CAPÍTULO 28

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Me senti um pouco mal, talvez não deveria falar tais coisas já que ele deixou bem claro que não sentia nada por mim, mas o jeito como ele demostrava sua falta de interesse mexia com meu orgulho. Suspirei sentindo uma tristeza estranha surgir em meu peito. Então ignorando aquele sentimento inovador, voltei ao meu quarto. Precisava tirar aquela roupa sufocante.

Assim que me troquei por roupas confortáveis, escolhi uma sala iluminada que ficava próximo a biblioteca para ler o livro. Estava ainda no começo quando, infelizmente, minha paz foi tirada com Ryan parado sobre a porta de braços cruzados e expressão carrancuda como uma criança que acabou de ser contrariada. O olhei por cima do livro e suspirei.

— Deixe-me imaginar, deve me chamar para alguma coisa? — supus fechando o livro e o encarando. Ele sorriu disfarçando que acabou de ser descoberto.

— Esqueceu-se que devo lhe ensinar a ao menos montar em um cavalo? — perguntou um pouco impaciente e eu pisquei. Não tinha esquecido, mas estava contando que, depois daquele desentendimento de agora a pouco, ele fosse desistir, ao menos por hoje de se aproximar de mim. No entanto, estava equivocada.

— Muito bem, espero que tenha paciência comigo — disse me levantando e indo em sua direção.

— Esse é um dos meus maiores atributos, mas vou deixar que a senhorita descubra por si só — retrucou com sarcasmo.

— Puxa, acaba de estragar a surpresa — usei de tom irônico e o vi sorrir mostrando aqueles dentes brancos. Ryan seguiu na frente. — Espero descobrir a tal humildade também — retruquei e ele me olhou por cima do ombro numa mistura de desagrado com divertimento. Até que agir como Yuna não era tão desagradável.

— Aí eu seria quase irresistível — replicou ele.

— Não posso discordar — sorri e ele me encarou por alguns segundos mais do que o normal. Me senti ligeiramente desconfortável, passei muito tempo com Yuna, por que eu não conseguia controlar minha boca? Falava sem sequer pensar... Pigarreei e abaixei a cabeça. Ryan então se voltou para frente e continuou me conduzindo ao celeiro que não ficava muito distante da mansão.

A primeira coisa que fiz ao sair ao ar livre foi observar o céu azul e belo, admirar as árvores e sentir o vento fresco contra minha pele. Usava um vestido bege com detalhes amarelo claro de mangas curtas e um pouco bufantes.

— Você sempre faz isso? — perguntou Ryan próximo ao cavalo enquanto me olhava com atenção.

— Isso o que? — perguntei segurando o vestido para não tropeçar nele e me aproximei a passos mais rápidos.

— Olhar as coisas em volta, sempre observa tudo como se estivesse em uma exposição de arte.

Sorri achando engraçado aquilo. Realmente gostava de apreciar as coisas em volta.

— Gostaria de um dia ir em uma exposição de arte — comentei e ele sorriu.

— Seria interessante ver sua expressão diante de tais obras. Tenho certeza que adoraria vê-las.

— Não faço tantas expressões assim — retruquei levando as mãos ao quadril. Ele sorria se divertindo.

— Você faz mais o menos assim — Ryan fez uma expressão exagerada de surpresa misturada com admiração que mais parecia uma careta assustada.

— Mentiroso! Não faço tal cara.

— Talvez essa... — E lá veio outra careta boba. Dei um pequeno tapa sobre seu peito rindo e ele segurou meu pulso, como quem se defende.

— Não acredito mesmo que faço esta cara! — reclamei enquanto tentava segurar o sorriso e senti o momento em que sua mão deslizou até a minha a segurando. Arregalei os olhos e o sorriso se desfez no mesmo instante. O encarei. Ryan ria, mas parou assim que notou minha expressão. Então piscou desconcertado e soltou minha mão rapidamente.

— Bem... É engraçado de qualquer forma — gaguejou e se voltou ao cavalo. — A cela já está pronta para que você suba.

Olhei aquele cavalo me esperando subir nele e senti medo. Era alto e eu não fazia nem ideia de como guiar um cavalo. Como quem percebeu meu temor, Ryan sorriu e levou ambas as mãos ao bolso.

— Não precisa ter medo, eu estarei aqui para ajudá-la.

— Dá última vez que subi em um cavalo, realmente caí dele — contei e ele sorriu.

— Desta vez não vai cair — falou se aproximando, me assustei com suas mãos em minha cintura, Ryan me ergueu com rapidez e força colocando-me sobre o cavalo, passei a perna para o outro lado rapidamente e me agarrei as rédeas como se minha vida dependesse disso, então, para minha surpresa, Ryan subiu logo atrás de mim.

Na maioria das aulas que Ren me dava, ele ficava desta forma comigo. Isso me deixava sempre bem nervosa e feliz ao mesmo tempo. Desta vez me sentia tensa, quer dizer, ele estava muito próximo a mim! Quase podia sentir sua respiração em meu pescoço! Fechei os olhos com força e o abri decidida a me concentrar em apenas andar a cavalo.

Ryan o conduziu devagar enquanto eu olhava fixamente para a rédea concentrada. Até que conseguia me equilibrar sobre aquele cavalo. Será que finalmente as aulas de Ren tinham feito resultado? Quando me senti mais segura, observei o céu, as árvores, o vento e o canto dos passos que compunham uma cena incrível.

— Ryan... Olhe esse pôr do sol! — Apontei para o ponto onde as nuvens capturavam a luz do sol e tornavam-se alaranjadas quase vermelhas e os feixes de luz atravessavam alguns pontos fazendo uma cena digna de um quadro. Ryan se voltou para onde eu estava apontando e não disse absolutamente nada durante todo o passeio. Aquele silêncio me deixou um pouco aflita e nervosa. Tive medo de que ele tivesse reparado na peruca ou percebido, de alguma forma, que eu não era a Yuna e sim apenas uma desconhecida se passando por ela.

Toda vez que me lembrava que estava mentindo, sentia medo e alguma coisa dentro de mim se contorcia em dor. Espero que Yuna mande logo esta carta e acabe com este sofrimento. Não quero machucar ninguém...

Porém, infelizmente, isso era quase inevitável.



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Veremos....

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