O encontro (parte 1)

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Sexta-feira, 17h07 da tarde.


            John Stevens estava em seu escritório. Resolvia alguns assuntos com seu advogado pelo telefone ao mesmo tempo em que criava planilhas no Excel de seu computador, revisava as plantas dos imóveis que comentara com Anderson e organizava os papéis espalhados sobre a sua larga mesa de madeira. Vez ou outra bebericava um gole de seu Whisky, distraído demais para perceber que a sua filha mais velha estava escorada na parede ao lado de fora, esperando a oportunidade perfeita para atravessar para o outro lado sem que fosse vista, já que teria que passar ao meio da porta dele, a qual estava quase totalmente aberta.

            Alex teve de entrar em cena neste momento para ajudar. Meio a contragosto, mas o fez. April estaria devendo a ele para sempre.

            Sem pedir permissão para entrar ou sequer bater no batente para chamar a atenção do homem para si, o menino saiu invadindo a sala do pai sem mais nem menos e o metralhou com um monte de baboseira e conversa fiada, as primeiras coisas que lhe vieram à mente. John se assustou com a aparição abrupta e lançou ao filho um olhar duro, quase mortal, pela maneira mal educada com a qual o interpelou. Pediu ao advogado para lhe dar um minuto antes de descarregar sobre Alex sua reprovação, interrompendo a fala do menino mais de três vezes.

             O mais velho escutou todo o sermão dito com agressividade por um longo tempo e calado ficou, por mais que quisesse retrucar a ofensa. April, por sua vez, com a deixa, conseguiu passar despercebida pela porta e seguiu em frente. Sentiu-se mal pelo irmão, porém. Odiava verdadeiramente a forma como Alex era tratado e odiou tê-lo feito passar por aquilo, pois ele não merecia, mas o jovem estava tão tranquilo quanto podia em sua posição. Ele sabia que era necessário. Tudo por ela. Depois mandaria April comprar um lanche qualquer para pagar os minutos que perdeu ouvindo o pai falar. Estava tão acostumado com o desdém que aprendeu a lidar com o seu próprio emocional, tornando-se mais forte quanto aos sentimentos de John por si. Deixou de fazer diferença.

             Posteriormente, após Alex sair de lá, foi atrás da irmã e deparou-se com ela agachada nos degraus da escada aguardando por sua vinda. Existia um outro dilema a ser resolvido e, considerando todos os fatos, era o pior: passar despercebida por sua mãe e, especialmente, pela pirralha da Ayla, que estavam na cozinha preparando brownies.

— Desculpa. — ela sussurrou para ele, ressentida, quando este estava próximo o bastante, fazendo referência ao que acontecera.

— Tô de boa. — disse de volta num sussurro também enquanto avaliava o cenário. — John continua sendo um babaca de merda e eu continuo o odiando. Nada mudou. — sorriu, genuíno. — Agora vamos nos concentrar no que realmente importa.

— Certo.

          April teria de sair de casa pelos fundos, porque havia menos câmeras vigiando o lado de fora naquela área, dado que os dois cachorros labradores da família já ficavam ali também para montar guarda e alertá-los ao sinal de alguém estranho. Se fosse pela frente, ela rapidamente seria percebida, porque tinha monitoramento em todos os lugares, até onde nem imaginava. John começou a ter mais cuidado com a segurança de sua mansão depois que Sterling e Blair invadiram a sua casa no lago e o levaram preso. Fatídico dia! Bom, pelo menos para ele. Não queria ter o desprazer de passar pela mesma situação de novo, então protegeu a sua residência com todos os aparatos tecnológicos possíveis, observando de seu próprio escritório ou através de seu celular todos os movimentos suspeitos no exterior.

           A porta dos fundos ficava na cozinha, bem ao lado da bancada de mármore onde a mãe lavava a louça e preparava junto à mais nova o brownie. Grande merda!

Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)Where stories live. Discover now