40 - Quase Real

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  Gritei mais, minha garganta estava ardendo de tanto ser forçada, me arrastei mais pra trás morrendo de medo e nojo do esqueleto que estava nos meus pés tentando me alcançar.
  De repente outro esqueleto surgiu nas escadas, ele tinha subido os degraus, mas este era diferente, ele não estava se rastejando que nem o outro nos meus pés, este além de estar em pé, estava coberto por um capuz e um manto que cobria ele inteiro, e seus olhos não estavam brilhantes, estavam escuros, tomados pela escuridão profunda. Eu gritei ainda mais ao perceber que ele estava vindo na minha direção chamando por meu nome. Gritei e me debati, desesperada. Batendo os braços e chaqualhando as pernas, gritando o mais alto que conseguia.

  Recuei o máximo possível contra a almofada do sofá, tinham mãos gentis no meu rosto e uma voz calma tentando me chamar, abri os olhos em estado de alerta, quis ter gritado, mas a voz não saiu e eu recuei mais quase caindo do sofá. Foi então que percebi que eu ainda estava no sofá da minha casa, estava começando a anoitecer, e quem estava na minha frente chamando o meu nome era a Mallya, as mãos no meu rosto eram dela. Suspirei aliviada, meu busto subia e descia conforme eu tentava recuperar a calma e agora eu percebia que tudo o que aconteceu tinha sido um sonho. Um sonho ruim realmente realista a ponto de me matar de medo. Mas foi apenas isso. Não era real.
  - Alícia? - Mallya me chamou mais uma vez, eu não conseguia focar em nada, ainda estava me acalmando e a todo momento meus olhos percorriam pela sala, pras cortinas e a televisão e as paredes, até a escada perto da porta, eu não conseguia parar de olhar, queria conferir se não tinha nenhuma ameaça perto de mim.
  Olhei pras cortinas, tentando enxergar o que havia pelo lado de fora, avistei uma silhueta e meu corpo todo estremeceu, meu coração disparou de novo e eu coloquei a mão sobre o peito sentindo os nós dos meus dedos latejarem de tanta força que eu estava usando pra apertar o tecido da regata.
  Me levantei cambaleando do sofá, Mallya tentou me segurar e nós duas fomos até a porta.
  - O que foi? - Perguntou ela preocupada e eu me levantei cambaleando do sofá, Mallya tentou me segurar e nós duas fomos até a metade da sala, eu não desgrudava os olhos das cortinas.
  - Tem alguém ali! - Exclamei apontando pra janela e Mallya olhou na direção e depois olhou pra mim.
  - Calma Alícia, não tem nada ali. - Disse Mallya me segurando pelo braço, eu sei que ela queria me acalmar, mas eu estava perturbada, eu sei que vi uma silhueta através das cortinas. E preciso conferir.
  - Tem sim, eu sei que tem! - Protestei indo até a janela e puxei as cortinas olhando o vidro na janela, não havia nada lá. Nem pelo lado de dentro, nem do lado de fora. Mas eu pensei que tinha visto... Eu vi...! Ou será que foi impressão? Talvez eu estivesse muito assustada, acho que talvez... Talvez não tinha nada, só eu que me asustei...
  - Não tem nada. - Mallya avisou e fechou as cortinas novamente. Eu voltei a me sentar no sofá, mas não o mesmo em que eu durmi, o que estava ao lado da porta. Respirei fundo enquanto Mallya se sentava ao meu lado, ela estava preocupada, era nítido isso em seu rosto. Eu não queria ter deixado ela assim, mas as vezes eu, na verdade na maioria das vezes eu não consigo evitar.
  - Está tudo bem. - Falei pra Mallya tentando reconforta-la - Foi só mais um pesadelo. - Confessei e Mallya me puxou para um abraço que me aliviou, pelo menos meu coração acalmou.

  Mallya conversou comigo um pouco pra me acalmar e depois eu fui tomar um banho, foi bem rápido, eu queria acabar logo pra eu e a Mallya irmos logo pra casa abandonada, agora minha mãe tinha saído pra trabalhar, ela era médica e meu pai não voltaria tão cedo da delegacia, então teriamos bastante tempo pra investigar e voltar pra casa, quem sabe ainda hoje encerramos pelo menos um caso.
  Como a Mallya já tinha tomado banho antes de mim, eu me vesti, peguei a arma do meu pai e saquinhos de sal e saímos de casa.
  Chamamos um táxi, demos uma pssadinha na casa da Mallya pra pegar a katana do pai dela e mais saquinhos de sal, e enfim fomos para a escola. Eram apenas 18:30 e meu estômago estava embrulhado de ansiedade.

  Quando chegamos no campo meu coração saltou dentro do peito. Eu sentia em meus instintos que algo muito marcante iria acontecer hoje a noite, mas como eu nunca dava atenção para os meus instintos... Fomos pra casa abandonada.
  Passamos pela varanda e pela sala de estar tranquilamente, eu estava com receio mas não me contive e também não deixei o meu medo me dominar.
  Eu e Mallya fomos pra cozinha, arrastamos o armário da cozinha, que era pesado pra caramba e parecia que ia desabar se o movessemos, bem no fim ele continuou inteiro e vimos uma maçaneta de pedra, na porta do Dragão de pedra, que não tínhamos visto antes porque o armário cobria.
  Mallya tentou abrir mas a porta era bem pesada, e então eu segurei também, e nós duas conseguimos abrir.

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