West Sayan

By AlineCarneiro824

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Esta é uma história que se passa num lugar distante e numa época passada quando um cowboy decidiu ir atrás de... More

Prólogo: Bem vindo a West Sayan
Capítulo 1 - O Filho do Céu
Capítulo 2 - Nuvem Dourada
Capítulo 3 - Aves de Rapina
Capítulo 4 - As promessas ao Vovô Gohan
Capítulo 5 - A Garota que derramou o leite
Capítulo 6 - Saloon
Capítulo 7 - O novo emprego de Goku
Capítulo 8 - Para fazer Chichi sorrir
Capítulo 9 - Viajando para Nova Sadala
Capítulo 10 - O Príncipe
Capítulo 11 - O conto dos dois irmãos
Capítulo 12 - Indo embora de Nova Sadala
Capítulo 13 - o Assalto
Capítulo 14 - Heróis de West Sayan
Capítulo 15 - Noite sem luar
Capítulo 16 - O construtor de casas
Capítulo 17 - Bardock e Gine
Capítulo 18 - Frente a Frente
Capítulo 19 - Três cruzes à beira da estrada
Capítulo 21 - A face do meu pai
Capítulo 21 - Nós somos o bando
Capítulo 22- O verão em que Freeza sumiu
Capítulo 23 - Amor é liberdade
Capítulo 24 - O destino não brinca!
Capítulo 25 - Rivalidade
Capítulo 26 - Mulheres de West Sayan
Capítulo 27 - Olhar nos olhos da morte
Capítulo 28 - Como nasce uma lenda
Capítulo 29 - Taioken, luz do meu sol
Capítulo 30 - Vento de Tempestade
Capítulo 31 - O que os olhos vêem
Capítulo 32 - Perdoa-me!
Capítulo 33 - Sobre pais e seus filhos
Capítulo 34 - Quando sopra o Vento Norte
Capítulo 35 - Serpentes na Campina
Capítulo 36 - O pico da Cadeia do Norte
Capítulo 37 - Mundos em confronto
Capítulo 38 - O bem e o mal
Capítulo 40 - Os Campos Infinitos dos Ancestrais
Capítulo 41 - No poço do desejo profundo
Capítulo 42 - A floresta e o Convento
Capítulo 43 - Aonde não se quer ir jamais
Capítulo 44 - A última esfera
Capítulo 45 - West Sayan corre perigo!
Capítulo 46 - Truques de pistoleiro
Capítulo 47 - O fim e o princípio
Capítulo 48 - Em tempos de paz
Capítulo 49 - Até um dia, West Sayan!
Capítulo 50 - Onde residem os bons corações...

Capítulo 39 - Chamas e vingança

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By AlineCarneiro824

"Esses prazeres violentos tem finais violentos"

(Westworld, T01, Episódio 01 "The Original")

Vegetown

Havia algo nele que sentia prazer com a destruição, e ele sempre soubera disso. Por isso, colocar fogo na cidade perto da fazenda onde vivera a maior parte da sua vida, vê-la arder até o chão depois de matar a maior parte dos seus habitantes por pura vingança parecia ser o melhor momento de toda sua vida.

Freeza sentia-se pleno como nunca. O bando que chefiava agora era completamente diferente do anterior, e ele sabia disso. Aqueles homens não eram desesperados como muitos que ele reunira em seu primeiro bando: eram criminosos perigosos e cruéis. Havia apenas alguns dias que ele matara Cell e ele sabia que ninguém mais duvidava de que o grande Freeza estava de volta.

No primeiro dia ele havia liderado um assalto à diligencia. Nos dias seguintes, liberara os homens para sair assaltando quem pudessem, aterrorizando quem quisessem entre Oozaru e Tullace. Agora era hora de algo realmente grande, um tapa na cara do homem que jamais pusera as mãos nele, por mais que quisesse.

Havia algo de especialmente cruel em invadir Vegetown em pleno domingo: muitas pessoas estavam na igreja, e elas podiam ser pegas ali mesmo, inclusive o xerife. Chegar atirando, intimidando, matando quem aparecesse era apenas mais um detalhe. Vegetown parara no tempo, não havia se desenvolvido como Tullace ou West Sayan, justamente por causa de todos os anos em que ele, Freeza, fizera daquele lugar seu ponto de partida.

Massacrar a população de Vegetown foi ridiculamente fácil, ver a cafetina do bordel local implorar pela sua vida e pelas vidas de suas garotas, apenas mais um pequeno prazer. Ele havia frequentado o lugar, e elas haviam cedido a todo e qualquer capricho pervertido dele, anos atrás, parte por medo e parte porque ele pagava por isso. E agora nada disso importava. Ele as matou uma a uma.

Como matou homens, mulheres e crianças na pequena vila. Uma lição que ele havia aprendido e não esqueceria era que não deveria poupar ninguém. Achara homens para segui-lo que não se importavam em atirar em velhos e crianças e estava feliz por isso. Quanto mais tivesse aliados que não se importassem, melhor.

Mas havia uma pessoa que via aquilo tudo com um olhar amedrontado e, aos poucos, ia percebendo que cometera um grande engano ficando ao lado dele: Chirai. Os primeiros anos haviam sido bons, ele parecia um homem forte e disposto a trabalhar duro. Mas então, ele confessara quem ele era, e ela já estava envolvida demais para abandoná-lo.

Ela o encontrara às portas da morte, e, por isso, acreditara que ele tinha o direito de se vingar de quem fizera aquilo com ele, e o apoiara por acreditar em tudo que ele dizia. Mas agora, via que pior que tivesse sido o que acontecera com ele, a população de Vegetown não tinha nada a ver com aquilo. Ele simplesmente era psicótico. Ele simplesmente não tinha limites quando se tratava de fazer aquilo que queria, de destruir tudo que ele acreditava que estava em seu caminho.

O saque a Vegetown renderia muito dinheiro, afinal, levariam tudo que tinha valor na cidade. Mas colocaria Hitto atrás dele novamente. E agora ele não tinha mais vergonha de mostrar o rosto, era uma questão de tempo para que aparecessem cartazes com o retrato dele e sua cicatriz arroxeada por toda parte. Eles se esconderiam nos arredores de Tullace, mas, por quanto tempo?

Mas ela sabia que se fugisse naquele momento, ele não teria piedade e nem consideração pelo tempo que ela dedicara a ele, mandaria homens atrás dela e ela seria morta como cada aliado que havia fugido da loucura dele. Ao contrário, Chirai decidiu que o que a salvaria seria parecer mais fiel que nunca. E era isso que ela parecia naquele momento: ela o trairia, cedo ou tarde, mas precisava estar segura quando o fizesse.

Ele havia parado em frente à igreja, Havia pessoas lá dentro. Muitas ainda estavam vivas. Ele as havia trancado lá, e muitas achavam que quando tudo acabasse, o bando simplesmente iria embora. Freeza já havia mandado atear fogo em cada casa da rua principal, e das quatro ruas adjacentes. E todos que o bando conseguira encontrar fora da igreja já estavam mortos.

Então ele parou diante da igreja e, como Vegeta fizera com a casa dele anos atrás, ele atirou uma tocha sobre o telhado da Igreja, que começou a pegar fogo lentamente. Ele olhou por um tempo para as chamas dançando. Não eram tão belas luz do dia, ele pensou. Então, displicentemente, tirou do bornal do seu cavalo uma banana de dinamite e, depois de mirar cuidadosamente, jogou-a bem no centro do pequeno ninho de chamas que ardia no telhado da Igreja.

O estrondo foi acompanhado por um soar de sino, atingido pelo violento deslocamento de ar. Os gritos na igreja eram apavorantes, mas todas as saídas estavam bem bloqueadas e ninguém conseguiria sair. A igreja logo ardia e não se ouvia mais gritos. E foi só então que ele virou as costas, subiu no seu cavalo e disse:

– Vamos!

O bando foi embora, deixando para trás uma cidade que morreria de vez e nunca mais seria reerguida.

Freeza havia destruído Vegetown, fazendo-a arder até às cinzas. E prometera a si mesmo que um dia faria o mesmo com West Sayan.

***

Hitto foi pessoalmente ao local, dias depois. Os poucos sobreviventes eram pessoas que haviam se escondido fora da cidade quando o bando chegara, e não passavam de doze pessoas. Contaram a ele que tentaram apagar o incêndio, tentaram resgatar alguma coisa, mas o bando de Freeza não deixara nada. Haviam roubado tudo que havia para roubar e matado todos que podiam descrever o rosto do monstro, menos um homem.

E ele descreveu Freeza: baixo, magro, calvo. Pele pálida, olhos violáceos e uma grande cicatriz repuxada e arroxeada no lado direito do rosto.

Hitto sorriu. Ele acreditava que a partir dali seria fácil pegar Freeza, afinal, ele agora tinha um rosto. Mas o xerife regional estava enganado: Freeza ganhara um rosto, mas não seria fácil pegá-lo, porque depois do que acontecera em Vegetown, seu rosto era sinônimo de puro terror.

North Papaya

Quando Goku chegou à cidade, na tarde do segundo dia depois que partira, Vegeta e Bulma pareciam irremediavelmente brigados. Goku estranhou, afinal, os deixara num clima absolutamente normal, e perguntou, primeiro para Bulma:

– O que aconteceu?

– Pergunte àquele idiota. Não quero falar sobre isso.

Como eles não iam partir naquele dia, que era um domingo, Goku perguntou onde eles estavam dormindo, e Bulma disse que havia um saloon que alugava quartos, exatamente como o de Lunch ali na cidade, e que ele poderia dormir no quarto de Vegeta. A comida no saloon era péssima, mas depois de um dia na estrada, Goku achou que parecia deliciosa.

Vegeta perguntou como havia sido a busca pela esfera e ele disse:

– Fácil. Ela estava dentro da casa.

Tecnicamente, uma verdade. Mas ainda o incomodava demais o fato de Bulma e Vegeta estarem brigados e ele disse:

– O que aconteceu? Por que brigaram?

Nenhum dos dois respondeu e ele disse:

– Amanhã vamos atrás das esferas e eu vou dormir agora. Fiquei aí e por favor se entendam.

Vegeta e Bulma se encararam. De repente, Vegeta disse:

– Eu acho que precisamos realmente nos entender...

Ela não disse nada. Tudo havia corrido bem no primeiro dia. Conseguiram os quartos, separados, e Vegeta foi muito respeitoso e gentil com ela. Jantaram a medonha comida do saloon e evitaram bebidas alcoólicas porque estavam numa cidade desconhecida. Despediram-se depois de uma conversa agradável sentindo uma pontada de tensão entre eles.

Vegeta queria, de fato, arrebatá-la para seu quarto, levá-la para a cama e fazer com ela tudo que fantasiava desde a primeira vez que a vira, quase seis anos antes. Bulma, por sua vez, queria muito ceder aos encantos de Vegeta, que parecia cada vez mais humano aos seus olhos, mas ainda não conseguia confiar plenamente nele.

No dia seguinte, no entanto, Vegeta propôs que eles cavalgassem, pensando em seduzi-la. Ele sabia que ela acharia encantador se fossem até algum lugar bonito nos arredores e se sentassem na grama. Ele calculou tudo minuciosamente, como uma aranha tecendo uma teia de sedução em volta de Bulma.

Nada de comer o almoço naquele saloon horrível, e muito menos de fazer a terrível sopa de aveia com carne seca. Ele comprou alguns pães, frutas, pequenas coisas agradáveis e especiais que sabia que agradariam a moça dos cabelos azuis. E foi gentil ao convidá-la para o passeio, quando ainda estavam tomando café da manhã.

Ele se preocupara em descobrir um lugar nas redondezas para agradar Bulma, conversando com o dono do saloon, e, como se fosse por mero acaso, ele propôs que eles seguissem um caminho que saía da cidade e terminava num lindo laguinho formado por um riacho, de fundo claro, onde se viam peixinhos, cercado por um gramado macio onde eles se sentaram depois que ele forrou uma toalha e colocou ao lado a cesta com os pães, frutas, geleias, manteiga e doces que ele havia comprado.

Então, começaram a conversar: como ele imaginava, Bulma continuava inteligente, divertida, fascinante. Então, em um determinado momento ele disse:

– Eu me arrependo de não ter sido mais claro com você aquela noite... devia ter dito que seduzia mulheres, mas que você era diferente para mim... – ele disse, separando um pequeno cacho de uvas e passando para ela.

– Eu me arrependo de ter entregue seu rosto para aquele oficial... – ela disse, pondo uma uva na boca e pensando em como ele conseguira frutas ali, naquele fim de mundo.

De repente, eles estavam um diante do outro, olhos nos olhos. E Vegeta puxou Bulma para um beijo como aquele único que haviam trocado naquela noite em Nova Sadala, e ela caiu em seus braços da forma que queria desde aquela noite.

O beijo começou a se intensificar rapidamente, mas Bulma segurou a mão ousada de Vegeta, que começava a tentar se insinuar pela camisa masculina que ela usava. Ele parou quando ela sussurrou:

– Aqui não, Vegeta... pode vir alguém.

Ele sorriu para ela. Um sorriso ligeiramente presunçoso e irritante, mas ela sorriu de volta. Sentaram-se e ele disse:

– Tudo bem... tudo a seu tempo.

Ela sorriu, olhando para ele e perguntou:

– Como conseguiu uvas?

– Há uma mercearia que vende algumas frutas, está na época de uvas. O sujeito queria me cobrar bem caro, mas eu disse que era para conquistar uma garota teimosa e...

– Espere aí... o que você disse?

Vegeta repentinamente se deu conta da bobagem que dissera. Mas era tarde demais. A ideia de seduzir Bulma, exatamente da forma que ele sempre fazia, tinha naufragado naquele momento. Ela voltou sozinha e se trancou no quarto do saloon até o dia seguinte, não atendendo aos seus chamados e não ouvindo suas explicações.

Era, afinal, uma garota bastante teimosa.

O que os levava àquele momento, um diante do outro, depois de mais uma sofrível refeição, tendo que se entender para seguir adiante.

– O que você precisa para acreditar que eu gosto de você, Bulma? – Vegeta perguntou, de repente, de forma direta.

Ela o encarou e disse:

– Que eu realmente acredite que gosta de mim e não está tentando apenas me conquistar, como se eu fosse um troféu – ela disse, com ar aborrecido.

– Mas eu... – ele não sabia o que dizer e nem o que fazer. Não sabia agir de outra forma, não sabia como mostrar a ela que ela era importante para ele.

Ela se levantou e ia saindo, quando ele disse:

– Não posso provar nada para você. Só queria que você acreditasse em mim. E Kakarotto tem razão, não podemos continuar assim.

– Então não continuamos. Precisamos apenas achar as esferas – ela disse, friamente.

No dia seguinte, bem cedo, partiram. Bulma e Vegeta já não se ignoravam, mas também não tinham muito assunto. Goku muitas vezes se via falando sozinho, mas não se importava. O que interessava era seguir em frente, rumo ao Norte.

Sua impressão sobre ser mais difícil seguir para o Norte do que para a casa do Bem e do Mal estava certa. Eles haviam, sob a orientação de Bulma, colocado as duas esferas que já haviam encontrado numa caixa feita de chumbo que ela havia levado para que não interferissem com o mapa. Só assim era possível continuar usando o mapa. E, por mais que seguissem rumo ao Norte, numa estrada bastante desolada entre montanhas, o mapa ainda não começara a brilhar.

Felizmente, conseguiram água de fontes cada vez mais abundantes ao longo do caminho, assim puderam seguir pela estrada do norte, rumo a lugares onde rapidamente esfriava à noite e, ao final de seis dias, finalmente o mapa deu sinal de vida, começando a brilhar.

Foi então que a paisagem começou a ficar realmente diferente, um vale entre montanhas altas, de chão arenoso e árido. Eles subiram lentamente entre as montanhas, e, quando o mapa começou realmente a brilhar, como se estivessem muito próximos ao local. Nesse momento, ouviram um som alto, silvante, que se repetiu várias vezes, como numa sinfonia. Acharam o som estranho, mas não reconheceram de onde ele vinha. Seguiram pelo caminho, que fazia uma curva abrupta levando a um declive onde o caminho era coberto de areia fina e escura que se acumulava no fundo de um vale entre uma cordilheira que formava uma ferradura.

O centro do vale, parecia um pântano arenoso, e, em volta havia árvores nas encostas das montanhas. Descia água por fontes laterais, lentamente. E ali, no meio do vale, a temperatura era estranhamente mais elevada que no resto do caminho. Eles se aproximavam lentamente quando, de repente, no centro da área descampada e arenosa, um jato de água e vapor se projetou do chão, com aquele silvo alto e insistente que haviam ouvido no caminho.

– Que diabo é aquilo? – perguntou Goku, assustado, e eles pararam onde estavam.

Ao primeiro jato, outros se seguiram, enchendo o ar de vapor e de um cheiro forte que lembrava enxofre. Então, o vale ficou novamente calmo e silencioso e a temperatura tornou a refrescar.

Ali era, certamente, o Bafo do Dragão. Um conjunto de 5 gêiseres que, aparentemente, entravam em atividade por um curto período e depois, repousavam, num ciclo infinito. Como a temperatura subia vários graus quando eles entravam em atividade, dava para acreditar que era mortal aproximar-se no momento em que estavam ativos.

– Essa não – disse Bulma – se entrarmos ali quando aqueles jatos de vapor estiverem ativos, vamos morrer cozidos.

– E agora? – perguntou Goku, olhando o mapa – pelo que está escrito aqui, a esfera está aí nesta caldeira, em algum lugar.

Vegeta não disse nada, apenas ficou observando os gêiseres, que repousavam. Não dava para contornar o vale. As árvores nas encostas das montanhas eram muito próximas, como se tivessem crescido espremidas entre o calor e as rochas nuas, e, ao longo de todo o círculo, havia aquela areia preta fina e movediça, exceto um caminho pedregoso que parecia serpentear pelo meio dos gêiseres até uma rocha grande no fundo do vale, que parecia deslocada no meio das árvores e da paisagem.

– Aposto que a esfera está sobre aquela rocha ou próxima – ele apontou. – mas não podemos dar a volta. Vêem essa areia preta? É areia movediça. Se tentarmos dar a volta, vamos morrer tragados por ela. E cozidos.

– Agora me dê uma boa notícia – disse Bulma, com ironia.

Ele não disse nada. Apenas desceu do cavalo e sacou seu relógio do bolso, então, ficou observando o centro do vale. Bulma e Goku se olharam e Goku ia perguntar alguma coisa quando ele fez um gesto, pedindo que ele ficasse quieto. Bulma e Goku então também desceram dos cavalos e os três então ficaram em silêncio, com Vegeta apenas esperando, eventualmente olhando para o relógio.

De repente, o gêiser central entrou em atividade. Vegeta o observou atentamente. Logo depois, outros dois explodiram quase que simultaneamente. E então, o quarto. E tudo ficou em silêncio. O quinto gêiser permaneceu como estava, sereno. Ele olhou o relógio e continuou quieto. Um tempo depois, os gêiseres voltaram a entrar em atividade, e ele observou atentamente. E sempre acompanhando olhando o relógio. Novamente a espera, novamente a atividade. Então, depois de quase duas horas, Goku perguntou:

– O que diabos você está fazendo?

– Shhh! – disse Vegeta. – estou observando. Não me interrompa.

Menos de dois minutos depois, voltou a atividade, e Vegeta observou-a, atentamente olhando mais uma vez para o relógio, quando ela acabou. Então, ele encarou Bulma e Vegeta e começou a sua explicação:

– Eu queria ver se havia algum ciclo, por isso peguei o relógio. E realmente há. – ele apontou o gêiser central – aquele garotão lá, o maior, ele entra em atividade a cada 25 minutos. Solta sua carga por 1 minuto e meio e então, cerca de 15 segundo depois, aqueles dois ali – ele apontou os dois gêiseres mais próximos a entrada do vale – são gêmeos e entram em atividade juntos. Por último – ele disse, apontando o gêiser que ficava mais longe de todos – aquele sujeito lá solta a sua carga... e é dele que vem o cheiro de enxofre, se repararem.

– Então – disse Bulma – temos que ir e voltar em... 25 minutos?

– Não. – Vegeta olhou para ela e disse – acho melhor só uma pessoa ir, e ela vai ter que esperar sobre ou atrás da pedra por um tempo, porque pelos meus cálculos, a distância entre o início do vale e a pedra deve ser coberta em 15 a 18 minutos. Isso não vai permitir ir e voltar sem pegar os gêiseres em atividade.

– Podemos tirar na sorte – começou Goku, mas Vegeta o interrompeu

– Não. Eu vou. Você já foi atrás de uma e Bulma já enfrentou aquela caverna dos bichos. É a minha vez.

– Mas vai ser tranquilo, não? – perguntou Goku.

Vegeta o observou e sorriu de lado antes de dizer:

– Depende apenas daquele cara lá – ele apontou um gêiser bem à frente da pedra, que parecia adormecido. – desde que nós chegamos aqui, ele não deu sinal de vida. E se acordar quando eu estiver passando, basicamente, estou frito.

– Cozido – corrigiu Goku.

– Kakarotto, você é um idiota – ele disse. – vou esperar entrar em atividade novamente e então, quando acalmar, eu vou – ele começou a descer na direção do vale quando Bulma disse:

– Vegeta, espere!

Ele se voltou e ela disse:

– Boa sorte e tenha cuidado.

Ele sorriu e disse:

– A boa notícia é que, se eu morrer cozido, vocês podem acreditar que tão cedo o gêiser solitário não entra em erupção.

Se voltou, sem olhar para trás e concentrado apenas em aproveitar a janela de tempo necessária para cumprir a tarefa de chegar até a pedra no momento certo e achar a esfera que estava lá. Logo, os gêiseres cumpriram seu ciclo de erupção e ele partiu pelo caminho de pedra, procurando ser o mais rápido que pôde.

Logo ele percebeu que sua estimativa de 15 minutos para o caminho era otimista demais: não era fácil correr no caminho coberto por pedras e cascalhos, e ele podia tropeçar se tentasse. Se limitou a andar o mais rápido que pôde, tentando não ficar nervoso com o barulho baixo e constante dos gêiseres, que chiavam ininterruptamente, como se mil chaleiras estivessem se preparando para ferver a cada metro que ele andava.

O gêiser misterioso próximo à pedra chiava de uma forma um pouco diferente. Ligeiramente mais baixo, mais lento. Ele se tranquilizou no instante em que atingiu a terra preta e firme que rodeava a pedra. Olhou de lá para onde Kakarotto e Bulma estavam, e eles pareciam pontinhos claros na terra escura que levava ao vale.

Acenou aos dois e começou a procurar pela esfera, primeiro, olhando pelo chão. A pedra era mais alta que parecia de onde eles haviam observado, e tinha inúmeras pontas rombudas, chegando a quase três metros de altura. Constatando que não estava em nenhum nicho nos lados, Vegeta concluiu que a esfera só podia estar em algum lugar na parte de cima da pedra e, com certa dificuldade, ele começou a escalá-la. De repente, percebeu um brilho dourado em algum lugar acima dele e decidiu escalar a pedra com mais vigor.

Então, para sua alegria, descobriu, num nicho bem próximo ao topo, a esfera de sete estrelas, brilhando alegremente para ele. Pegou-a e ergueu no alto, para que seus companheiros a vissem, e, foi então que se deu conta do barulho.

O gêiser próximo à pedra, aquele que ainda não dera sinal de vida, chiava agora suspeitamente, de forma alta, constante e contínua.

– Ah, merda. – ele disse e praticamente se jogou atrás da pedra, da melhor forma que conseguiu, caindo mais ou menos em segurança na areia bem no instante em que o gêiser aumentou o chiado em muitos decibéis. Ele não podia correr de volta pelo caminho, então, colou seu corpo à pedra pelo outro lado, não se importando muito em se machucar nas pontas rombudas que se projetavam como espinhos. Era melhor que morrer cozido.

Fechou os olhos e cerrou os dentes quando o chiado se tornou um silvo alto e estridente. Sentiu a temperatura aumentar e a lufada de vapor que resvalou pela pedra, queimando parte do seu braço direito. Mas manteve-se ali, próximo à pedra o suficiente para evitar estrago maior por todo tempo em que o gêiser silvou, mais que todo outro conjunto.

O outro conjunto. Ele também explodiria em breve, e ele esperava que pudesse se abrigar do último gêiser, que estava bem próximo de onde ele havia se refugiado. Felizmente, o gêiser imprevisível silenciou no mesmo instante em que o gêiser central começou seu turno, e ele pôde sair do seu esconderijo e dar a volta na pedra, ainda que não pudesse se encostar como havia feito do outro lado, porque a superfície estava muito quente.

Para sua sorte, o outro gêiser próximo à pedra não era violento como aquele que quase o matara, e ele não precisou se preocupar com nada além de ficar longe do vapor quente. Logo, estava tudo em paz novamente, exceto pelo fato de que ele tinha uma grande queimadura no seu braço direito.

Quando voltou pelo caminho de pedras, procurou ser rápido, porque não queria mais saber daquele lugar. Quando chegou do outro lado, entregou a esfera para Bulma e disse:

– Guarde. Agora só faltam três. – ele deu um sorriso selvagem e ela disse:

– Mas, e seu braço? Parece queimado.

– Quando a gente sobrevive a um caldeirão como aquele, uma queimadura de nada é lucro.

Goku olhou para ele e riu. Por mais que ele fingisse que não, queria apenas impressionar a garota.

West Sayan

– Você está errado, filho! – a voz de Toma, calma, baixa e pausada era a última censura que ele queria ouvir.

Encarou o pai, a raiva transparecendo no seu rosto marcado pela surra que havia tomado de Tenshin.

– Ele me surrou!

– Defendendo uma mulher que você mesmo admitiu que queria atacar.

– Eu não queria atacar. Ela estava lá, no quarto, ansiando por um homem.

– Era o seu quarto?

– Não, mas...

– O que o xerife disse? Ele prendeu o índio?

– Não. A mulher correu para o xerife e contou a história... e havia uma outra testemunha. Meu segundo em comando, no quarto ao lado, aquele traidor.

– Você precisa se desculpar, filho. Com todos. O próprio soldado que veio com você pode te entregar a seus superiores, já imaginou como você vai ficar encrencado?

Ele desviou o olhar e viu sua mãe, num canto, em pé. Ela havia servido a refeição e, agora que ele e o pai conversavam, se recolhera num canto e permanecia calada, apertando seu avental com as mãos. Seripa amava o filho, mas sabia que ele sempre tivera vontade de pegar atalhos questionáveis na sua sede de poder e de ser importante.

– Eu tenho certeza que meu superior vai me dar apoio. O Major Zamasu confiou a mim essa missão e eu...

– E você quer estragar tudo por causa de uma mulher que não quis dormir com você – as palavras de Toma eram duras o suficiente para deixá-lo irritado – a única coisa que você conseguiu foi expor a moça, todos que acham que índios e brancos não devem se misturar agora a odeiam.

– E a culpa é dela, por se sujar deitando-se com um pele vermelha.

Toma baixou a cabeça, entristecido. Não sabia onde havia errado na criação dele. Então disse:

– Volte para a cidade, filho, para o seu acampamento. Trate das feridas no seu rosto e esqueça essa mulher. Ou você vai se arrepender amargamente.

Turles se levantou e pegou seu chapéu de sargento. Saiu sem falar com o pai e nem beijar a mãe. Queria sair dali o mais rápido possível. Quando ia pegar o cavalo no estábulo, lembrou-se de algo. Foi num pequeno quarto, nos fundos do estábulo e achou o que queria. Um rifle velho, da época da guerra civil, que pertencera a seu pai,

Ele chegara a West Sayan apenas com seu revólver de oficial, porque apenas a guarda portava fuzis fora do período de guerra. Mas não tinha nenhuma arma para matar a distância. Não tinha coragem de se aproximar do índio. Já apanhara uma vez dele, estando armado, e estava ainda dolorido demais para encará-lo de perto.

Pegou a arma e colocou ao longo da sela do cavalo. Era melhor que ninguém visse. Ele tinha planos para aquela arma.

***

Tenshin estava sozinho na sua barraca. Anoitecia. Ele tentava entender o que significava o que via no futuro, mas pela primeira vez, sua visão se embaçava e ele a perdia. O nevoeiro da manhã, então dor e escuridão. E suas mãos enrolando-se nos cabelos louros e longos dela.

Se era a morte, que fosse morte apenas para ele. Tinha pensado em naquela noite não ir até o saloon. Mantê-la segura sem sua presença. Sabia que o homem ruim o procuraria primeiro e, se ele fosse atacado, mataria o homem ruim mesmo que isso fizesse os soldados matarem-no.

Suspirou profundamente e fechou os olhos. Então, sentiu-a. Cabelos de Sol. Sua Taioken, a luz do seu dia. Estava ali, entrando em sua barraca, coisa que ela jamais fizera.

– Cabelos de Sol...

Ela tocou seus lábios com os dedos e então disse:

– Eu fiz uma coisa para provar que tenho valor para essa cidade. Fechei o saloon esta noite. Cada homem que me chamou de vadia do índio vai se arrepender quando descobrir que tem que beber na taverna do velho Tsuru, que tem apenas uísque vagabundo e cerveja batizada com água. Se eu não sirvo para a cidade, a cidade não serve para mim.

Havia fogo nos olhos verdes dela e certeza em cada palavra que dizia.

– Mas, você – ele disse, acariciando os cabelos dela – aqui...?

– Sim. Essa noite eu serei sua aqui, meu amor. Queria acordar com a pele tão vermelha quanto a sua, com o cabelo tão negro quanto o seu. Queria ir embora para onde nada disso fizesse diferença, onde eu não precisasse me esconder e onde te olhassem e vissem o seu valor... podemos ir para a sua tribo?

Tenshin balançou a cabeça tristemente e disse:

– Tenshin não tem mais tribo. Eles não aceitariam, não juntos.

– Então – ela disse – temos apenas um ao outro. – Ela pegou a mão dele e pôs sobre seu peito e disse, num sussurro – toma meu coração contigo.

Ele a encarou. Então sorriu e disse.

– Leva o meu no lugar do teu.

Os dois se beijaram e deitaram se nas peles macias que cobriam o chão da barraca solitária na campina, onde se amaram novamente como um homem e uma mulher, apenas isso.

Eram os dois contra o mundo.

Notas:

1. A destruição da cidade de Vegetown foi a forma que eu encontrei de tornar o Freeza de West Sayan tão maníaco e psicótico quanto o original. É uma forma de mostrar até onde ele pode chegar. Chirai terá papel decisivo em breve.

2. Não queria frustrar os adoradores de Vegeta e Bulma, mas ele precisa DE FATO reconquistar a confiança dela. A aventura nos gêiseres foi o primeiro passo.

3. Agradeçam essa ideia dos gêiseres a um documentário que eu vi da DISNEY (sério) há anos atrás que mostrava gêiseres na Nova Zelândia que entram em atividade dessa mesma forma que aparece na história.

4. A citação desse capítulo é o lema central da série Westworld. Sim, teremos alguns finais violentos.

5. Esse foi um capítulo forte, eu sei. Preparem-se para o próximo... 

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