CAPÍTULO 68

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Entrei no quarto dela olhando em volta e me certificando que ninguém mais me olhava. Nessa hora do dia, geralmente ela está no andar de baixo no escritório com a senhora Venoza, imagino eu. Respirei fundo ainda sentindo vontade de chorar, mas segurei tudo aquilo, e com a coragem que desenterrei de onde nem sabia que existia, comecei a procurar nas gavetas, mas não havia nada, nenhum sinal delas. Me senti ansiosa e como se estivesse em perigo eminente, foi então que avistei uma mala de mão no canto do guarda roupa. Me aproximei rapidamente e a tirei dali abrindo-a sobre a cama, a mala estava repleta de dinheiro solto e havia alguns envelopes de cartas novas e antigas. Abri cada envelope e tirei todas as cartas que encontrei deixando apenas os envelopes vazios, então coloquei a bolsa no lugar e enfiei os papeis dentro do meu vestido.

Enquanto o fazia, avistei em cima do guarda roupa uma pequena caixa, me aproximei sentindo que deveria sair dali o mais rápido possível, mas minha curiosidade era maior. Fiquei na ponta dos pés e peguei a caixa rapidamente, então a abri ali mesmo, pisquei ao ver outros papeis e uma arma.

Já tinha entrado em contato com uma arma, Ren me ensinou como segurar uma, como carregá-la e usá-la. Engoli a seco observando-a, então peguei os papeis antigos que ali tinham e fiz o mesmo. Precisava garantir que encontraria algumas respostas ali. Depois que terminei, coloquei a caixa no lugar, mas algo veio em minha mente. Só havia mais uma coisa que precisava fazer...

Saí do quarto me sentindo nervosa, então corri para meus aposentos e fechei a porta atrás de mim, felizmente Beatriz não estava ali. Peguei minha mala e coloquei todos aqueles papeis, tentei ler um ou outro, mas meus olhos estavam repletos de lágrimas, minha mente remoía tudo o que Ryan havia me falado, me perguntava se Ren estava bem e só conseguia imaginar o pior, mas não queria pensar que a culpa era minha, mesmo que fosse.

Mordi o lábio inferior me sentindo um completo caos. E me lembrei que não era mais bem vinda ali. Respirei fundo passando a mão em meu vestido bonito e ajeitando meus cabelos para parecer mais confiante, então percebi que tremia.

Logo se iniciou uma chuva e eu fechei os olhos com força, precisava um pouco mais de coragem. Apenas um pouco mais. Respirei fundo voltando-me para a mala com as cartas. Talvez se eu as lesse agora, poderia provar a Ryan que não estou mentindo, mas havia algo que me fazia hesitar; e se nas cartas não tiver nada além de conversas da Selena com algum conhecido e não for nada do que imaginamos, e se realmente Yuna tiver morrido? Cerrei os punhos temerosa disso, mas alguma coisa me dizia que minha intuição estava certa, porém antes que pudesse iniciar, ouvi a porta ser aberta e fechada com força.

Me virei e senti meu coração acelerar. Selena estava ali, ela respirava de forma ofegante, como se tivesse louca. Me afastei desconfiada caso ela quisesse vir para cima de mim. A observava atentamente, ela escondia uma das mãos atrás do corpo e isso me deixava aflita e em alerta.

— Você... — Selena fechou os olhos e então sorriu. — Você é como uma praga, uma praga que não morre, não some, está sempre no meu encalço atrapalhando tudo o que quero, todos os meus planos... — riu. — Eu odeio você, odeio...

Abri a boca, mas a fechei, não queria irritá-la mais do que ela já estava irritada.

— Eu nunca fui a favor desse plano.... — falei finalmente.

— Além de ser burra, é ingênua, achou mesmo que queria casar você com Ryan para substituir alguém da minha família? — sorriu. — Você seria meu pião para sempre, em troca faria com que seu marido fizesse o que eu desejasse, mas isso era ótimo para você, afinal estaria tendo uma vida de nobre, não é? Não foi o que sempre quis? Corria atrás de Ren por isso, e agora tinha um conde em suas mãos, mas o deixou escapar por conta de uma decência que você não tem! E agora vai voltar para o lixo, de onde veio. Que grande vitória! — exclamou sarcástica.

Mordi o lábio cerrando os punhos. Não satisfeita ela continuou.

— Você acreditou mesmo que O conde Venoza iria acreditar em você? — gargalhou ela e eu me senti humilhada. — Chega a ser engraçado a sua confiança, ingenuidade, não, eu chamo de burrice, arrogância. Achou que ele iria aceitar se unir com uma empregadinha, uma qualquer? Ryan só aceitou esses encontros por causa do seu título, por causa dos acordos, você achou mesmo que ele iria abrir seus braços e te receber sabendo quem você é? Ao menos ele tem mais senso que o imbecil do meu sobrinho. Agora olhe onde você está. — Riu — Vi voltar para o lixo de onde veio.

— E em você, ele acreditou? — perguntei tremula e ela estremeceu. — Pelo visto teremos que voltar para o lixo juntas. — falei irritada, me sentindo ferida, me sentindo quente, queria bater nela, mas não ousei.

— Não, não vamos... — Selena revelou uma faca e eu estremeci, ela iria tentar matar-me? Me afastei rapidamente tropeçando em meu próprio pé e caí sentada no chão, mas me levantei rapidamente a observando ainda no mesmo lugar. Ela então usou a faca para rasgar sua própria roupa e eu pisquei me sentindo pasma.



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Gente...

O CONDE QUE EU AMAVAWhere stories live. Discover now