CAPÍTULO 79

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Mari arregalou os olhos, então abriu e fechou a boca algumas vezes antes de finalmente dizer.

— Não deveria estar a minha procura, e sim atrás de uma dama que possa lhe ajudar a resolver seus assuntos, sua família precisa disso depois do que tudo aconteceu... O nome pelo qual você tanto preza, precisa de alguém que possa ajudá-lo a se reerguer.

— Não entendo...

— A senhorita Louise está na cidade para isso, por que não se casa com ela? — interrompeu ela e Ren sentiu um aperto forte no peito que o fez embrulhar o estômago. Assim que ela falou aquilo, ele se sentiu um tanto sem chão, então depois de alguns segundos em silêncio, disse:

— Por favor — sua voz saiu muito mais grossa que o normal, talvez por que pela primeira vez, quem o magoou fora ela, o quão profundo ele não sabia mensurar. — Eu entendo que não queira mais me ver, mas não trate meus sentimentos como se não fosse nada. Não me jogue desse jeito para outra pessoa para que possa se livrar de mim... Imagino que me despreze, mas não precisa fazer isso... — Ren cerrou os punhos. Seus olhos estavam ficando vermelho, assim como suas bochechas e lábios, ele então respirou fundo. — Imaginei que ao menos possamos ser amigos...

— Ren, eu apenas sou uma empregada — ela continuou e ele piscou. — Não posso ser sua amiga...

— Você pode...

— Eu não quero ser sua amiga. — Corrigiu Mari um tanto nervosa e ele se calou, então a observou por alguns segundos mais.

— O que deseja de mim, Mari? — perguntou finalmente, temendo a resposta, mas o que poderia fazer?

— Por favor, me deixe em paz — continuou ela e ele presou os lábios. Era justamente isso que não queria ouvir. Ela estava no direito dela de pedir isso, mesmo que ele se sentisse quebrado por dentro. Ren engoliu a seco.

— Muito bem, Mari... Eu o farei, mas antes, você sabe onde está Yuna? — perguntou e ela suspirou cansada.

— Vá no baile, amanhã. Yuna estará lá — falou saindo decidida dali.

Ren estaria mentido se ele dissesse que não tinha vontade de chorar, ele tinha, mas não chorou. Ficou alguns segundos lá enquanto uma chuva breve se iniciava. Ele estava em choque, o que aconteceu com Mari para que ela agisse desta forma? Nada parecia fazer sentido, mas suas palavras pareciam agir como facas em seu peito. Cada vez que se lembrava do que ela lhe disse, sentia aquela dor no peito se estender ao estômago. Foram os miados mais agudos de Queijo que o trouxeram para a realidade. O gato parecia estar em desespero enquanto agarrava-se a sua calça e escalava sua roupa. Ren o segurou com carinho sentindo-se dolorido.

Parece que ele havia a perdido de verdade. Olhou o bichinho tremulo e um pouco molhado.

— Ao menos agora eu tenho você, não é, Queijo? — disse o colocando no bolso do terno, e com cuidado saindo dali enquanto as gotas tornavam-se mais fortes. Queijo coube perfeitamente no bolso e pareceu se aquietar, mas vez ou outra miava para lhe alertar que estava com fome.

Durante toda a viagem, ele pensava em Mari. Ela parecia ferida, dolorida e na defensiva. E ele sabia o motivo disso, ou ao menos pensava que sabia. Preferia Mari feliz do que daquela forma. Então, por ela, decidiu tentar uma última coisa.


~∞~


— Do que se trata o assunto? — Ryan perguntou na defensiva enquanto se sentava no banco do bar que Ren havia achado para aquele encontro.

— Sobre a Mari — contou Ren um tanto aéreo e Ryan trancou o maxilar, parecia incomodado. O objetivo de Ren era ser breve, não queria prolongar aquela conversa.

— Você a achou? — perguntou Ryan aborrecido. O bar ficava um tanto escondido e habitava todo tipo de gente. — A mulher está completamente fora de si...

— Você... me disse que tinha sentimentos por ela...

— Isso foi antes de eu saber que ela estava mentindo para mim, e do que ela me causou...

— E se ela não tiver mentindo? — continuou ele sério e rígido e Ryan o olhou sem entender.

Uma mulher veio atendê-los.

— Cortesia das damas — disse ela apontando para um grupo de quatro mulheres que os olhavam com segundas intenções. Ambos as ignoraram.

— Não entendo do que está falando — murmurou Ryan impaciente.

Ele hesitou em dizer aquilo, mas por qual outro motivo Mari estava tão machucada? Se havia uma última coisa ele poderia fazer por ela, que seja isso. Ren tirou do bolso do seu terno um papel e colocou sobre a mesa. Ryan pegou o papel sem entender e o abriu.

— Você... — Ele arregalou os olhos. — Você está dando um dote para uma empregada?

— Pare de chamá-la assim — resmungou Ren aborrecido. — Ela tem tudo o que precisa para se encaixar como uma dama, então... — Ele engoliu a seco, as palavras pareciam não querer sair, ele não queria falar, não queria isso, mas não era por ele, era por ela. — Case-se com ela. — Continuou e Ryan piscou ainda segurando aquele papel.

Ryan sorriu sem acreditar e bebeu de uma vez aquela dose de bebida que o deram.

— Por que está me propondo isso? Deve gostar mesmo dela... Por que você não se casa com ela?

Ren fechou os olhos impaciente. Esse homem as vezes era irritante.

— Eu o faria se ela o quisesse...

— Foi rejeitado por uma empregada?

Ren bateu na mesa o assustando.

— Qual o seu problema?! Pare de chama-la assim!

— Por que você quer me obrigar a isso? — perguntou Ryan sério. Ren cerrou os punhos. Então se acalmou.

— Se você quer um dote, ela tem um dote, se quer uma propriedade, a Mari tem uma propriedade em seu nome, se você disse ter sentimentos por ela, e mexeu com os dela, tome a responsabilidade por isso e case-se com ela.

— Não entendo por que está fazendo isso...

— Por que... — ele elevou a voz, mas se acalmou. — Por que ela o ama, e eu... eu a amo. — Sentiu-se um miserável. Então se levantou dali. — Não continue a agir desta forma, ou vai magoá-la como eu a magoei... e vai ser tarde demais. — Saiu dali a passos decididos.

Sim, ele tinha certeza disso, tinha certeza de que a amava, e por isso, desejava que ela fosse feliz. E foi nisso em que se agarrou.





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Logo logo estarei colocando mais capítulos!

Lembrando que estamos na reta final do livro. 

Obrigada a todos que acompanharam até aqui!

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O CONDE QUE EU AMAVAWhere stories live. Discover now