O CONDE QUE EU AMAVA

CAPÍTULO 80

Não sei ao certo como deveria me sentir, mas eu sabia que foi a decisão certa. Fechei os olhos lembrando dele dizendo que me amava, então sentia uma revolta crescer dentro de mim, revolta dolorosa que queria se externar, mas eu não permitia. Era melhor que Ren ficasse longe de mim, ele seria bem mais feliz assim, com alguém que realmente pudesse ajudar a sua família. Não estava decidindo isso por conta de Selena, mas eu sabia que parte dessa decisão tinha a ver com ela.

Querendo ou não, Ren tinha responsabilidades que apenas tornaram-se maior depois desse escândalo, e se tornarão maiores ainda depois do que eu, Yuna e sua amiga, Louise, estamos planejando.

No entanto, por mais que quisesse afirmar que me sentia completa, isso não era verdade, eu gostava de estar ali com Yuna, Louise e fazer parte daquele mundo, mas ao mesmo tempo, me via sentada ao lado daquela escuridão que fazia questão de me lembrar que era temporário, que talvez fosse melhor me afastar e acostumar-me com minha verdadeira vida, vida essa que não tinha nada a ver com aquela.

Eu não tinha mais medo dessa escuridão, eu sabia que seu único desejo era não me ver chorar mais. Suspirei.

— Eu não quero, Mari. — Beatriz negou a quantidade de dinheiro que eu lhe ofertei.

— Aceite, por favor — falei e Yuna concordou.

Relutante, Beatriz pegou aquele envelope e suspirou cansada.

— Sabe que gosto muito da senhorita, não sabe? Foi a melhor dama que já servi.

— Sabe que não sou uma dama...

— Você apenas não tem um título, mas se porta como uma verdadeira lady. — Sorriu me abraçando e eu retribuí sentindo meu coração apertar. — Tenho algo para lhe dar... — ela tirou de uma pequena bolsa um papel dobrado e colocou em minha mão a apertando junto com a sua. Eu também era muito grata por ter Beatriz comigo todo aquele tempo. E confesso que sentirei muita falta dela.

Respirei fundo voltando-me para Yuna. Seu olhar estava fixo em Beatriz que se afastava.

— Não se preocupe — falou ela. — Você ainda vai revê-la... — Deu as costas e andou na frente de volta a nosso esconderijo. Nós evitávamos sair com Louise, visto que ela não era nada comum, e quando precisava sair, usava uma peruca, porém nada se podia fazer para cobrir os cílios e as sobrancelhas.

Ela e Yuna não eram nada parecidas, tirando o fato de terem uma personalidade peculiar. Louise era direta e as vezes, lhe faltava um pouco de filtros, ela falava tudo o que lhe passava em sua mente, além de ter manias muito estranhas e detestar sol.

Yuna, no entanto, era calada, séria e um pouco arrogante. Odiava que a encarassem demais e costumava fazer perguntas diretas e constrangedoras quando o faziam. Não sei como ambas não se mataram ainda.

— Eu preciso me encontrar com Ren agora! — exclamou Louise decidida, assustando tanto eu como Yuna. As vezes, ela fazia isso, concluía seus pensamentos em voz alta assustando qualquer pessoa que estivesse perto. Meu coração disparou e minhas pernas gelaram ao ouvir o nome dele. Fiz uma careta, preciso me curar disso o mais rápido possível.

— Sabe que as coisas não funcionam desta forma, fique quieta — repreendeu Yuna.

— Eu preciso que ele mesmo me diga tais palavras, não você. — Ela se levantou, e Yuna fez o mesmo a observando séria. Me senti aflita. Mais uma vez elas iriam discutir, só hoje haviam discutido por 5 coisas diferentes. Fechei os olhos com força jogando meus cabelos para trás, já estava farta disso.

— Ele é meu irmão, eu conheço meu irmão melhor que qualquer pessoa...

— Ah, faça-me o favor Yuna, você nem conhece a si mesma...