CAPÍTULO 7

544 107 13
                                    

Sorri observando o céu. Estava uma tarde maravilhosa e fresca, do jeito que costumo gostar. Eu e a Yuna costumamos sair 3 vezes na semana para tomar um pouco de sol fora da propriedade Wamura. Até que não me importo muito de sair, por que as vezes me sinto sufocada pela rotina do meu serviço. E eu gosto de me sentir livre, de sentir os raios de sol na minha pele ou ouvir o canto dos pássaros. Respirei fundo aproveitando a brisa fresca que vinha contra minha pele. Hoje eu estava absurdamente feliz.

Mas confesso que isso tinha um motivo a mais. Olhei discretamente para ele ao nosso lado. Era raro Ren nos acompanhar nos passeios, porém quando isso acontecia, o dia ganhava uma cor especial.

Desviei o olhar assim que ele reparou que o encarava.

— Está bem feliz hoje, Mari — comentou ele levando ambas as mãos ao bolso. Sua voz grave e suave soava como veludo para meus ouvidos. — Aconteceu algo de especial? — perguntou curioso.

— Você sabe que a Mari sempre teve essa cara risonha. — Yuna comentou olhando em volta.

— De fato — Ren voltou-se para frente enquanto acompanhava os passos de sua irmã.

— Olhe lá, Ren. Lá vem ela ...— Yuna cutucou o irmão discretamente chamando sua atenção para a odiosa Mikaela Martinez. Parece que a sorte não estava conosco naquele dia. Eu simplesmente odiava aquela dama de nariz arrebitado que não perdia a oportunidade de jogar-se em Ren. Será que ela não percebia que esse comportamento não era nada charmoso?

Logo minha felicidade inteira se foi quando a mulher de olhos enormes, pernas compridas, cabelos castanhos claros e compridos se aproximou dos irmãos Wamura.

— Oh, minha nossa. Que grande prazer em os ver! — exclamou ela abrindo o leque e se abanando. Semicerrei os olhos para sua dama de companhia que me deu um sorrisinho arrogante. — Me pergunto o porquê de nos vermos com tanta frequência, seria o destino? — perguntou diretamente a Ren que lhe sorriu com cortesia, mas claramente desconfortável.

Pisquei impressionada com sua capacidade de ser tão desinibida. Não era destino coisa nenhuma, e sim suas empregadas que sabiam quando íamos sair! Vez ou outra via sua empregada de conversa fiada com as meninas que trabalhavam na mansão Wamura. Revirei os olhos e bufei, infelizmente alto demais.

A mulher me olhou de relance e sorriu com superioridade, como sempre. A verdade era essa. Eu não era nada, ninguém importante na qual uma baronesa deveria ser preocupar. Era impossível que alguém como Ren Wamura se apaixonasse por mim. Um conde com uma empregada? Que grande bobagem.

— Você está muito bem, Mikaela. — Yuna comentou amigavelmente a fim de melhorar o clima, e a mulher sorriu de uma orelha a outra.

— Por que não saímos em um passeio? — enroscou seu braço nos de Ren e ao mesmo tempo nos de Yuna se metendo no meio deles e os puxou para longe. — Não precisamos de nenhuma dama... — falou antes que os seguissem. Deixei meus ombros caírem enquanto os observava se afastar de mim. Mordi o lábio inferior me sentindo irritada, quem ela pensa que é para agir desta forma? Uma baronesa, uma nobre, por tanto ela tem o direito... Resmunguei aborrecida para mim mesma.

Para não bastar minha irritação com a baronesa, suas empregadas não paravam de me olhar com ironia, como se fosse patética. As fitei brava e elas riram umas com as outras.

— É muita coragem dessa coitada se achar importante... — Ouvi uma delas comentar enquanto sorriam propositalmente para me irritar.

Cerrei o punho e saí a passos rápidos em direção a Yuna e Ren.

— Não ouviu a nossa ama? — Uma delas se aproximou rapidamente e segurou meu cotovelo. Ela me olhava visivelmente irritada. Pisquei a observando nos olhos.

— Disse certo, vossa ama, não minha — retruquei rapidamente e puxei meu braço novamente.

A empregava sorriu quase como se eu tivesse a desafiando e isso fosse um absurdo. Levei ambas as mãos ao quadril e a olhei fixamente impaciente.

— Você é muito convencida, quero ver essa sua carinha risonha quando for expulsa daquele lugar... — Pisquei olhando o horizonte como quem a ignora e ela riu. — Ai, minha nossa... — Ela levou a mão ao peito com deboche e desdém, a fitei irritada e sentindo um aperto no peito. — Tadinha, ela acha que é importante... — Isso fez as outras empregadas caírem na risada, pisquei rapidamente me sentindo envergonhada. — Pode sonhar, querida, mas sonhe alto por que quando cair, vai ser um belo de um espetáculo. — Então ela me deixou ali sozinha. Prensei os lábios cerrando os punhos e respirei fundo. Então voltei a ir em direção a Yuna.

Não entendo por que incomodava tanto elas, se eu não tinha chance de qualquer forma, por que as pessoas insistiam a me lembrar disso? Suspirei chateada. Mas sorri assim que vi Ren ao longe. Ele piscou assim que observou e prensou os lábios segurando uma risada. Fiz o mesmo olhando em volta para ter certeza que ninguém me olhava.

Então discretamente e sem que Mikaela o visse, ele juntou as mãos como se fosse rezar e moveu os lábios para que eu os lesse dizendo: "me tire daqui, por favor". Sorri, mas virei o rosto tampando a boca para que não me vissem. Voltei a olhá-lo e ele fez outro sinal de como estivesse sendo esforçado, até colocou a língua para o lado de fora. Segurei a gargalhada. Ren estava vermelho de tanto segurar a risada e tenho certeza de que eu não estava diferente.

Ainda fazendo sinais e movendo a boca ele me pediu que o observasse bem. Pisquei o olhando atentamente.

— "Estou com muita fome, e você?" — perguntou e eu acenei em modo positivo, então ele me pediu para esperar, então se voltou para Mikaela. Não pude ouvir o que falaram, mas não demorou muito para que Ren e Yuna viessem em minha direção. Ele me olhava fixamente e Yuna agradecia pelo feito.

Sempre que saímos assim, fazíamos um piquenique ao ar livre. Fomos até próximo onde nossa carruagem estava e peguei as coisas dentro do veículo.

Ren me ajudou a montar a toalha.

— Pelo visto a conversa com a senhorita Martinez estava muito interessante — comentei e ele sorriu.

— Me sentiria muito melhor se ela ficasse em silêncio... — ele reclamou e puxou a cesta de minhas mãos para colocar as coisas sobre a toalha. Olhei para Yuna curiosa e ela sorriu.

— Ela tem uma voz um tanto irritante — contou Yuna — e seus assuntos são um tanto...

— Irritantes — ele complementou.

— Deveria pegar um pouco mais leve, meu querido irmão, afinal ela será sua esposa... — Yuna comentou e eu pisquei sentindo meu coração apertar no mesmo instante e um frio percorrer minha espinha. Suspirei e olhei de relance para senhorita Martinez rodeada de suas empregadas lhe ajudando com seu lanche e cuidando dela, ela era perfeita, aposto que suas mãos eram macias, já as minhas... Eram ásperas e grosseiras por conta do meu trabalho...

— Não irei me casa com ela — afirmou Ren com certeza.

— Mas você sabe que a titia...

— Não importa o que a titia fale, a resposta final sempre será a minha — retrucou ele sério e eu pisquei. Nunca tinha visto o Ren tão sério como ele estava agora, então ele me olhou e eu pisquei rapidamente sentindo meu coração bater em disparada. Ren prensou os lábios e desviou o olhar rapidamente para as pessoas do parque.

Oh, céus... Será que seria errado se eu acreditasse que talvez ele no fundo sinta algo por mim? 

§~~~~~~~~~~~~~§ 

Eai? O que vocês acham?

O CONDE QUE EU AMAVAWhere stories live. Discover now