CAPÍTULO 5

604 109 17
                                    

Todas as manhãs, costumo sair para pegar um pouco de sol. E agradecia por todos ainda estarem dormindo, assim não implicariam com aquele passeio.

Me chamo Mari Momo. Sim, meu sobrenome é incomum como deve ter notado. Sou a dama de companhia da minha ama Yuna Wamura, uma condensa. E tenho sido sua ama desde muito jovem.

O clima estava maravilhoso, nem muito frio, nem muito quente. Podia ver as flores de cerejeira caírem colorindo todo o jardim. Suspirei pensando em minha irmã, ela que havia me ensinado a gostar das cores e das sensações que as coisas simples me traziam, e tive a ligeira impressão que ela adoraria estar ali comigo.

Eu até gostava de me lembrar da Lisa, mas ao mesmo tempo isso me causava um aperto no peito e uma vontade de chorar, mesmo que não fosse necessariamente de tristeza, apenas de saudade.

Para esquecer um pouco dos meus pensamentos, andei pelo jardim analisando cuidadosamente uma abelha que procurava a melhor posição para pousar em um girassol. Eu amo os girassóis. Eles mudam de posição de acordo com a luz, sempre achei isso fantástico, acredito que se assemelham muito comigo. Estou sempre em busca de coisas que possam iluminar minha vida, talvez por que no fundo tenha medo da escuridão que sempre parece estar a meu encalço.

De repente senti um toque gelado em meu ombro e gritei me afastando. Levei a mão ao peito observando-o sorrir.

— Me desculpe — Ren segurou o riso prensando os lábios, mas seus olhos não negavam. — Não era minha intenção lhe assustar...

— Está falhando miseravelmente na sua tentativa de não rir, senhor — retruquei séria ajeitando minha postura, mas agora meu coração estava acelerado por outros motivos. Ele me encarou por alguns segundos, então pigarreou fitando o céu.

— Caiu da cama hoje?

— Sempre costumo acordar este horário.

Ren piscou com minha resposta, então sorriu de lado observando o céu alaranjado. O olhei de relance tentando parecer indiferente, não queria outro problema com a sua tia, por que ele teve que aparecer? Rendida pela minha vontade de admirá-lo, dei uma pequena espiada discreta.

— Imagino que seja para observar esta paisagem magnífica — comentou ele perdido em pensamentos.

Me voltei para o céu novamente e esperei que meu silêncio confirmasse sua suposição. Então percebi pelo canto dos olhos que ele me encarava, fingi não ter notado, então Ren se aproximou e eu o olhei dentro daqueles olhos lindos. Ren fitava minha testa.

— Caí — expliquei antes que ele me perguntasse e ele me encarou desconfiado. Meu coração disparou novamente e senti meu estômago revirar.

— Foi uma queda bem agressiva então... — Ren tocou minha testa e eu me encolhi no susto. Não era algo que eu esperava e acabei ficando nervosa demais. Ele sorriu sem mostrar os dentes e recolheu sua mão as colocando no bolso.

Minha nossa, meu corpo inteiro pulsava juntamente com meu coração. Engoli a seco tentando segurar meu nervosismo, mas meu mundo estava completamente ciente da presença dele de forma que mal conseguia apreciar minha visão extraordinária da manhã.

O observei pelo canto do olho discretamente e me senti feliz por estar ali com ele, senti vontade de segurar sua mão e de abraça-lo novamente, mas segurei meu impulso imprudente e me acalmei. Ren nunca me viu e nunca me verá com olhos românticos.

— Estava conversando com a Yuna — Ren se virou para mim e eu desviei o olhar imediatamente para o chão. — O que acha de irmos visitar as cachoeiras ainda essa semana?

Pisquei. Fazia muito tempo que não visita a cachoeira com eles. Meu coração palpitou e me senti nervosa. Isso seria simplesmente incrível.

— Eu também? — perguntei para garantir e ele sorriu da pergunta como se fosse óbvia.

O CONDE QUE EU AMAVAWhere stories live. Discover now