CAPÍTULO 76

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A única coisa que passava em minha mente era o fato de que estava sendo arrastada por uma completa desconhecida que aparentemente é a pessoa mais monocromática que já conheci em minha vida, ela não era só incomum, como também parecia ter uma condição hereditária, daquelas que se passam por famílias, pisquei quase tropeçando em uma pedra e ela me olhou.

— Mari, poderia ser mais rápida?

— Ryan lhe chamou de Louise, você é a Louise amiga de Yuna? — perguntei curiosa e ela sorriu.

A moça era verdadeiramente muito bonita. Me perguntava como os cabelos dela ficaram tão claros, quase brancos, será que ela havia nascido assim ou tornou-se com o tempo?

Nunca tinha conhecido uma pessoa albina. Aumentei o passo enquanto me dava conta de que chamávamos muita atenção. Então paramos sobre uma carruagem e um senhor bem vestido se adiantou e abriu a porta.

— Obrigada — disse ela entrando. Entrei logo atrás achando tudo aquilo muito peculiar e perguntando-me para onde ela estava levando-me, mesmo que no fundo já tivesse uma breve ideia. — Sim, sou amiga de Yuna — respondeu ela e eu pisquei. Por que Louise estava ali? Ela havia dito que fugiu, será mesmo isso verdade ou ela e Yuna planejaram alguma fuga juntas? Com qual objetivo?

— Para onde está me levando? — perguntei e ela sorriu com o canto da boca.

— Para onde Yuna está — respondeu enquanto a carruagem seguia viagem pelas ruas estreitas daquele lugar. Senti meu coração encher-se de alegria, veria Yuna viva e bem! Confesso que me senti nervosa, muito provável que ela tenha lido o jornal. O que explicaria? Como lhe diria o por que disso tudo quando o plano inicial era completamente outro?

Antes que continuasse aquela conversa com a senhorita Louise, paramos em frente a uma cabana próximo a um bosque. O lugar estava um pouco movimentado e uma senhora que tricotava na porta daquela pequena cabana nos olhou quando saímos da carruagem.

— Bem vinda de volta, senhorita Louise, temos uma visita hoje?

— Sim, está é a Mari, vamos entrar para conversar melhor, algum suspeito apareceu? — perguntou e a mulher negou com a cabeça.

— Os mesmos de sempre, Valquíria me disse que nem sequer o viu pelas proximidades, tem certeza que ele não a seguiu?

— Sim — Louise respondeu animada, então voltou a me puxar. Sorri sem jeito para a senhora de pele escura e olhos afiados, ela me sorriu de volta e eu finalmente adentrei naquele lugar que era maior do que aparentava.

Conforme nos aproximávamos, mais nervosa ficava. Não imaginei que esse reencontro aconteceria tão brevemente. Louise abriu a porta de um quarto e me puxou para dentro. Parei assim que vi Yuna sentada na poltrona do quarto. Louise finalmente me soltou e eu me senti tensa. Yuna era a mesma, mas seu olhar estava diferente, seu olhar estava mais rígido, mais afiado e mais profundo, quase como se ela tivesse passado por maus os bocados. Pisquei engolindo a seco e olhei o jornal sobre sua mesa.

Yuna se aproximou e eu a encarava procurando qualquer sinal de raiva, mas não vi absolutamente nada, seu olhar continuava ilegível e muito mais maduro. Então ela respirou fundo e jogou-se sobre mim abraçando-me. Arregalei os olhos surpresa.

— Mari! Quanta saudade! — disse apertando-me contra ela. Meus olhos encheram-se de lágrimas no mesmo instante. Não acredito que ela estava viva! Por tanto tempo eu estive me culpando por sua morte, mas a vendo assim, viva e bem, me sentia emocionada. A abracei de volta sem pensar exatamente em algo para lhe dizer. Tinha muitas coisas que eu precisava contar, era uma lista vasta de explicações, mas antes que começasse, ela se afastou segurando minhas mãos, e continuou: — Me desculpe por desaparecer por tanto tempo, não imaginei que Selena fosse nos descobrir. Fui muito ingênua. — Respirou fundo e eu vi uma cicatriz próxima a sua orelha que se estendia pelo seu pescoço até os ombros. Pisquei surpresa. Yuna logo percebeu meu olhar e sorriu sem jeito.

— Ele tentou matar você? — perguntei e ela prensou os lábios assentindo.

— Foi por pouco, se não fosse Louise talvez eu estivesse morta agora.

Olhei Louise que observava toda a situação enquanto estava sentada na cama. Eu tinha tantas perguntas, mas sabia que era necessário começar com uma de cada vez. Olhei Yuna fixamente.

— Preciso que não esconda nada de mim, por que você foi embora? Sei que não era por causa da exposição, sei que queria descobrir algo a respeito de sua mãe, mas o que Yuna?

Yuna respirou fundo, então se afastou indo em direção a mesa e pegou o jornal mostrando-me.

— Foi você quem fez isso, não foi? — perguntou e eu assenti hesitante, havia decidido que não teria mais medo da verdade, não importando as consequências.

Yuna sorriu.

— Como descobriu essas coisas? — perguntou com aqueles olhos brilhantes de quem estava gostando e eu me senti um tanto mais confiante.

— Roubei as cartas de Selena — contei e ela arregalou os olhos.

— Todas elas? — perguntou e eu assenti.

— Acredito que sim. — disse e Yuna sorriu, dessa vez seu olhar era maquiavélico, engoli a seco. Se eu era vingativa, Yuna era muito mais. Ela então passou a mão em sua cicatriz fechando os olhos, parecia pensar. Olhei para Louise confusa e ela deu de ombros.

— Ela está pensando — disse Louise ainda sentada na cama. — Você mudou um pouco nossos planos — continuou ela e Yuna soltou o ar com força.

— Não, foi perfeito — disse a condensa mostrando um convite sobre a mesa. Me aproximei pegando o convite e arregalei os olhos surpresa. Era um convite para o baile que acontecerá na casa dos Lowis. Do aniversário do filho mais novo. — Tenho certeza que Selena não deixará de ir a esse baile, mesmo com toda essa confusão, se o fizesse estaria saindo de cena como uma covarde, coisa que ela é, mas nunca vai admitir. Selena vai para mostrar que ignora tudo isso, que não passou de comentários absurdos, e é lá que vou fazê-la pagar por tudo o que me fez... — O olhar de Yuna estava distante e eu senti um pouco de receio.

Eu tinha raiva de Selena, mas não tocaria em um fio de cabelo dela visto minha condição. Então me lembrei que Yuna era uma Condensa, e Louise era uma duquesa, ambas tinham títulos e nomes prestigiados, podiam fazer o que bem entendessem.

— Como conseguiram esse convite? — perguntei e Luise se levantou.

— Não foi difícil, algumas pessoas conhecem-me, visto que minhas características são um tanto marcantes, e não deixariam de me convidar para um baile.

Por mais que as informações fizessem sentido, apenas queria saber a história como um todo. As olhei confusa e Yuna voltou a se sentar na cadeira.

— Vou lhe contar tudo, não tem por que esconder visto que muito provavelmente você sabe uma boa parte da história também.

Assenti e Yuna engoliu a seco como se quisesse falar sobre o assunto, então tirou da gaveta uma carta.





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Finalmenteeee, o que será que Yuna vai contar??

O CONDE QUE EU AMAVATahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon