157 - Dura Realidade

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  Entrei na sala de aula e fui pro meu lugar de sempre, ignorando a chuva de olhares que havia sido lançada aos montes sobre mim. E enquanto eu ia até o meu lugar os comentários começaram, cochichos e fofocas malvadas a meu respeito e da minha família sobre o caso e tudo que aconteceu. Respirei fundo e junto com a Mallya ao meu lado fomos até o nosso cantinho de sempre na sala, Mark estava lá nos esperando, e o lugar do Tae estava vazio, nem precisei olhar pra Mallya para perceber o quanto ela estava desconfortável, afinal estavam cochichando sobre ela também, ela era a suposta namorada do Gap Dong que saiu na tv e nos jornais. Mas vamos provar que o Tae não é culpado.
  Assim que ocupamos nossos lugares, eu puxei o capuz da minha blusa pra cima da cabeça e a Mallya fez o mesmo, e mal tivemos tempo de pegar o caderno na mochila e minhas "amigas" já começaram a puxar conversa com a gente.
  - Alícia soubemos o que houve, você deve estar arrasada. - Começou a dizer Anna e eu me virei para ela, mais por educação do que por realmente interesse, eu estava sem vontade nenhuma de perder meu tempo olhando pra cara cheia de maquiagem da menina. Assim que Laura e Lorena me viram arregalaram seus olhos verdes e castanhos.
  - Nossa você está péssima também. - Comentou Lorena - Está parecendo uma emo, gótica das trevas toda de preto e com apenas um lápis de olhos básico. - Reparou ela e eu abri um sorrisinho impaciente para não chingar ninguém como realmente estava com vontade de fazer, e foi então que Laura que até agora estava calada começou a dizer alguma coisa, que eu até parei de prestar atenção quando vi Jung Kook entrando na sala. O que esse ser está fazendo aqui??
  Ele veio na nossa direção e simplesmente deu bom-dia ao se sentar numa carteira ao lado da minha, senti meus dedos formigarem com uma força sobre humana pra pegar a minha arma. Mas eu não fiz nada que possívelmente pudesse me incriminar.
  - Você está me perseguindo por acaso? - Indaguei ríspida e Jung Kook sorriu, nesse momento o professor de matemática estava entrando na sala.
  - Sim e não. - Respondeu e ao notar minha cara de indignação resolveu complementar sua resposta - Isso tudo por culpa das duas, - Disse ele apontando pra mim e pra Mallha - Wonho contou pro seu pai a onde você foi com a Mallya ontem, e ao invés de por vocês de castigo, ele resolveu me subornar... Me pagar para vigiar vocês, e estudar também, afinal eu ainda não terminei o ensino médio. - Disse como se fosse óbvio e eu respirei fundo e coçei os olhos pra não pegar meu estojo e jogar nele. Droga! Agora eu tenho uma babá. Bufei e me virei para frente ignorando minhas "amigas" e começei a prestar atenção ao que o professor começou a passar no quadro.

  Entrei no banheiro e desatei a chorar diante do espelho, eu não estava aguentando mais, estava insuportável até mesmo para tentar sobreviver dentro daquela sala de aula. Quando não era algum colega desgraçado que perguntava como eu estava e me dava os pêsames pela minha mãe, era a Anna, a Laura e a Lorena me perturbando toda hora com perguntas de como eu estou e por que eu não impedi a morte da minha mãe se eu sou detetive?? E pra piorar as acusações que estavam fazendo da Mallya talvez ser cúmplice do Gap Dong por que namorava com o Tae. Por um triz que a Mallya não bateu nas três pra ensinar elas a calar a boca. E o Mark estava cada vez mais nervoso por que Jung Kook não parava de me olhar, com a desculpa esfarrapada que está me "vigiando".
  - Isso é demais pra minha cabeça. - Bufei exasperada enquanto limpava minhas lágrimas e liguei a torneira para jogar uma água no rosto.
  Quando voltei a encarar meu reflexo no espelho que percebi a presença de uma figura alta e magra atrás de mim, uma adolescente de cabelos ruivos com uniforme escolar que me fez lembrar instantâneamente da segunda vítima do Gap Dong. Mas eu não a conhecia e ela tinha alguns traços comuns e distintos da segunda vítima.
  - Dói não é? - Ela perguntou e eu arqueei uma sobrancelha em confusão. Cheguei a pensar na hipótese dela ser uma fantasma rebelde, já que ela parecia rebelde, mas ela parecia humana demais pra isso.
  - Quem é você? - Indaguei e ela abriu um sorriso sem graça, disinibido de compaixão e carregado de amargura.
  - Irmã da Carina. - Respondeu ela - A segunda vítima daquele verme que a sua amiguinha estava namorando. - De repente saiu outra menina de uma das cabines do banheiro, e depois mais outra, três meninas ao todo, e elas não pareciam bem intencionadas.
  - E o que vocês querem? - Perguntei me virando pra elas e a tal irmã da Carina me fitou seriamente.
  - Te dar mais motivos pra se lamentar, você não parece estar sofrendo o suficiente pela morte da sua própria mãe. - Disse ela e eu franzi o cenho.
  - Você nem me conhece. - Retruquei e ela cruzou os braços me olhando de cima abaixo com desprezo, as meninas do seu lado parecia prontas para briga, me fez lembrar de cães raivosos não sei porque...

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