Querida eu do passado

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            Atrasadas para a primeira aula do dia, Sterling se jogou no banco do passageiro do carro enquanto Blair assumia o volante. Sem mais nem menos, afundou o pé no acelerador e saiu às pressas da garagem de casa, quase cantando pneu ao dobrar a esquina. Por estar sem celular, já que ele foi arremessado da janela da picape por Dana, Sterling confiou em Blair para que ela as acordasse naquela manhã para irem à escola, porém a mais velha simplesmente não ouviu o despertador tocar. Só acordaram mesmo devido ao susto causado por seus inconscientes. Seus pais ainda dormiam, então não puderam contar com a colaboração deles. A aula começava às 7h e já eram 7h13.

— Você precisa de um celular urgente ou iremos nos atrasar todos os dias. — disse Blair, puxando o cinto para prendê-lo em si. Sterl fez o mesmo. — Tenho algumas economias, acho que dá para você comprar um novo sem precisarmos pedir para os nossos pais.

— Sabia que eles não mordem?

— Não se trata de eu estar com raiva deles, Sterling. — retrucou. — O problema é que eles estão meio falidos. Ouvi outro dia das escadas uma conversa entre os dois.

— E o que eles disseram?

— Que teriam de se apertar um pouco por um tempo, segurar as pontas. O papai tinha pedido demissão do emprego, lembra?

— Uhum.

— E agora ele está vendo o que é que vai fazer além de caçar.

— Mas a mamãe não tem dinheiro guardado? Aquele lá que você tinha visto no depósito?

— Sim, eu acho que ainda tem, mas creio eu que não vai durar por mui- — e pausou a própria fala por um segundo enquanto avaliava se era seguro avançar o sinal vermelho. Vendo que não havia carro algum trafegando contra ou em sua direção, acelerou o suficiente para ganhar alguns metros antes de voltar a manter a velocidade normal. — não vai durar muito tempo. Talvez dois ou três meses. Talvez um ano. Sei lá! Mas é bom evitarmos pedir as coisas para eles durante esse período.

— Tudo bem.

— Além disso, Sterl, você tem que começar a aprender a lidar com o seu dinheiro, também. Não sei como pode gastar tanto! Se deixar, você consegue torrá-lo todo numa só semana...

— Não é verdade! — protestou, ofendida. — Eu só compro o necessário. Sempre!

— Necessário!? — Blair não acreditou nos seus próprios ouvidos. — Você comprou um porco idiota de porcelana rosa na semana passada por cem dólares, CEM doláres, só para enfeitar a sua penteadeira.

— Pareceu necessário para mim. — tentou se defender. — Quando eu o vi, fiquei feliz. Então, comprei.

— Essa é a pior desculpa que eu já ouvi na vida! Era melhor você nem ter falado nada.

             Sterling suspirou com impaciência.

— Eu não entendo dessas coisas. O que você quer que eu faça?

— Há um monte de livros para você ler sobre. É só questão de querência.

— Não tenho muita querência, você sabe. É por isso que você é a minha contadora. — sorriu zombeteira.

— Bom, ok, mas por enquanto. Eu não serei sua contadora para sempre. — manteve a atenção voltada para a rua, mas desviou o olhar rapidamente para encará-la. — A não ser que você case com aquela doida da April. Concordando ou não, ela é muito boa com contas. Falidas vocês não seriam. — alfinetou em provocação. Sterl, em resposta, lhe deu um tapa forte no braço. — Ai! — e riu, achando graça. — Tá fortinha, hein!

Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)Where stories live. Discover now