. — Percebe que não faz sentido se sentir mal? É tudo questão de você saber reagir.

— Nossa! — exclamou impressionada.

— Obrigada.

              E voltaram a caminhar.

— Onde é que você aprende essas coisas, a propósito? — Sterling quis saber, curiosa. — Quer dizer, não é o tipo de atitude que eles nos ensinam aqui na escola, essa maneira de pensar.

— Já disse: eu pesq-

— Ei, Sterl! Sterl! Espera aí. — a voz familiar surgida abruptamente ao meio daquele monte de pessoas fez com que Blair interrompesse a própria fala e as duas olharam simultaneamente para trás em busca da origem do som. Era Luke.

              Ele deu uma corridinha de leve para alcançá-las.

— Ei, Sterl! Posso falar com você um minuto?

— Oh! Bom, sim. Sim, é claro.

— E aí, Blair. — cumprimentou-a para não parecer mal educado.

— Fala aí, Luke. — disse de volta. Logo, virou-se para a irmã. — Tenho aula de geografia agora. Vou indo para não me atrasar. Depois a gente se vê.

— Ok.

                 Então ela se foi, desaparecendo rapidamente por entre os alunos espalhados aqui e ali. Luke e Sterling, por conseguinte, saíram do meio do caminho e pararam num canto mais calmo do corredor, um que não tinha tanta gente.

— Como você está? — a Wesley perguntou casualmente, dando início à conversa.

— Bem, bem. — ele respondeu com um sorriso. Respirou fundo, pondo as mãos nos bolsos dianteiros da calça. — Ótimo, para ser sincero.

Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)Where stories live. Discover now