CAPÍTULO 84

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A mansão era bem verde e bonita, e havia algumas cerejeiras no jardim. Nunca tinha conhecido aquela propriedade, porém era tão bonita quanto as outras pertencentes aos Venoza. Agradeci por Ren não estar ali, o que me permitia mais um tempo com o coração no peito. Minhas pernas gelavam, assim como minha barriga. Talvez não esteja preparada para isso. Talvez não esteja preparada para vê-lo.

Mas para quase tudo que nos tira da zona de conforto, nunca estamos preparados, certo? Então respirei fundo me acalmando. Descemos da carruagem e Yuna e Beatriz me acompanharam em direção a entrada. Me aproximei da porta hesitante, e de repente, a mesma se abriu e um homem que nunca vi na vida surgiu. Ele era muito bonito e alto, tinha um olhar penetrante e era bem sério, mas parecia ser alguém bom. Pisquei sem entender e tive medo que isso significasse algo ruim, mas confiava em Yuna e Beatriz. Dei mais um passo e então uma mulher passou por ele e seus olhos se encontraram com os meu.

Pisquei por alguns segundos me sentindo estranha e meu corpo inteiro rebuliçou, demorei alguns segundos para recolhê-la. E então dei um passo para trás em choque.

— Mari?! — Ela deu um passo para frente. — Mari, é você? — Sua voz era doce e firme, como sempre foi.

Eu não conseguia dizer absolutamente nada, nem me mover, estava tão absorta que meus pensamentos fugiram de minha mente.

— Te apresento a Duquesa Johnson — disse Yuna satisfeita.

Não tive reação, apenas lágrimas que desceram pelo meu rosto sem parar, como as cachoeiras de Hikari. Meu peito estava tão apertado que nem respirar fazia com perfeição. Solucei puxando o ar e ela correu na minha direção.

— Lisa... — Foi a única coisa que consegui dizer.

Seu abraço foi apertado, sorri a abraçando de volta e escondendo meu rosto em seu ombro.

— Eu procurei tanto você! — Ela segurou meu rosto olhando-me com cuidado como fazia quando me machucava, pelo visto nunca perdeu essa mania.

— Você continua pequena como uma azeitona — falei e ela sorriu enquanto chorava.

— Parece que não mudei muita coisa, não é? — acariciou meu rosto e eu sorri. —Você não perdeu as suas covinhas...

Lisa estava gelada e trêmula, tenho certeza que eu não estava diferente. Fechei meus olhos com força enquanto a apertava contra mim. Não tinha palavras para agradecer, nem que pudessem expressar minha gratidão por poder revê-la. E tive a singela impressão, ao abrir os olhos, de ver a mamãe com minhas outras 4 irmãs nos olhando, elas vestiam branco e pareciam satisfeitas. Sorri permitindo-me chorar tudo o que estava dentro de mim, por tantos anos, tudo aquilo estava sendo vomitado em forma de lágrimas. Voltei a fechar os olhos a apertando contra mim. Talvez assim impediria que ela desaparecesse.

Me afastei dela para ver seu rosto de novo. Continuava bochechuda com aqueles olhos grandes, sorri. Era ela, era minha amada irmã. Então meus olhos foram a Ren que estava no topo da escada ao lado do homem misterioso, ele me olhava com aqueles olhos sorridentes.

— Vamos entrar — Yuna falou. — Vocês podem chorar um pouco mais lá dentro, tenho certeza que temos lenços...

Eu queria perguntar muitas coisas a Lisa, mas tinha que ir devagar, uma coisa de cada vez.

— Como soube de mim? — perguntei e Lisa sorriu.

— No jornal, por acaso eu li um jornal, nunca costumo ler esses tipos de informativos de fofoca, mas eu li dessa vez e seu nome estava lá. Quando eu li "Mari Momo" eu nem consegui me mexer, achei que tivesse vendo coisas, mas não, era seu nome de verdade. Então li sobre o que dizia de você, e conforme eu lia, mais sabia que era você... Então eu mandei uma correspondência aos Wamura, demorou bastante para chegar, afinal eles ainda estavam aqui, mas finalmente o senhor Wamura me respondeu — contou ela quase atropelando as palavras.

O CONDE QUE EU AMAVAWhere stories live. Discover now