CAPÍTULO 10

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Ouvi uma voz ao longe me chamar, então fiquei atenta, mas poderia ser apenas algo da minha cabeça, certo? Foi então que o som ficou ainda mais claro.

— Mari! — Ren me chamava em desespero.

Aquela voz me fez saltar da cadeira em que estava, o que será que aconteceu? Me levantei rapidamente largando a pena e o papel e quase me melei com a tinta. Sem me importar com a mancha que ela deixou na carta que já estava pela metade, saí às pressas em direção a porta. Por que Ren me chamava desta forma? Abri a porta e o encontrei ali, ofegante e tenso.

— Ren? O que aconteceu? — perguntei preocupada e o vi olhar de uma forma diferente em meus olhos. — Ren? — minha voz quase falhou. Ele entrou no meu quarto e fechou a porta atrás de si virando a chave, então respirou fundo olhando a janela. Agia como se não estivesse em si. Me aproximei do canto do quarto visivelmente confusa e preocupada. O que significava tudo aquilo? Ele nunca agiu desta forma. Ren andou até a cortina e a puxou escurecendo o quarto, e eu pisquei sentindo minhas pernas falharem. Óbvio que aquilo não fazia sentido, afinal era surreal demais para ser verdade. Então busquei a alternativa mais óbvia. — Por acaso, está se escondendo de alguém? — perguntei e ele me olhou por cima do ombro de um jeito que me fez engolir a seco.

— Não — Me respondeu depois de alguns segundos e veio em minha direção, não me dando tempo sequer de pensar no que falar. Ren segurou minhas duas mãos e prendeu contra parede, abri a boca surpresa, e para respirar melhor, acho que meu nariz não dava conta da rapidez com que meus pulmões trabalhavam.

— O que... — Antes que falasse, ele se aproximou beijando-me nos lábios. Senti meus pelos se arrepiarem e acho que fiquei na ponta dos pés por não saber ao certo como reagir àquele estímulo. Pude jurar que até esqueci como se ficava em pé, pois minhas pernas enfraqueceram no mesmo instante.

Ren soltou minhas mãos e eu as deixei cair lentamente sobre seu ombro. Ele apenas estava tocando meus lábios com os seus, mas aquilo era o suficiente para me fazer sentir tantas coisas...

Fechei meus olhos e amoleci por completo, se fosse gelo, certamente já estaria derretida. Ren abriu sua boca acariciando meus lábios com os seus e eu me arrepiei mais uma vez sentindo o estômago revirar. Então caí em mim, ele estava me beijando? Sim! Ele estava me beijando! O Ren estava me beijando! Suspirei e ele me levantou prensando-me contra a parede e se afastando para olhar-me nos olhos. Nem saberia explicar o que meu corpo estava sentindo, estava quente, muito quente, a ponto de explodir, segurei seu ombro largo e era como se energia emanasse dele, me deixando um tanto frenética e cheias de expectativas.

Segurei seu rosto com ambas as mãos o olhando com carinho, eu o amava, sabia disso. Ren fechou os olhos como se ao mesmo tempo que estivesse feliz com aquele carinho, estava lutando contra algo dentro dele. Senti seus músculos tencionarem e a veia das suas têmporas saltarem como sinal de que ele estava cerrando a mandíbula.

Então ele abriu os olhos, sério e muito mais decidido do que anteriormente passou a mão na minha cintura a apertando ao mesmo tempo, arfei agarrando-me ao seu ombro. Não satisfeito, ele se aproximou do meu ouvido e lambeu o lóbulo da minha orelha, me arrepiei numa mistura deliciosa de cocegas e prazer.

— Mari — sussurrou meu nome no meu ouvido e eu arregalei os olhos sentindo meu corpo pulsar. O que era isso? — O que você quer? — sussurrou colocando uma de suas pernas entre as minhas enquanto me apertava contra a parede. Eu pisquei rapidamente impressionada com aquilo. Todas aquelas sensações, como ele podia fazer sentir tudo aquilo?

Foi então que meu olhar se foi a janela. Estremeci no mesmo instante e tudo o que estava quente gelou. Selena estava lá. Nos olhando com ódio, mas fitei no que ela segurava, era uma arma. Uma que ela guarda na gaveta da sua mesa de cabeceira. Sem demonstrar um pingo de emoção, ela apontou a arma para Ren que estava distraído beijando meu pescoço.

— Ren! — O empurrei ele piscou sem entender. Então olhou para trás por cima do ombro. — Saia daí! — Tentei empurra-lo, mas ele se colocou na minha frente. — Saia Ren! — O empurrei mais uma vez, mas ele era rígido e forte, não consegui fazê-lo sair do lugar já que ele não queria se mover. — Saía Ren!

O barulho do tiro me fez estremecer. Ren!! Não! Abri os olhos e olhei fixamente o teto do meu quarto. Me sentei com o coração batendo contra o peito e trêmula. Foi um sonho?! Fiquei ainda alguns segundos sem entender o que havia acontecido. Primeiro o beijo e depois o tiro, a tia, o beijo... Levei ambas as mãos a cabeça e baguncei meus cabelos fazendo um bico.

— Por que o sonho não terminou no beijo? Assim poderia me sentir frustrada por ter terminado ao menos... — respirei fundo olhando-me no espelho. Pisquei. — Tinha que ser um sonho mesmo, até parece que ele me beijaria. — Me lembrei da sua tia nos olhando e me abracei. — Pensando bem, ainda bem que era um sonho...



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