CAPÍTULO 18

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O CONDE QUE EU AMAVA

— Parte 2 —


Mal havia me aproximando da propriedade Venoza quando a carruagem parou de repente fazendo-me chocar com a madeira fria. Beatriz bateu a nuca e eu a testa. Ambas gememos de dor. Que raios!

— O que está acontecendo? — perguntou Beatriz que massageava sua nuca, eu ajeitei meus trajes e minha peruca.

— Sinto muito! — O cocheiro abriu a porta da carruagem enquanto eu observava que o pequeno acidente havia me causado um pequeno ferimento na testa. — Parece que um dos cavalos torceu a pata ao pisar num buraco no meio da estrada...

— Como um cavalo torce a pata de repente?! — brigou Beatriz, então ela me olhou como se esperasse que eu falasse algo também. Pisquei sem saber ao certo o que dizer.

— Não se preocupe, irei procurar mais alguém! — Assegurou o cocheiro já nervoso.

— Ah, minha nossa! — Beatriz saiu da carruagem soltando fogo pelas ventas.

Saí também e observei ela brigar com o homem ao ver o cavalo sentado no chão visivelmente com dor. Era de dar dó, o bichinho bufava, seu olhar era cansado. Nem tinha me atentado a isso, mas a viagem foi longa e fatigante, certamente o animal foi vencido pelo cansaço.

Enquanto estavam distraídos com a discursão calorosa sobre a irresponsabilidade do cocheiro e as mais criativas justificativas que ele dava, me abaixei próximo aos dois animais. O sentado no chão não reclamou quando acariciei sua pele, me dirigi a sua pata e ele também não reclamou. O outro que ainda estava em pé, bufava de cansaço. Acho que estavam com sede.

Ren me explicou muitas vezes a respeito desses animais e suas características. Se deixassem, ele passaria o dia todo com esses bichos, é por isso eu sabia um pouco deles. Mas onde poderia achar água para descansarem?

Geralmente o cheiro de água era característico se estivéssemos próximo a um rio ou lago. Tentei escutar qualquer sinal de cachoeira, mas nada podia se ouvir com a discursão daqueles dois.

— Silêncio, por favor! — briguei e ambos se calaram no mesmo instante. — Não consigo ouvir nada desta forma! — Me impressionei com a obediência deles, eles realmente haviam se calado! Pisquei levando ambas as mãos a cintura e observando o sol que começava a ficar alto. Parecíamos estar no meio do nada e eu já estava começando a ficar com calor.

Tudo o que consegui ouvir foi o som de trotar de um cavalo. Nos três olhamos aquele cavalheiro se aproximando. Pisquei, ele poderia nos dizer se havia algum lago por ali perto.

Nem precisei acenar para que parasse, o homem parou e desceu do cavalo. Me impressionei, era um homem com características semelhantes as minhas, tinha os cabelos pretos, olhos um pouco puxados, era alto e bonito.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntou ele.

— Sim, eles precisam de água — respondi antes que o cocheiro falasse algo. — Conhece algum lugar onde posso buscar água?

O homem piscou encarando-me, então sorriu como se tivesse falado algum absurdo.

— Você é a cocheira? — perguntou com divertimento nos olhos. Cruzei os braços, por acaso ele estava duvidando das minhas capacidades?

— Não, mas poderia ser — respondi com toda autoridade que meu título falso me dava. — Conheço um pouco de cavalos e eles precisam de água e um pouco de descanso, então poderemos seguir viagem.

Ele inclinou a cabeça olhando o cavalo, então voltou a me encarar.

— Posso saber para onde vão? Assim quem sabe posso pedir ajuda...

— Nós vamos... — Beatriz começou a falar, mas eu levantei a mão e ela se calou.

— Por que quer saber? Isso é absurdamente suspeito — retruquei semicerrando os olhos. Então o homem riu, mas logo percebeu que eu não estava me divertindo tanto quanto ele.

— Mas no caso, vocês precisam de ajuda... — ele falou calmo.

— Precisamos apenas de água e um pouco de sombra... — expliquei franzindo a testa por conta do sol.

O homem assentiu, então sorriu olhando em volta.

— Sei onde há um açude, logo poderá colocar seus cavalos para beber... Fica na propriedade logo a frente. — Subiu no cavalo. — Vou na frente para alertar os donos da propriedade e pedir permissão por vocês descansarem enquanto continuam viagem.

— Seria de uma enorme ajuda — falei o olhando com agradecimento. — Mas por precaução, como se chama? — perguntei e ele me fitou por alguns segundos.

— És muito desconfiada...

— Questões de sobrevivência — repliquei e ele gargalhou seguindo sem me responder. Suspirei fundo o observando ir na frente, então me aproximei do cavalo e o convenci a levantar. Para não os sobrecarregar ainda mais, o cocheiro foi puxando a corda enquanto nós seguíamos andando ao lado da carruagem.

A propriedade seguinte era enorme, e me impressionei ao ver o nome da família na entrada: Venoza estava grifado em uma placa de madeira com detalhes dourados bem na entrada. Esta era uma característica própria do meu país natal, não imaginava que este tinha a mesma cultura. Se bem que muitas coisas são semelhantes, isso inclui o idioma, o que é ótimo. Prensei os lábios olhando a mansão que se seguia depois de um pequeno bosque e um jardim bem cuidado. Então era lá que deveríamos chegar. Suspirei me sentindo estranhamente nervosa.

— Ah, minha nossa! Que bom que chegamos! — Beatriz se aproximou e começou a enxugar meu suor com um pano — É uma pena que tenha sido nessa circunstância, mas vamos logo dar um jeito nisso!


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Parece que chegaram a casa dos Venoza, Mari ainda vai ter aquela surpresa, imagino que vocês já imaginam qual será.

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