CAPÍTULO 15

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Quando chegamos em casa, já estava esperando o pior, meus ombros estavam tensos e não parava de bater freneticamente o pé direito no chão da carruagem. Yuna me perguntou duas vezes no caminho o porquê de estar tão tensa, mas eu não poderia simplesmente lhe dizer a verdade, já que Selena estava ali olhando-me com um sorrisinho de lado, sinal de que ela tinha tudo em sua mente.

Porém, estranhamente Selena não falou absolutamente nada assim que passamos a porta da mansão, ela simplesmente foi para seu escritório. Fiquei confusa, mas continuei com meus trabalhos e fui ajudar Yuna a tirar o vestido de passeio e vestir algo mais casual. E assim como eu, ela também estava estranha, quase como se algo lhe afligisse tanto a ponto de não poder contar-me oque.

— Você está aérea desde o parque, o que aconteceu? — Yuna perguntou olhando-me fixamente. Dei de ombros suspirando. — Hm... Parece que tem algo te incomodando. — Ela se sentou no canto da cama e pegou um travesseiro o colocando em seu colo arregalando aqueles olhos bem desenhados para mim. Sorri prensando os lábios. É óbvio que não contaria sobre minha paixão por seu irmão, já que a mesma não fazia ideia. Delaide estava certa, eu e o Ren nunca seremos um casal. Ele é um conde e eu sou apenas uma empregada. — Vamos, me conte! Nós somos amigas, não somos? — Sorriu amigavelmente.

Eu gostava de Yuna. Ela era uma boa madame. Na verdade, eu os conheço desde que era pequena e isso me deu uma intimidade maior do que qualquer outra serviçal.

Quando eu vim para a mansão Wamura tinha apenas 8 anos. Posso dizer que fui adotada para que pudesse fazer companhia a Yuna. Eu, ela e o Ren nos tornamos verdadeiros amigos.

Lembro como se fosse o hoje o dia em eu pisei os pés nessa mansão e me deparei com os olhos marejados de Yuna e os olhos preocupados e tensos de Ren. Também estava assustada, mas não podia perder essa oportunidade. Respirei fundo.

— Não é nada, não precisa se preocupar — falei e ela fez um bico desconfiada. Sorri. — Estou falando a verdade...

— Está bem, irei acreditar em você. — Ela fitou a janela, então suspirou. — Sabe, Mari...Às vezes eu sinto muita saudade dos meus pais — falou reflexiva.

— Eu imagino. — Fitei o chão de madeira por alguns segundos. — É perfeitamente normal. — Me adiantei, fui até a penteadeira e peguei uma escova. — Uma hora a saudade vira algo gostoso e não dói mais tanto — expliquei apontando para a cadeira.

— As vezes, me pergunto o que aconteceu... — Ela fungou se levantando e se dirigindo ao banco, então soltou seus cabelos compridos, pretos e ondulados. Pisquei.

— Vai passar... — Meu pensamento se voltou ao meu passado e senti meu peito arder.

— Ah! Mudando de assunto. — Yuna se voltou para mim. — Como estão as cartas para o tal Conde Venoza? — perguntou curiosa.

— Você mesma deveria escrever estas cartas, Yuna. Ele pode ser seu futuro esposo.

— Já disse que isso não vai acontecer — afirmou convicta. — Não irei me casar com ele, mal o conheço ...

— As cartas podem servir para isso, para conhecê-lo — expliquei.

— Não, Mari... — Ela se levantou ficando de frente para mim. Yuna era alta, seu rosto era pequeno e ela era muito bonita, apesar de ser considerada bem magra. Sua pele era clara como a minha e seus olhos castanhos um pouco mais escuros que os meus. Seu nariz era mais arrebitado que o meu e menor, assim como seus lábios. Ela parecia até mesmo uma boneca. — Você não entende nada de amor — falou convicta.

— E o que eu tenho que entender?

— Para você conhecer alguém, não é estudando como se faz para aprender alguma coisa nova. As pessoas também têm energia. E pelas cartas não tem como eu sentir se a minha energia é semelhante a dele...

Sorri achando graça.

— De onde tirou isso, Yuna?

— Vai dizer que nunca encontrou alguém que por algum motivo especial você se sentiu mais atraída? — Ela me olhou tão séria e fixa que vacilei. Talvez ela tenha razão. Pensei em Ren e fiz um bico. Yuna sorriu como se tivesse acabado de ganhar aquela pequena discursão. — Quando encontramos pessoas assim, de certo ele será nosso par para o resto da nossa vida! — Sorriu pegando a escova de minhas mãos e penteando seus próprios cabelos. — Quando você encontrar alguém assim, me avise.

Arregalei os olhos sentindo meu coração palpitar. E se... Oh, céus! E se eu e Ren estivermos predestinados? Eu sinto que a minha energia e a dele se completam! Sorri ao imaginar-me casando com ele, em seus braços e até um beijo!

— Será?... — Sorri levando as mãos a bochecha. Yuna me olhou por cima do ombro.

— O que foi? Mari, você está vermelha! — Sorriu. — Oh! Minha nossa! Não vá me dizer que tem alguém que você gosta! Quem é?!

— Ninguém! — Balancei as mãos em modo negativo, precisava mudar de assunto o mais rápido possível — Mas... Você pode conhecer o conde Venoza um dia! Quem sabe...

— Não, Mari. Quero me casar com um homem que conheça e goste. Se possível alguém de nosso país. Não precisarei me mudar para Brillian para tal. Só estou me sujeitando a isso por que a titia ficou responsável pela gente. — Yuna prensou os lábios. — Ela só viaja gastando o dinheiro do papai. Nunca está aqui e ainda acha que está certa em encher-me de ordens. — Revirou os olhos claramente aborrecida.

Fiquei em silêncio sem saber ao certo o que dizer.

— Recebi uma carta — contou-me ela e eu parei de desatar os laços do seu vestido. Finalmente a peça escorreu pelos seus braços e caiu em seus pés. A olhei nos olhos. Yuna me encarava séria e decidida. Estremeci.

— Posso saber do que se trata? — perguntei temerosa de sua resposta, pois sabia que não seria algo que gostaria de ouvir.

Yuna mordeu o lábio inferior passeou o olhar pelo quarto pensativa, suspirou e voltou-se para minha direção enquanto se afastava para que pudesse juntar o vestido caído.

— Bem...Terá uma exposição e eu quero participar... — contou ela e eu parei o que estava fazendo e a encarei confusa e pasma. Não haveria como ela participar dessa exposição, Yuna é mulher e solteira! Ela sabe como as regras são rígidas. Mesmo que suas pinturas eram maravilhosas, não era seu lugar. Competir com outros homens iria gerar uma enorme polémica. Mas eu sabia que Yuna sabia destas coisas, e se ela estava tão decidida, muito provável que tinha um plano.

Eu a admirava. Queria ter um pouco de sua determinação, mas eu sempre me sentia insegura, sempre tinha medo, nunca era corajosa o suficiente para não me sentir tão à mercê. Yuna era o completo oposto de mim, e eu me sentia um pouco mais segura com ela ao meu lado.

— E como pretende participar? — perguntei apenas para ouvi-la me contar seu plano.

— Ainda estou pensando sobre isso — Sorriu nervosa, soube disso pois seus lábios tremeram. Engoli a seco.

Foi quando bateram na porta do quarto, tanto ela como eu nos assustamos. A porta foi aberta antes que ela ordenasse e Selena entrou ali com um envelope em mãos. Minhas pernas gelaram, meu coração disparou e pareceu até mesmo que parei de respirar. Dá forma que ela entrou ali, esta mulher tinha apenas um objetivo.



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Aposto que estão curiosos!! 

Mas vou fazer vocês esperarem um pouquinho hehehehe

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O CONDE QUE EU AMAVAWhere stories live. Discover now