CAPÍTULO 34

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Suspirei, poderia lhe dizer qualquer coisa, lhe contar uma mentira sem pé nem cabeça, mas desejei somente naquela vez lhe contar a verdade, ao menos parte dela.

— Ela se chamava Lisa Momo — falei e ele continuou a me olhar. — Conheci ela quando era pequena e ela era como uma irmã para mim, na verdade...Ela era minha irmã mais velha... — Mordi o lábio inferior pensativa. Ryan me olhava atentamente, não parecia me julgar, apenas estava disposto a me ouvir. — Nos separamos muito jovens, ela estava em uma situação difícil e seu tutor era um homem muito hostil, não pude ajudá-la quando fui embora, muito menos garantir que ela não fosse... morta por ele...

Eu sabia que ele tinha muitas perguntas, mas se conteve.

— Conheceu ela na mansão Wamura? — perguntou e eu me senti nervosa, então assenti. Ryan caiu em pensamentos. — Faz muito tempo, mas lembro do tempo que passei na mansão e conheci seu irmão e você.

O olhei arregalando os olhos, Yuna nunca me contou este fato!

— Você não deve se lembrar, era bem pequena... Mas eu conheci uma senhorita lá também, não me recordava do nome dela ser Lisa Momo... É uma pena pensar que ela sofria desta forma...

Não, ele estava equivocado! Esta não era a Lisa... Mordi o lábio inferior me sentindo estranha. Ah, talvez ele esteja falando da duquesa Louise. Fechei os olhos com força me sentindo pior do que antes, agora ele estava achando que a duquesa havia falecido.

— Não é bem...

— Você não tem certeza que ela está morta, não é? — perguntou e eu assenti. Me pergunto se Lisa ainda está viva...

— Mas é quase certo, se eu tivesse feito algo, ela...

— Não sei a circunstância de sua separação exatamente, mas me sinto invejado por ela ter arrancado lágrimas tão profundas de você. Se eu morresse por qualquer motivo, gostaria de ter alguém que me levasse no coração, que lembrasse de mim... — Ele pensou a respeito enquanto arrancava uma grama próxima a ele, então sorriu. — Se um dia tiver filhos, gostaria de saber que fui o melhor pai para eles... Quero que eles me levem em seu peito com carinho. — Olhou-me. Pisquei sentindo um calor irradiar para meu coração. Eu levo a Lisa no meu coração, lá dentro ela sempre estará viva, assim como minha família...Sorri. Ryan não poderia entender, talvez por que não sofreu dor parecida, e também não sabe da história com detalhes. Suspirei me sentindo mais tranquila. Isso não era culpa dele.

— Você tem cara de que leva jeito para crianças... — comentei mudando de assunto.

— Você acha? A última que tentei me aproximar me jogou uma maçã! — contou e eu ri.

— Até consigo imaginar tal cena.

— Foi cômica, apenas não para mim que me contorcia de dor por ter sido em uma parte tão sensível do meu corpo.

Gargalhei percebendo que ele me olhava com satisfação, quase como se ver-me assim o deixasse pleno e realizado, senti meu estômago revirar e desviei o olhar sentindo meu corpo esquentar por completo, quase um ardor e uma vontade súbita de sentir os lábios dele contra os meus. Engoli a seco. O que é isso Mari? Um espírito libertino tomou conta do seu corpo?

Ficamos em silêncio por alguns segundos enquanto eu controlava meus pensamentos.

— Acho bom voltarmos, Beatriz já deve estar preocupada... — falei e ele concordou se levantando de imediato e me ofereceu sua mão, aceitei e ele me puxou levantando-me de tal forma que fiquei em sua frente.

— Concordo — disse com a voz rouca, grave e sensual o suficiente para me fazer arrepiar. Por que... Por que meu corpo estava reagindo desta forma? Por que? — Ou não poderei conter o impulso de beijá-la — falou sério, arregalei os olhos surpresa e boquiaberta. — E nenhum dos dois deseja isso, certo? — Ele me analisou por alguns poucos segundos. Fiquei parada onde estava, não sabia nem como reagir a isso, então andou na frente.

O CONDE QUE EU AMAVAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora