Será que ele é confiável?

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               Blair não quis confiar.

               É claro que ela não iria. Oras, Alex era um Stevens. Este sobrenome deveria ser sinônimo de perigo, isso sim. Um alerta para os desavisados e, não, não era um exagero de sua parte. O histórico da família era uma prova do que afirmava. E... Ok. Tudo bem que generalizar era um tremendo erro, porque nem todos tinham tendência a serem ruins, mas quem poderia lhe garantir o contrário? Para tal situação, cautela. Um passo de cada vez. Não abriria o jogo assim tão fácil. Tinha muita coisa em risco.

              Por mais que ele tivesse sido um amigo na época, não era garantia de nada. April também foi uma, mas ainda assim não poupou Sterling da chantagem para conseguir chegar onde queria, independentemente da garota estar com raiva da sua irmã na época ou não. No fundo, no fundo, a única arma que os Stevens tinha em mãos era o jogo sujo. Uns o faziam com consciência, como John, para prejudicar e afetar terceiros; outros, como os filhos, porque desconheciam outra alternativa, já que foram doutrinados desde sempre a agirem de tal forma. Mas isso não queria dizer que eram ruins em essência, só não eram totalmente confiáveis. E Blair tinha um pé atrás.

— Podemos voltar lá para baixo? — ela sugeriu, desviando rapidamente do assunto.— Estou com fome. Deve estar quase dando a hora do almoço.

               Alex suspirou.

— Tudo bem. — concordou, mesmo que a contragosto. — Só que antes preciso que saiba de algo.

               Uma das sobrancelhas de Blair se ergueu num misto de desconfiança e curiosidade.

— Sua irmã e a minha irmã pararam de se falar do nada na época e, inevitavelmente, a gente também se afastou. Éramos todos muito próximos, nós dois ainda mais por sermos mais velhos, só que a amizade não fluiu como deveria. Eu estava no sétimo ano e vocês, na quinta, lembra? Só que o laço se quebrou de fato quando eu comecei a andar com aqueles caras babacas do oitavo ano só para chamar a atenção do meu pai de alguma forma, já que ele me tratava como se eu não existisse. — recordou, torcendo o nariz, e se recostou na mesa de sinuca. — Depois de um tempo, percebi que não adiantava nada eu querer ser o que eu não era só para despertar a ira de quem não estava nem aí para mim. Então, simplesmente não fiz mais questão de ser considerado filho dele, tanto que eu raramente compareço aos eventos em família. — deu de ombros. — E posso te dizer uma coisa? — um sorriso satisfeito desenhou seus lábios. — Foi a melhor coisa que eu já fiz por mim mesmo. Queria que minhas irmãs pudessem enxergar o mesmo. John é tóxico e desprezível. Um ser humano terrível. E eu sinto em dizer isso de alguém que tem o mesmo sangue que o meu.

                 O rosto de Blair se transformou na personificação da surpresa.

— Só Deus sabe o quanto me fez bem tê-lo longe, preso. — confessou, e não havia um pingo de sentimento em sua voz além do desprezo. — O quanto fez bem à April. Então você deve imaginar que eu não estou exultante com a volta dele.

— Uhum. — ela concordou ligeiramente, mesmo que ele não tenha feito uma pergunta de fato.

             O rumo daquela conversa começou a soar bastante interessante aos ouvidos dela.

— Mas sabe o que me deixou bastante intrigado nesses últimos dias? — inquiriu e aguardou por um segundo uma resposta, mas Blair não sacou tão rapidamente a intenção dele, então este não perdeu tempo e foi se adiantando. — O fato de, tão de repente, John querer o seu pai como sócio e, mais que isso, você e sua irmã aqui em casa, sendo que ele sabia que vocês não se davam bem com a April há anos. Ultimamente ele só fala em vocês duas e no quanto sente falta da amizade de vocês com a gente. Mas era ele mesmo quem nos dizia antes que foi bom termos nos afastado, pois vocês eram... uh, desculpa a palavra, — Alex coçou a testa, desconcertado. — que vocês eram escória.

               O rosto de Blair se contorceu numa expressão raivosa, sua boca quebrando para o lado.

— Eu sabia que tinha algo de errado nisso tudo. Eu sentia. — disse, reflexivo, ao respirar profundamente. — E você não está aqui só para apreciar o design da minha casa, Blair. — apontou, como se a acusasse, e sorriu feito um doido descobrindo a América. Ela franziu o cenho e recuou alguns passos. — E, se não é por isso, só pode ser por causa do John. Você deve saber de alguma coisa a respeito dele e está querendo mais informações, estou certo? Pode confessar. Não tem como ser outra coisa. E eu bem já percebi que você não o encara com um olhar de admiração.

— Quê??? Não! — estrilou ela, na defensiva, mas não havia mais motivo para fingir.

— Escuta: se quer ajuda para colocar o meu pai na cadeia de novo, conte comigo, posso ser bastante útil, mas você terá de confiar em mim primeiro.

               Ela ficou em silêncio, entretanto considerou a oferta. Ao menos pareceu inclinada a isso.

— Vem cá, vou te mostrar uma coisa.

              E ele a conduziu ao próprio quarto.

              A porta se fechou logo atrás dela, que ficou parada ali mesmo, esperando um convite para se aproximar. Houve o convite. Sentou-se, então, na beirada da cama dele, como fora orientada, embora com cautela, enquanto Alex procurava por alguma coisa dentro de seu guarda-roupa.

               Uma pasta. Era o que ele tinha em mãos. Aproximou-se.

— Dá uma olhada. — entregou o objeto a ela.

               Blair tomou-lhe com certo receio, os olhos semi-cerrados e voltados a ele antes de se sentir confiante para encarar a pasta.

— John é dono de uma boate aqui próximo à redondeza, você bem deve saber, junto a uns caras do Salão dos Homens. Só que estou desconfiado há um bom tempo de que lá há dinheiro sujo, só não sei de onde vem exatamente. — contou, confidenciando a informação. — Acho que é tráfico de drogas e de mulheres, e me embrulha o estômago pensar sobre. Mas o que estou querendo te mostrar é que essa associação do John com o seu pai é para torná-lo um "laranja" sem que ele próprio saiba da lavagem de dinheiro. Todo o dinheiro sujo proveniente do tráfico será colocado como se fosse dinheiro dessa suposta empresa que os dois vão construir. Conhecendo o John como eu conheço, quando a bomba estourar, ele vai deixar cair toda sobre o seu pai.

                Blair o encarou com assombro, os olhos arregalados e descrentes. O coração, a mil. Fazia total sentido agora. Ele queria prejudicar Anderson para se sentir vingado por ter ido preso e era uma ótima oportunidade de esconder o dinheiro sujo.

                 Imediatamente, ela sacou o celular do bolso e mandou mensagem para Bowser, que estava online.

Acabei de descobrir algo, você vai surtar!!!

                  E tirou fotos com o celular do documento com informações da empresa e das alterações encontradas pelo Alex. Então, sem perder muito tempo, enviou.

               




                  

Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)Where stories live. Discover now