Alicia Farwell

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                Quando em casa, horas mais tarde, com o celular novo já em mãos, Sterling fez questão de configurá-lo por conta própria antes de poder baixar todos os aplicativos que não podia viver sem: pinterest, lightroom, twitter, spotify e, principalmente, o Instagram.

                Deitada de bruços na cama, os cotovelos fincados no colchão, aguardava pacientemente os downloads concluírem à medida que explorava o que de bom e básico o aparelho tinha a oferecer. Fuçando aqui e ali, chegou à conclusão de que ele continha o suficiente: alarme para acordá-la durante as manhãs para a escola; câmera com captura excelente; muita memória para armazenar o tanto de foto que planejava tirar e o tanto de jogos bobos que baixaria. Simples e objetivo. Tudo de que precisava.

             Em seguida, abriu a lista de contatos para ver quem ainda tinha por lá e descobriu que os únicos números salvos em seu email logado eram o de Blair, o de seu pai e o de sua mãe. O restante, todos estavam gravados no antigo chip e, bom, o chip já não era mais o mesmo, porque se foi junto ao celular. Perdera o contato de todo mundo, até mesmo o de Bowser. Que ótimo! Boa sorte para ela na busca por adicionar um por um de novo!

                Entretanto, existia um número que ela sabia de cor e salteado, tão bem quanto a palma de sua mão. Cada dígito. A forma de cada um deles e o jeito como aqueles algarismos combinavam tanto com a pessoa a quem pertenciam. É claro que tinha de salvá-lo. E o fez. Simplesmente deixou que os seus dedos deslizassem delicadamente pelas teclas para anotá-los. Aproveitou a sensação. No entanto, entrou num certo dilema por um instante ao ponderar sobre o nome que daria ao contato. Só "April" seria sem graça, por mais que gostasse muito de cada letra que o compunha; colocar apelidos fofos, comprometedor demais, embora não se importasse em fazê-lo. Mas, não, ainda estava magoada e não iria ceder assim. E nesse embate de considerar e desconsiderar ideias, optou por um que estava no meio termo: Skee-Ball.

                Ok, não era lá a melhor coisa, mas só por ser diferente e simbólico foi de grande valia. Além disso, soava bem aos seus ouvidos e a fizera se recordar da lembrança agradável gerada por aquele momento.

                 E deixou assim.

                Depois, quando melhor familiarizada com o aparelho, apressou-se para ir direto ao seu Instagram, dado que o aplicativo já tinha sido baixado a alguns minutos, e rapidamente fez logon na conta. No instante em que o seu perfil se abriu diante de si, não pôde esconder o sorriso de felicidade que lhe acometeu. Quantas saudades sentira!

               Pondo logo no feed, percebeu que, no canto superior direito da tela, tinha o treze indicando o número de mensagens a serem respondidas. Assim que clicou no ícon, viu que a maioria das mensagens eram comentários com reações diversas em sua última postagem no stories. A publicação era basicamente um vídeo seu comendo pizza no acantonamento e sugerindo que as pessoas fossem logo comer também enquanto ainda estava quente.

                Mas um comentário em específico chamou a sua atenção e ela rapidamente abriu para ver. Datava do dia 15 de maio de 2021, quatro dias antes.

@alicia.farwell: só não misture pizza com gelatina de novo, por favor!!!!!

@alicia.farwell: sério, como você conseguiu comer aquilo???? Até hoje fico tentando entender...

                Sterling riu consigo mesma.

               Estava tão doida da cabeça na hora que simplesmente achou interessante fazer a combinação de coisas que definitivamente não combinavam. Não no que tangia ao senso comum. Visualmente falando, parecia nojento, mas... Por Deus, ficara bom!

Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora