A verdade

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— Entrem! — Blair gritou.

                 Respirando fundo para ganharem coragem, ainda receosos, eles adentraram ao cômodo lentamente. As meninas se ajeitaram no colchão logo quando os viram e puseram de lado alguns travesseiros para poderem repousar as costas no encosto da cama. Havia ansiedade no olhar das duas, reflexo do desejo ardente por descobrirem a verdade. Seus corações batiam acelerados.

— Como vocês estão? — Anderson arriscou perguntar, pois acreditava que era o melhor jeito de começar a conversa. Estava parado próximo à porta.

— Nem vem com essa para cima da gente! — Blair disse, a voz exaltada. — Vocês sabem muito bem como estamos!

— Ei, ei, mocinha! Seu pai só está tentando começar as coisas da forma correta. Dê uma folga!

— Ah, é? — fora afrontosa. Que Deus a perdoasse! — Sabe quando vocês poderiam ter começado as coisas da maneira correta? Há dezesseis anos! Agora é um pouco tarde para isso, não acham?

— Ok, Blair! A gente entende que vocês estão com raiva de nós dois e não as culpamos por sentirem isso, mas não aceitaremos esse tipo de atitude aqui! — o Sr. Wesley fora firme em suas palavras, quase ríspido, e a gêmea mais velha engoliu em seco a bronca. Ele não queria soar tão duro, tal como aconteceu no dia da caçada, mas sabia que tinha de se impor como pai.

— A gente tem muito a explicar, sabemos, e prometemos ser totalmente francos. Totalmente transparentes. Já mentimos demais. — disse Debbie, reconhecendo suas próprias falhas. Esforçou-se um pouco para manter a voz o mais serena que pôde e conseguiu, felizmente. — Fiquem à vontade para nos perguntarem o que quiserem.

— Por que mentiram durante todo esse tempo? — Sterling quis saber.

              A mãe esboçou um sorriso simples para passar confiança à menina e, à medida que se aproximava da cama, deslizou as mãos pelos seus próprios cabelos loiros. Tomou, portanto, o lugar na beirada lateral do colchão e virou o corpo para as filhas. Anderson, por sua vez, apenas cruzou os braços sobre o peito e ficou a observar o desenrolar da história.

— Porque nunca nos pareceu necessário. Era mais fácil manter o segredo e poupar vocês duas de saber toda essa bagunça que perturbá-las com informações que, até então, nunca soaram importantes. Dana era preocupação apenas nossa. Que se danasse o fato de ela ter te gerado! O que sempre importou foi o nosso amor por você como filha, Sterling. Te amamos muito antes de você nascer e, para nós dois, — apontou para si e para o marido. — isso já era mais do que o suficiente para provarmos que sempre fomos os seus verdadeiros pais.

               Os olhos azuis da gêmea mais nova brilharam com aquelas palavras e ela sentiu vontade de chorar.

— Você é nossa filha, Sterling, e vocês sempre serão irmãs. Sempre! E esse é um fato que jamais irá mudar. Virem do ventre de mães diferentes é apenas um mero detalhe quando comparado ao amor incondicionalmente fraterno que vocês sentem uma pela outra. Não me arrependo de nada do que eu fiz para manter vocês juntas.

            As duas meninas se entreolharam por um instante e um sorriso cúmplice desenhou seus lábios ao mesmo tempo. Havia tanto amor naquele gesto e tanto companheirismo que seria um pecado capital destruir aquela conexão. Deus era tão perfeito! Uni-las como irmãs foi a coisa mais bonita e acertada já feita, ninguém jamais seria capaz de dizer o contrário. Tinha de ser. Era para ser.

           O coração de Debbie suspirou aliviado e feliz assistindo à cena. Para uma mãe, não existia nada mais apreciável que aquilo. Daria tudo de si para que aquele momento se mantivesse por toda a eternidade em sua memória, um lembrete de que tinha realizado um bom trabalho criando-as bem. E isso era tudo de que precisava.

Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)Where stories live. Discover now