46 - Ovo de Dragão

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  Assim que a porta pesada foi aberta, eu automaticamente comecei a assoprar as mãos, Alícia estava fazendo o mesmo, a pele estava ardendo muito. Mas valia a pena.
  Quando nos inclinamos sobre o buraco de pedra no chão, tudo que avistamos foi um ovo. Um ovo grande, bem maior do que de uma galinha normal.
  - O que é isso? - Alícia indagou confusa, nós duas tínhamos noção de que aquilo era um ovo, porém era grande demais para ser considerado normal.
  - Eu vou pegar pra ver. - Avisei e Alícia se afastou um pouco, Daniel continuava parado perto de nós, observando enquanto eu me inclinava mais sobre o buraco e me preparava para pegar o ovo. Quando minhas mãos tocaram no ovo, meu coração disparou dentro do peito. Por uma fração de segundos tudo ao redor se converteu numa outra forma de visão, o porão estava escuro e uma mulher com mechas de cabelo castanho pra trás das orelhas, e usando o que parecia ser uma coroa ou algo do tipo na cabeça apareceu diante de mim, a mulher deu um beijo no ovo, que através do brilho que irradiou dela, se ascendeu por dentro e eu vi um filhote de dragão encolhido em posição fetal.
  Continuei observando quando a mulher colocou o ovo dentro do buraco de pedra, eu sentia que a conhecia de algum lugar, mas só consegui me lembrar onde já havia visto o rosto dela quando a vi fechar a porta, meu coração falhou dentro do peito.
  - Mãe... - Escapou dos meus lábios num sussurro e então um clarão me cegou por alguns segundos e de repente tudo voltou ao normal, Alícia estava me encarando preocupada, olhando para o ovo na minha mão, Daniel se abaixou no chão e então apontou para o ovo.
  - Eles protegiam essa coisa. - Disse ele e eu olhei com mais atenção para o ovo. Meu coração estava apertado dentro do meu peito. Ver minha mãe me abalou. A vontade de chorar já estava vindo quando eu tirei os olhos do ovo e olhei pra Alícia, tentando segurar as lágrimas. Acho que Alícia me entendeu, ela me puxou pra um abraço assim que as lágrimas começaram a cair.
  - Foi só eu que vi? - Perguntei tentando segurar o choro, não adiantava, quanto mais eu segurava, mais o nó na minha garganta parecia aumentar.
  - Não. - Respondeu Alícia e me abraçou mais apertado, o ovo no meu colo era de um Dragão... Por que minha mãe esconderia um ovo de Dragão aqui?

- Alícia on-

  - Acho que já está tarde demais. - Falei depois que a Mallya se acalmou, ela segurava aquele ovo de Dragão com muito cuidado.
  - É, Daniel... - Mallya começou a falar, mas foi interrompida pelo rapaz.
  - Não quero ser chamado de Daniel, por favor, lembra o meu passado e eu não gosto de lembra-lo. - Pediu ele e Mallya franziu o cenho.
  - E como vamos te chamar então? - Eu perguntei e Daniel ficou pensativo por alguns instantes, até seus olhos pousarem sobre o ovo de dragão e seu semblante mudar, parecia ter tido uma ideia.
  - Me chamem de G Dragon. Assim me sinto melhor. - Falou Daniel, que agora era G Dragon e eu e Mallya assentimos.
  Nos levantamos do chão e Mallya tirou o celular do bolso da calça.
  - Acho que temos que ir pra casa agora, são dez horas e eu tenho um encontro a meia noite. - Comunicou Mallya e eu coçei os olhos sentindo o sono me tomar preguiçosamente.
  - E eu tenho que dormir, to acabada! - Admiti e então olhei pro ovo que Mallya estava segurando.
  - O que vamos fazer com isso? - Perguntei curiosa e Mallya abraçou cuidadosamente o ovo.
  - Acho que vou adotar, você adotou o gatinho por nós duas, e já que esse ovo é de dragão, eu gostaria de adotar ele por nós. - Falou Mallya com um sorriso e então acrescentou - Afinal foi minha mãe quem pois ele aqui, eu quero ficar com ele, pra poder ter um pedaço dela comigo sabe.
  Assenti e então eu e Mallya nos separamos, eu fui pegar meu revólver e Mallya foi achar sua katana, quando encontramos nossos pertences, nos reunimos no centro do porão. E G Dragon continuava atrás de nós duas.
  - Vocês não estão se esquecendo de nada? - Indagou ele com precisão achando que tínhamos nos esquecido dele e Mallya veio até mim.
  - Ele é útil, ainda tem muita coisa pra contar, onde vamos por ele pra ele não sumir? - Perguntou ela mordendo o lábio inferior pensativa e eu coçei os olhos ensonada, tentando pensar em algo.
  - Ele pode ficar na minha casa. - Cogitei e G Dragon se aproximou de nós duas se envolvendo na conversa.
  - Eu queria ficar com você essa noite, - Disse ele para Mallya e eu e ela nos voltamos pra ele o encarando desentendidas, e então G Dragon acrescentou - Eu sinto que se ficar perto dela eu não vou perder o controle de novo e me transformar novamente.
  Eu soltei um suspiro cansado e olhei pra Mallya.
  - Acho que vai ter que ficar com ele. - Falei cruzando os braços sobre o peito para amenizar o sono e Mallya mordeu o lábio inferior ficando mais pensativa do que já estava.
  - Eu até levo ele pra minha casa, mas ele tem que garantir que não vai sair do quarto de hóspedes. Nem meu pai e nem o Tae podem descobrir da existência dele! - Avisou ela e G Dragon assentiu.

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