O CONDE QUE EU AMAVA

CAPÍTULO 52

Me sentia um tanto aérea, não queria ver Ren em lugar algum, ao mesmo tempo que no fundo desejava vê-lo. E acho que ele notou que eu o evitava. Não gostava de fazê-lo sentir-se desta forma, mas Selena foi bem clara a respeito do nosso relacionamento.

Lembro até hoje de nossa conversa. Como sempre ela era cruel com suas palavras e usava de pontos fracos meus, e dessa vez foi Ren.

Seria muito melhor para a família Wamura se eu apenas me afastasse deles. Suspirei olhando pela varanda do quarto. Às vezes, sentia raiva de mim mesma por ser manipulada desta forma. Eu literalmente estava em suas mãos, e não acreditava que Ren tivesse coragem suficiente para ir contra suas ordens, não queria ter expectativas nele e confiar plenamente em suas palavras, mesmo que ele tenha me dito ter sentimentos verdadeiros por mim.

— Está um dia muito bom lá fora, não deseja sair? — perguntou Beatriz preocupada, eu tenho mesmo passado muito tempo em meu quarto, é que evitar dois homens que não param quieto era um trabalho um tanto fatigante, mas não podia fazer isso para sempre ou Selena aparecia aqui novamente e me encheria de ameaças.

— Está mesmo, que tal me acompanhar em um passeio? — perguntei no momento que ela ia sentar na sua cadeira com tricô em mãos, sorri. Isso é por que ela falou que faria de tudo para me unir com Ryan, imagine se não estivesse se esforçando tanto, porém não tenho o que reclamar, prefiro ela assim. — Posso pedir que Núbia me acompanhe...

— Por que não pede a seu noivo? — perguntou ela e eu pisquei me sentindo aborrecida.

— Ryan não é meu noivo — a repreendi um tanto mais séria do que deveria e Beatriz piscou sem entender, então andei para fora do quarto. Isso estava começando a me tirar do sério. Desci as escadas rapidamente a andei pelo salão a passos largos enquanto me diria a saída lateral da casa, que aborrecimento, toda essa história de noivo, isso estava...

Parei assim que ouvi uma voz masculina diferente. Eu e minha terrível sorte de escutar as conversas alheias, mas essa chamou-me a atenção. Afinal o homem falava com Selena.

— ... Nada? — perguntou ela baixo.

— Ainda nada — respondeu ele.

— Seu imbecil — rosnou raivosa e eu pisquei sentindo medo de ser descoberta. — Será que eu mesma terei que resolver?

— Desculpe senhora. Irei providenciar o mais rápido possível... — se afastou. — Eu apenas preciso de alguma prova, qualquer coisa... trate de ser mais rápido! Estou ficando impaciente!

Do que eles falavam? Cocei a nuca.

— Yuna? — a voz de Ryan me fez dar um solavanco na mesma hora. Selena olhou em nossa direção e sorriu nervosa. Fiz o mesmo.

— Vão fazer um passeio? — perguntou ela e eu pisquei rapidamente.

— Sim! — agarrei o braço do Ryan na mesma hora e ele me olhou surpreso e confuso. — Estávamos saindo nesse instante — menti enquanto sorria. Pelo visto estava aprendendo a mentir com mais naturalidade e isso não era algo que eu me orgulhava.

Sem saber exatamente o que se passava em minha mente, Ryan concordou e me guiou para o jardim. Senti o olhar de Selena em nossa direção, ela estava absurdamente suspeita. Avistei o homem que a informava sobre alguma coisa se afastar da mansão, nunca vi Selena nervosa como estava ainda pouco, quase como se alguém tivesse ouvido o que não deveria. Mordi o lábio inferior. Definitivamente ela estava escondendo algo, e aquele homem estava atrás disso.

—... Yuna? — Ryan perguntou mais uma vez e eu notei que nem o escutava.

— Sim? — O olhei por cima do ombro e ele respirou fundo, então se afastou cruzando os braços.