Um erro

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        Pelo amor de Deus, não aguento mais tanta merda acontecendo!

        Sterling encarou April em desespero. Na verdade, em desamparo, completamente perdida. Seus olhos verdes clamavam por alguma solução imediata, uma que a Stevens não poderia lhe dar, porque nem ela mesma sabia o que fazer. O brilho das luzes vermelhas e azuis dos carros da polícia ficavam cada vez mais intensos à medida que o barco se aproximava da costa a fim de atracar no cais. Para a ocasião, só existiam duas alternativas cabíveis: ou elas paravam ali mesmo, qual o planejado, para tentar resolver a situação ou seguiam ao infinito e além e arriscariam ser presas (quem sabe até mortas) por tentarem fugir. A primeira opção era a mais sensata, mas a segunda, embora bastante arriscada, pareceu ser a ideal por um breve instante. Mas foi bem breve mesmo. Sterling rapidamente demoveu a si mesma da ideia insana quando, fazendo uns cálculos rápidos de cabeça, deu-se conta de que a próxima costa ficava a uns dezoito quilômetros de distância dali e duvidava de que o motor do barco durasse até lá. Era um milagre ele ter durado até aquele ponto, para ser sincera. A menos que elas abandonassem a embarcação e fossem nadando, camuflando a si mesmas debaixo da água ou por entre a escuridão da noite. Porém nem elas próprias confiavam tanto em seus próprios potenciais para conseguirem obter sucesso em tal proeza.

       Teriam de atracar.

       Seus corações estavam acelerados com a possibilidade de todo o plano ir por água abaixo. Só faltava! Desde que aquele dia começara, acontecera tanta coisa errada que elas não eram nem mais capazes de contar nos dedos. Uma vitória, pelo menos. Pelo menos uma só. Não aguentavam mais o vento soprando contra.

         Enquanto April cuidava do barco para que ele se aproximasse do pier em baixa velocidade, viu-se desejando ardentemente que a polícia, na verdade, estivesse ali destinada a algum perigo real na redondeza, em vez de estar esperando por elas. Que eles tivessem recebido algum telefonema avisando que criminosos, não elas, estariam cruzando o lago e precisavam ser detidos o quanto antes. Mas nem mesmo num cenário utópico isso seria possível, não depois de eles anunciarem no alto falante o nome delas duas.

– Aproximem-se! – um deles ditou entredentes através do objeto amplificador sonoro. Mas elas já estavam se aproximando deles, de qualquer maneira. Talvez fosse para que elas realmente soubessem para quem era tudo aquilo. Querendo ou não, funcionou. Não existiam mais dúvidas de que o Corpo de Polícia era somente para elas duas.

          Seria honrável, se não fosse tão desastroso.

– Quem será que entregou a nossa localização?? – quis saber Sterling, irritadiça, numa pergunta retórica, mas mesmo assim April respondeu.

– Com certeza foi aquele Tenente...

          A loira voltou seu olhar para a sua ex com um vinco ao meio da testa.

– Será??

– Só pode. Não há outra explicação. Ele deve ter achado estranha a nossa aparição no lago, especialmente por saber que a Casa do meu pai está parada desde que ele foi preso.

          Sterling concordou com a cabeça lentamente, percebendo que realmente fazia sentido ter sido ele. Mas se frustrou por ter sido enganada. James tinha passado uma cumplicidade tão grande na fala e na maneira de agir que pensar nele como o delator era quase como se sentir traída por um amigo.

– Mas que merda! – a mais nova sussurrou, cansada. – Enfim, a ideia não era envolver a polícia, não até a gente ter certeza de que a localização de Beatrice é verdadeira. Mas estou vendo que a única forma da gente sair dessa é entregar os pontos, relatar tudo e torcer para que esses tiras nos ajudem a dar um fim nisso.

Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)Where stories live. Discover now