CAPÍTULO 61

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Beatriz me ajudou a me trocar enquanto estava perdida em meus pensamentos. Vesti um vestido fino e confortável feito para ficar em casa.

— Você conhece o senhor que corteja a senhorita Lowis, Beatriz? Sabe se ele está na cidade? — perguntei e ela piscou.

— Não deveria se aproximar tanto dessa moça, senhorita Wamura. Não sabe que ela está de olho em seu prometido?

— Não é por que os outros não gostam dela, que eu deva não gostar também, Beatriz — falei e ela torceu os lábios contrariada. — Além do mais, ela tem mais razão para se sentir ameaçada por mim do que eu por ela, cheguei bem depois.

— Não fica incomodada com ela aqui? O senhor Venoza pode acabar cedendo a seus feitiços — resmungou e eu sorri achando graça.

— Não sou noiva do senhor Venoza, e a senhorita Lowis não é uma bruxa para ter feitiços, se ele por acaso quiser casar-se com ela, será por escolha própria, não por alguma arte maligna vindo dela. Acredito que o senhor Venoza tenha escolha, não é? — Suspirei pensando sobre minha vida. — Já tenho que arcar com as reponsabilidades das minhas escolhas, por que tenho que tomar conta das deles também como se fosse responsável por isso? Não faz sentido... — prensei os lábios reflexiva. Não me sentia mais tão perdida como estava anteriormente, era como se de alguma forma, pudesse enxergar uma pequena luz no fundo daquela escuridão enorme, me mostrando que toda aquela escuridão que achava ser minha vida, era na verdade um túnel de passagem.

Assim que me troquei, saí a sua procura. Aproveitaria que Sara estava visitando a mansão Venoza para me aproximar dela, queria saber por qual pretexto Selena estava se aproximando da moça e se isso tinha algo haver com algum plano. Me aproximei do quarto que ela estava e percebi que a porta estava entreaberta, será que ela estava recebendo alguma visita? Parei assim que ouvi a voz de Ryan. Prensei os lábios pensando que talvez não fosse uma boa ideia escutar a conversa dos outros, que sorte a minha, sempre me coloco em situações do tipo.

— Você pode me perdoar? — a ouvi falar, pisquei me sentindo nervosa.

— Eu não tenho o que perdoar, Sara — Ryan respondeu aborrecido. — Foi por isso que me chamou aqui? Vou me retirar então.

— Ryan eu...

— Vou deixá-la descansar, foi por isso que lhe oferecemos um quarto, certo? Mas se já estiver revigorada, não necessita mais ficar aqui — disse ele a interrompendo, percebi que ele iria sair dali e corri em direção ao meu quarto, não queria que eles me vissem bisbilhotando a conversa alheia.

Felizmente Beatriz não estava mais em meu quarto quando cheguei. Levei a mão ao peito pensando sobre tudo isso, então torci o lábio indo até o espelho e olhando-me fixamente nos olhos e passando a mão em meus cabelos.

Então fui até a varanda e olhei o céu se abrir revelando o pôr-do-sol. As tempestades estavam ficando cada vez mais frequentes por ali, e agora uma havia acabado de se encerrar deixando tudo molhado e me dando uma sensação melancólica e nostálgica ao mesmo tempo.

Acredito que era desta forma que eu estava por dentro. O mundo pós uma tempestade violenta é um mundo ferido, quieto, silencioso e retraído, mas ao mesmo tempo é compreensivo, sensível e forte. Como se entendesse que precisa de um tempo para se levantar, como se avisasse que logo estaria completamente curado. Suspirei sentindo o ar gélido e reconfortante entrar preencher meus pulmões, mas algo me dizia que uma enorme mudança me aguardava.

Então me fiz aquela pergunta, o que eu planejava para meu futuro? Não a fiz com a ansiedade nervosa de ter as respostas de imediato, mas com a esperança de que logo encontraria a resposta que precisaria e isso me deixou mais calma. Prensei os lábios olhando a paisagem parada. Acho que comecei a gostar dessa também, antes preferia cores mais vivas e vibrantes, preferiria um dia azul, cheio de vida e alegre. No entanto, aquele me trazia uma sensação nova, calma, paz e maturidade. Era o que me passava.

O CONDE QUE EU AMAVAWhere stories live. Discover now