CAPÍTULO 85

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O observei discretamente, ele vestia uma calça folgada e estava sem camisa, os cabelos estavam molhados e um pouco bagunçados como quem acabou de esfregá-los de qualquer jeito com a toalha. Fechei os olhos com força me sentindo nervosa, agora como hei de sair dali sem que ele me visse? Seria impossível! Mesmo estando parcialmente escuro, Ren me pegaria no flagra. Ele andou pelo quarto terminando de enxugar o cabelo enquanto eu me mantinha escondida torcendo para que não me olhasse e admirando discretamente suas costas largas e fortes, seus ombros e braços definidos, seu corpo muito bem feito e atraente.

Ele foi até o cabideiro que ficava próximo a sua escrivaninha e estendeu a toalha, então encostou-se na mesa e cruzou os braços.

— Vai ficar escondida até que horas? — perguntou e eu fechei meus olhos com força sentindo-me uma idiota. Ruborizada, me levantei rapidamente e sorri de nervoso.

— Bati na porta e... você não respondeu... — expliquei juntando uma mão na outra e evitando contato visual, mesmo que percebesse que ele me analisava. Ren ficou em silêncio por alguns segundos.

— Você... precisa de ajuda com algo? — perguntou e eu mordi o lábio inferior enquanto agarrava o tecido de minha camisola de seda. Agora que me dei conta de que estava vestida de forma imprópria em sua frente, na realidade, uma mulher casada vestiria algo como aquilo, não eu. No entanto, não vem ao caso.

— Gostaria de agradecer pela minha irmã — falei e ele piscou.

— Não fiz nada, a não ser convidá-la para vir — explicou ele. — Sabia que ela era importante para você, e queria tê-la buscado pessoalmente, mas vendo seus esforços para se afastar, temi que isso tivesse um efeito contrário... — Ele olhou a janela por alguns instantes pensativo.

— Ren...

— Eu sinto muito pelo conde que você amava — falou olhando-me fixamente. — Eu sei como é dolorido...

— Ren, ele não é o conde que eu amava — falei finalmente e ele piscou confuso. Bem que Ryan havia dito que Ren fez uma confusão, na realidade, eu sabia que aconteceria, mas não queria ter que desfazer esse mal entendido, seria difícil demais falar o outro motivo pelo qual não queria ficar com ele, por que no fundo, eu sabia que para Ren nada disso importava, só que não me sentia apta para isso. Estava com medo de me machucar...

— Mas...

— Eu deixei que pensasse isso, não queria ter que admitir...

Ele relaxou os braços enquanto mantinha seus olhos fixos em mim, então se aproximou. Senti meu corpo esquentar mais ainda com sua suposta aproximação e pensei em fugir no mesmo instante, mas não o fiz, e me deliciei com aquela expectativa, mas ao contrário do que queria, ele parou no meio do quarto.

— Admitir oque? — perguntou ele sério. Vi seu peito subir e descer, e seus olhos brilharem intensamente. Agarrei-me ainda mais ao tecido do meu vestido e engoli a seco.

— Desculpe por não ter sido clara, por ter fugido desta forma... sei que me procurou.

— Procurei, mesmo sabendo que me odiava...

— Eu não lhe odeio, Ren... — respirei fundo tomando coragem. — Eu apenas não queria vê-lo ou isso me faria querer estar ao seu lado, mesmo que soubesse que não é meu lugar...

— Quem lhe disse isso? — Ele se aproximou um pouco mais e eu me afastei topando na cama, sentei nervosa.

— Todos dizem... Você precisa de uma dama que tenha títulos...

— Todos podem dizer o que quiserem, mas eu digo o que eu quero, e eu quero você. — Afirmou convicto e eu o olhei boquiaberta, as palavras saíram da minha boca e eu me levantei sentindo apenas meu coração pulsar contra o peito. Não satisfeito, ele continuou. — Não faria sentido passar o resto da minha vida sendo a pessoa mais rica do mundo, se não tiver ao meu lado a pessoa que amo. — Ele se aproximou e, frustrando minhas expectativas mais uma vez, sentou-se na cama olhando-me. Me virei para ele com a respiração ofegante. — Mas também não faz sentido ter a pessoa que eu amo ao meu lado, se ela não me amar de volta. — Prensou os lábios sorrindo.

O CONDE QUE EU AMAVAWhere stories live. Discover now