CAPÍTULO 53

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REN WAMURA:

Definitivamente a culpa era dele. Ele mal conseguiu dormir naquele dia pensando a respeito dessa suposta paixão que Mari disse ter em Ryan.

Se ele pudesse ser mais honesto consigo mesmo, teria evitado muitas coisas, mas o que poderia fazer agora se claramente o que ela sentia por esse conde era visivelmente recíproco? Ele respirou fundo sentado na poltrona no quarto em que estava hospedado. Ren vestia um terno preto, como gostava de se vestir, seus cabelos estavam penteados para trás e não tinha nenhum pouco de barba, visto que não apresentava essa característica bem comum naquele país.

Ele cruzou a perna e massageou a têmpora na tentativa de melhorar o cansaço que sentia, toda vez que pensava no beijo deles, tinha vontade de brigar com Ryan, com Mari..., mas estaria sendo hipócrita se fosse brigar pelos motivos corretos, estava enciumado, de fato. Era ele para estar naquele lugar e não Ryan. Seu coração apertava sempre que ele pensava em Mari casando com este homem.

Se ela realmente desejasse isso, ele não interferiria, não diria a verdade para Ryan, não faria absolutamente nada se for o que ela desejar. Ele queria que ela fosse feliz, mesmo que não fosse com ele, mas pensar nisso o deixava um tanto aborrecido, na verdade, muito aborrecido.

Esses dias que ela o tem evitado apenas o deixou ainda mais aflito. Será que realmente ela não sentia nada por ele? Será que realmente havia se apaixonado completamente por esse conde? Suspirou magoado. Se fosse isso, o que ele poderia fazer? Obrigá-la não estava em seus planos.

Isso abriu uma clareza diferente em sua mente, doía, mas ele sabia que seria pior vê-la chorar por estar infeliz. Tudo menos isso.

Ele foi despertado dos seus devaneios com uma batida na porta. Ren se levantou e a abriu. Ryan estava lá, ele segurava um rifle e o olhava com tédio. Ren cruzou os braços claramente na defensiva.

— Vamos treinar pontaria, você vem? — perguntou Ryan sem muito interesse.

— Eu não atiro em animais — retrucou Ren se encostando no batente. Ryan riu como se ele tivesse contado uma piada.

— Não se preocupe, não vamos atirar no Oliver. — Sorriu.

— Ei! Eu ouvi isso! — Oliver falou não muito distante deles.

Ren colocou a cabeça para o lado de fora e viu que um homem, um dos Lowis, estava ali. O rapaz então lhe entregou um rifle e saiu andando na frente.

— Usaremos discos, não se preocupe — Ryan falou com desdém enquanto descia as escadas. Ren o ignorou e olhou o rifle em sua mão, então colocou a alça no ombro, respirou fundo e deu de ombros, por que não?

Ele desceu as escadas e avistou que até Arthur iria, piscou achando aquilo tudo uma atividade inovadora, já havia praticado tiro, mas sobre a tutela de um professor. Não era bem o seu forte, ele se dava melhor com adagas e lutas corpo a corpo.

Eles subiram nos cavalos, cada um em um, e foram para o meio da floresta. O seu era uma bela égua de pelagem preta. Ele acariciou o animal para que ela pudesse se sentir mais confiante com ele a guiando, então subiu e os acompanhou. Segundo Arthur Venoza, a propriedade em que praticariam não era muito longe dali e pertencia a ele também. Era como uma casa de campo com bosques amplos.

Ren não lembrava de ter andando por aquela área quando veio, então fez questão de observar tudo atentamente. Arthur contava uma história engraçada sobre quando ensinou Ryan a atirar e Ren sorriu da parte que o menino quase acertou o pé do pai. Inevitavelmente ele lembrou-se do seu e prensou os lábios tentando não pensar nisso.

— Já levei um tiro — Ryan apontou para o abdômen.

— Lembro bem... — Oliver resmungou melancólico e então olhou por cima do ombro para Ren. — Nossa família tem muitas histórias assustadoras.

Ren piscou curioso e então cavalgou mais rápido para ficar mais perto e participar do assunto.

— Foram atacados? — perguntou para Ryan pensando já na segurança de Mari.

— Tecnicamente sim — Ryan respondeu. — Fomos salvar algumas pessoas de um sequestro.

— A Sara e uma convidada da família Lowis... — continuou Oliver. — Eu me sentia bem seguro já que meu melhor amigo estava até disposto a morrer pela minha irmã — riu Oliver. Ren olhou para Ryan.

— E Oliver estava mais preocupado com a convidada da família Lowis do que com a própria irmã. — Ryan retrucou e Oliver o olhou bravo. Foi inevitável Ren não sorrir.

— Hoje ela é casada, uma duquesa, com o homem que nós jurávamos que era seu irmão, acredita?

Ren piscou rapidamente e pigarreou desviando o olhar nervoso. Precisava de alguma coisa que pudesse mudar de assunto o mais rápido possível.

— E por que elas foram sequestradas? — perguntou rapidamente.

— É uma longa história, vocês falam demais... — Arthur reclamou e Ryan fez uma careta. Oliver torceu os lábios e suspirou se aproximando de Ren como quem fosse contar um segredo. Ren se inclinou para ouvi-lo. Estava curioso, não podia negar.

— A mulher que mandou sequestrá-las era a antiga esposa do senhor Venoza e mãe de Núbia, ela não era muito normal, entende? — Ren assentiu atento e Oliver continuou. — Felizmente as coisas terminaram melhor impossível.

— E ... essa mulher não vai tentar nada novamente, vai? — perguntou ele preocupado.

— Não mesmo, ela está a sete palmos do chão nesse momento.

Ren ficou aliviado. Então percebeu que as pessoas da rua estavam olhando-o com atenção e cochichando a seu respeito. Claro que isso aconteceria, ele era diferente do comum e sua presença causava um certo rebuliço dos que ali estavam, nas mulheres principalmente. Ele prensou os lábios constrangido tentando não sorrir de nervoso, mas suas covinhas eram mais rápidas.



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 Adoro quando meus personagens fofocam de outros livros meus.

O CONDE QUE EU AMAVAWhere stories live. Discover now