CAPÍTULO 11

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— Menina! — A governanta brigou comigo fazendo-me quase engasgar com a maçã que comia. Bati no meu peito freneticamente a fim de não morrer. — Já viu que horas são?! Vá levar um lanche para eles!

Eu estava sentada na varanda. Era 15 horas da tarde e, por tanto, meu horário de lanche, Yuna já havia deixado bem claro isso, mas parece que não significou nada para aquelas mulheres. Fui em direção a cozinha com a metade da maça na boca.

— Boa tarde... — falei pegando a cesta já preparada. As mulheres da cozinha me olharam, mas fingiram que eu não estava ali. Dei de ombros, isso era para ser trabalho de outra empregada, mas eu sabia que a governanta apenas não aguentava me ver em paz. Porém eu não me importava de sair um pouco.

Yuna estava com Ren no chalé não muito distante da mansão. Até que eu gostava do lugar, apesar de evitar andar por lá já que era onde Ren passava a maior parte do seu tempo. Me pergunto se conseguiria reagir de forma natural com ele ali, sem me lembrar do sonho.

Conforme me aproximava do chalé, avistei Yuna na varanda sentada no balanço que havia em uma árvore lá próxima enquanto lia um livro. Ela piscou assim que me olhou e sorriu.

— Mari! — acenou como se eu não tivesse a visto ainda. Sorri. Yuna era bem energética, característica que não compartilhava muito com Ren, se bem que vez ou outra ele agia como ela, falante e extrovertido. Porém isso acontecia com pessoas com quem ele era mais próximo, isto é, eu e ela.

Era raro Ren ser irritante, mas acontecia vez ou outra. Yuna reclamava quando o menino acordava virado no demônio, como ela dizia. Sorri ao lembrar de quando ele a perseguiu pela casa inteira para lhe dar um beijo no rosto. Yuna não gostava desse tipo de afeto, nem que ele fosse grudento, mas ele fazia de propósito, a abraçava e fazia cócegas, isso sempre resultava em gritos pela casa e as vezes, o rosto vermelho de Ren. Porém, ele achava divertido. Eu não me incomodaria com esse tipo de carinho, eu acho.

Ren fazia a mesma coisa com sua tia, a velha parecia perder a compostura quando ele a abraçava e pedia para que ela tivesse calma, no entanto, creio que essa tática já está ficando ultrapassada. Ao menos com ela, Yuna geralmente cede logo.

— O que trouxe aí? — perguntou ela enquanto me via mastigar a maçã.

— Lanche, pelo cheiro deve ter geleia de pimenta — falei sorrindo e ela fez uma careta.

— Não entendo o gosto de vocês, chame Ren pra mim, por favor. Ele está entretido demais batendo naquele negócio, talvez com você o chamando ele resolva sair.

— Tudo bem... — deixei a cesta com Yuna e corri para dentro do Chalé. Subi as escadas da entrada. O lugar era inteiro de madeira e tinha o teto de vidro meio fosco, o que o tornava claro. Não havia muita coisa lá dentro a não ser um saco de areia preso numa estrutura bem rígida de madeira um pouco mais baixo que onde eu estava. Ren estava o socando e chutando com afinco quando eu passei pela porta. Seus cabelos estavam molhados de suor e ele estava sem camisa. Passei meus olhos pelo seu tronco nu definido e suado enquanto ele ainda não tinha me visto. Seus ombros definidos, as veias saltantes nos braços, tudo era bonito demais.  Minha nossa, ele era simplesmente magnífico. Me lembrei do sonho e engoli a seco. Foi então que ele me olhou, havia acabado de dar um soco no saco.

— O...oi, Mari! — O saco voltou contra seu corpo e ele o abraçou no reflexo. — Oi... — falou novamente. Parecia surpreso ao me ver, devo tê-lo assustado.

— Desculpe o susto. — Sorri.

— Que? Não... — respondeu ele ainda agarrado ao saco, então como quem percebesse, soltou-o rapidamente e coçou a nuca sem jeito. — O que...

O CONDE QUE EU AMAVAWhere stories live. Discover now