60 - Apenas Dormir

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  - O que?!! - Indaguei perplexa e vi Mark engolir em seco enquanto seus cabelos mudavam de cor, o que antes estava loiro ficou roxo, mas não um simples roxo, parecia mais um vermelho arroxeado. Eu não sei identificar que cor era aquela.
  - Calma, o que eu disse não é exatamente o que você entendeu. - Começou Mark tentando se explicar e eu sai de perto dele e fui pra escrivaninha tomar um pouco de água, to com uma sede inexplicável hoje.
  - Então está bem, se você não está tentando me levar pra cama, o que você quer? - Indaguei num tom de acusação enquanto enchia meu copo de água e Mark passou as mãos nos cabelos me fitando, parecia ansioso.
  - Eu não vou tocar em você, eu quero apenas dormir do seu lado. Eu juro que não vou tocar em você a não ser que você deixe. - Disse Mark e eu arregalei os olhos, será que ele realmente é um pervertido?
  - E por que você quer fazer isso? - Perguntei e logo depois comecei a beber minha água.
  - Porque eu acho que se dormirmos juntos a gente não tem mais pesadelos. - Confessou Mark e eu tomei a água do copo quieta, ele se mostrou vulnerável me contando isso, talvez eu devesse dar um voto de confiança pra ele. Meus pais não estão em casa por que sairam e o BamBam está dormindo na casa de um amigo... Peraí! Eu to pensando na hipótese dele dormir comigo?!! O que está acontecendo comigo hoje? Eu não vou dormir com ele. Espera, pensando bem ele disse "a gente e pesadelos" na mesma frase.
  Larguei o copo de água pensativa, Mark me encarava apreensivo esperando pela minha reação.
  - Você também tem pesadelos? - Foi o que eu perguntei e Mark assentiu suspirando pesadamente.
  - Você tem pesadelos comigo e eu com você. Mas nos meus pesadelos você está diferente, não é uma humana, é outra criatura, sempre uma criatura diferente e toda vez você me aterroriza ou mata. - Relatou Mark e eu me senti culpada, não sei pelo que sendo que eu também tenho pesadelos com... Aquela coisa esquelética assustadoramente mortal em que o Mark se transforma. Assustador. O silêncio predominou o local, o que me deixou um pouco desconfortável, não gosto do silêncio, muitas coisas aparecem nele.
  - Você... - Eu comecei a falar e Mark me interrompeu repentinamente.
  - Fala pra mim, você também não está de saco cheio de tudo isso? - Indagou ele indignado e eu fiquei séria, não esparava que ele se rebelasse tão rápido, instintivamente eu recuei e enfiei a mão desfarçadamente pra dentro de uma gaveta na escrivaninha, minha arma estava ali, mesmo percebendo a minha cara de espanto ele continuou - Você não está cansada de acordar toda noite suando frio e com medo do que vai sair do escuro? - Indagou ele nervoso, os cabelos mudando de cor e ficando vermelhos, eu já estava segurando a arma - Você não está cansada de toda noite ter pesadelos tão aterrorizantes a ponto de você não conseguir voltar a dormir depois? Você não está cansada de tudo isso??! - Bradou ele e eu recuei mais um passo pra trás quando ele avançou um passo na minha direção. O que ele pretende? Por que se revoltou tão de repente, tudo bem que ter pesadelos toda noite é horrível, mas eu não vou ir pra cama com um estranho, eu mal o conheço, não sei do que ele é capaz, e eu estou sozinha em casa, só tenho a minha arma pra me defender. Mark me fitou por um instante, me olhando com os olhos perturbados, parecia cansado admito, eu também estava cansada, prestei atenção em cada palavra dele, eu sei o quanto é horrível passar por todas essas coisas, mas me mantive calada, observando meticulosamente cada movimento de Mark - Eu não aguento mais passar pelo inferno com pesadelos todas as noites. - Desabafou ele e passou as mãos no rosto angustiado e nervoso, e eu tive que me conter pra resistir a admirar o quanto ele ficava sexi desse jeito, parecendo impotente e indignado - Eu só quero dormir do seu lado, apenas dormir. - Disse ele e abriu os olhos pra me encarar novamente - Eu não vou te machucar Alícia, largue essa arma. - Falou e eu senti um calafrio descer pela espinha.
  - Como você...? - Não terminei de perguntar e Mark se aproximou, acabando com o pouco espaço que havia entre nós, este homem está me tentando só pode. Ele era um pouco mais alto que eu e consequentemente eu tive que olhar pra cima.
  - Esquece o que eu falei. Eu não vou te perturbar mais. - Disse ele mais calmo, o corpo musculoso quase colando no meu. Eu soltei a arma e fechei a gaveta. Em seguida me esquivei dele sem dizer nada e fui pro centro do beliche onde estava a escadinha.
  - Eu durmo na parte de cima do beliche, sugiro que você suba. - Falei e Mark me olhou desentendido, surpresa tomou seu rosto, porém mesmo assim ele veio até mim.

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