Não posso te prometer

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        Com muita classe e imponência, marca registrada sua, a advogada, dentro de seu terninho sob medida cor grafite, atravessava o grande corredor para pegar o elevador. Tinha acabado de sair de seu escritório. O impacto suave de seu salto alto sobre o solo de mármore era um claro indicativo a todos de que ela estava por ali.

       Pouca maquiagem, mas o suficiente para realçar a beleza singular, a qual já era bastante notável desde a juventude. Elegante dos pés a cabeça, nem precisava fazer muito esforço para conseguir tal feito. Uma proeza que só ela mesma tinha. Seu nome era sinônimo de profissionalismo, excelência e tenacidade. Quando abraçava um caso, fazia o possível e o improvável para obter sucesso. Não entrava para perder, mas tinha dignidade o suficiente para assumir para si quando errava. Rainha dos Debates, ela aprimorou sua habilidade de argumentação com o tempo. Era reconhecida no universo corporativo por sua obstinidade e sagacidade, sendo uma profissional simultaneamente amada e temida por muitos.

       April Stevens.

      Sim, isso mesmo. Ela, a própria. Mas não utilizava mais o Stevens como sobrenome, para não ter problema em ter a imagem de seu pai atrelada a sua.

      Desde o desaparecimento de John e, por consequência, todas as mazelas que vieram de combo, a jovem sabia que tinha de focar em alguma coisa para não cair em ruínas. Passou anos tendo de fazer terapia para que a ansiedade e a depressão não a devorassem como um animal selvagem, então se concentrou em ser a melhor profissional que poderia ser e estudou ainda mais para obter tal feito. Tinha de manter sua mente ocupada. Tinha de fazer algo que lhe desse propósito, algo que lhe mantivesse viva, porque toda a sua vida se mostrou uma mentira. E tudo convergiu para a desgraça. Ela assistiu de camarote tudo ao seu redor se deteriorar, mas se agarrou com todas as forças aos seus objetivos e seguiu em frente, certa de que tudo valeria a pena no futuro. Tinha razão, no fim das contas, porque realmente valeu. Não era por acaso que o seu escritório era um dos mais procurados de Nova York e o seu nome, um dos mais falados. Uma mulher poderosa. A porra de uma mulher incrível. Justamente o tipo de mulher que sempre desejou ser.

       April conseguiu, há seis anos, uma bolsa na Yale para cursar Direito. Fez três anos de Juris Doctor, um programa que oferecia aos alunos uma educação jurídica de amplitude e profundidade excelentes. Logo depois, ela seguiu para o LL.M. Degree, que era um curso de pós-graduação disponível para um número limitado de alunos. Tinha duração de um ano e levava ao grau de Mestre em Direito (LL.M.). Recentemente concluiu o J.S.D. Degree, que era um programa de Doutorado em Ciências do Direito (J.S.D.). Só poderia ser acessado pelos alunos que fizessem o LL.M. na Escola de Direito de Yale. Ou seja, April era, nada mais nada menos, que Doutora April.
  
        Como já fora dito, era referência e era referência em muitos aspectos, mas o seu reconhecimento precisamente começou por meio de suas constantes vitórias em casos sobre agressões ou abusos contra mulheres e crianças. Nunca perdeu um. Inclusive, houve uma vez em que ela teve de encarar novamente Craig Wu de frente, e fora ela quem saiu como a vitoriosa. É claro que a Rainha dos Debates não iria perder a oportunidade de desbancar o seu oponente com estilo. Depois de anos, vencê-lo foi satisfatório por dois motivos: primeiro porque significou a vitória de sua própria cliente, que pôde suspirar aliviada, pois viu a justiça ser feita; e segundo porque o sentimento de ter conseguido acertar as contas com ele diante do tribunal não tinha preço. Comemorou por horas.

        Merecia.

        E logo quando se mudou para Connecticut assim que conseguiu a bolsa na Yale, deixando para trás todo o seu passado em Atlanta, sua família fizera o mesmo, só que mais para o centro-oeste do país: Chicago, Illinois. Visto que uma boa parte da fortuna dos Stevens esteve retida devido ao desaparecimento de John naquela época, Krista teve de achar um jeito de sustentar sua família. Por sorte, sempre fora uma mulher independente e autossuficiente, portanto não teve problemas para empreender e começar o seu próprio negócio com as poucas economias que ainda tinha. Apostou em Lojas de Roupa e mergulhou fundo, experimentando o novo: como sempre esteve próxima de muitas mulheres, fossem elas endinheiradas ou não, e com bons gostos, sabia exatamente o que vender em suas lojas. Deu certo. Ayla, que tinha o sonho de ser estilista, desenhava alguns modelos e fazia o Marketing nas redes sociais para a mãe. Enquanto isso, Krista costurava, pondo em prática os dotes que aprendeu. Aprendeu com Margaret, sua sogra, que foi morar com as duas alguns meses depois da mudança para Chicago.

Teenage Bounty Hunters 2 (Stepril)Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon