Nossa única chance

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            Sterling fechou a porta por detrás de si com um suspiro profundamente pesado, como se estivesse se despindo de todos os problemas. Retirou os sapatos, deixando-os ao lado da saída, antes de subir as escadas para seu quarto. Nem precisou inventar alguma desculpa para seus pais quando saiu, porque eles estavam radiantes demais com o desenrolar do dia para se preocuparem aonde ela tinha ido durante aqueles últimos quinze minutos. Perfeito, por um lado. Por outro, perigoso. Perigoso porque significava que eles eram sócios da porcaria do John Stevens a partir daquela data e sabe-se lá o que viria de brinde com a parceria.

           Blair tinha muito a lhe contar.

           Tinha muito a contar a ela, idem.

           April. Alicia. Droga de nomes com A! Mas, ok. Um problema fora resolvido, pelo menos. Finalmente estava decidida do que faria e sentia-se satisfeita com sua escolha, verdadeiramente se sentia, mesmo que isso significasse abrir mão de seu relacionamento com a Stevens.

            Um mês. 

           Seguir em frente doía, óbvio que doía, porque ainda estava perdidamente apaixonada pela April, porém tinha ciência de que era o certo a se fazer naquele momento. Talvez estivesse sendo egoísta. Talvez. Mas priorizar a si mesma uma vez na vida não deveria ser considerado uma coisa ruim, tendo em vista que, se não se amasse em primeiro lugar, certamente nenhuma outra pessoa o faria. Nenhuma.

           Mesmo assim, seu coração sentiu culpa. Sentiu culpa por ter deixado April se resolver sozinha. Sentiu culpa por não ser forte o suficiente para ficar. Sentiu culpa por ter se colocado como prioridade, já que nunca tinha feito isso verdadeiramente antes. Sentiu culpa. E sentiu culpa por ter sido tão sincera com a Alicia sobre os seus próprios sentimentos, embora não tivesse a intenção de magoá-la, porém julgou ser o mais sensato a se fazer, dado que não poderia permitir que ela se iludisse com mentiras. E até que, no final das contas, a sinceridade foi o que fizera ambas avançar.

            Um mês.

           Esperava não estragar tudo.

           Sterling foi para o quarto de Blair, que estava concentrada digitando alguma coisa no notebook sobre a escrivaninha, e simplesmente se jogou na cama da irmã. Sua cabeça girava.

           Silêncio. E o silêncio se perpetuou por um tempo, mas só porque a mais velha nem tinha notado a sua presença.

           Sterling se viu interessada pelo que Blair fazia, curiosa, muito embora nem soubesse o que era. Supôs que só poderia ser algo relacionado à missão, até porque a mais velha não falou de absolutamente nada além daquilo durante todo o fim de semana. A visita aos Stevens foi a cereja sobre o bolo. Portanto, fincou ambos os cotovelos no colchão, elevando ligeiramente seu tronco superior, e tentou espiar o que é que a irmã tanto pesquisava. Não conseguiu, é claro. A única solução, portanto, foi ir até lá mesmo xeretar. Posicionou-se atrás de Blair.

— Quem é Jonathan Hartleben? — questionou de repente, intrigada, ao ler o nome da pessoa na barra de pesquisa do Google.

           Blair deu um pulo na cadeira, assustada.

— Porr- — quase soltou um palavrão, porém o suprimiu antes que saísse por completo; a mão levada ao coração, que se agitou. — Meu Deus, Sterling! Qual o seu problema??

— Qual o meu problema??? — indignou-se. — Eu tô aqui faz tempo! Você é que tá desatenta demais para o seu próprio bem!

           Com o retruque, a mais velha bufou, ajeitando-se na cadeira.

Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)Where stories live. Discover now