83 - Mais Suspeitas

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  Olhei um lado e depois o outro, não havia ninguém no corredor, e então dei sinal pra Mallya. Segundos depois ela já havia aberto o armário.
  - Essa lenda sobre o corredor dos armários sempre tem sido muito útil. - Afirmou Mallya e eu assenti com um sorriso.
  - Você tem razão. Essa lenda é ótima. - Concordei, podíamos nos aproveitar dessa lenda, principalmente por ela ajudar nas investigações, não sabemos quem inventou, mas ela é tão assustadora que os supervisores não deixam ninguém e muito menos eles mesmo olharem as imagens das câmeras de vigilância do corredor, são três ao todo, e as três vivem 24 horas desligadas, de tanto medo que as pessoas tem de ver assombração. Bom pra mim e pra Mallya, graças a isso não corremos o risco de tomar suspensão por arrombar o armário do Tae. Se bem que não estamos exatamente arrombando... Estamos quebrando o cadeado pra poder investigar, e depois vamos colocar um cadeado novo no armário e também vamos dar um jeito de colocar a chave nova, no lugar da chave velha. Até lá a gente pensa em algo, mas agora a investigação primeiro.
  - É esse o par de tênis. - Declarou Mallya e tirou um par de tênis da puma do armário, um tênis branco, novinho, porém todo sujo de lama.
  - O que tem os tênis? - Perguntei pegando o par de tênis nas mãos pra analisar e ela virou os tênis, me revelando mais lama e um novo elemento de sujeira: sangue seco.
  Engolindo em seco eu passei a mão nas marcas vermelhas que cobriam a parte de baixo do tênis.
  - O que ele falou pra se explicar? - Perguntei e Mallya começou a me contar uma história que Tae disse a ela sobre ter um amigo lobisomem e o sangue nos tênis ser dele porque ele pisou numa poça do próprio sangue que estava no chão...
  - A única coisa que confirma na história dele é que ele sujou o tênis de lama porque choveu muito na semana passada. - Suspirou Mallya intrigada e eu olhei pro interior do armário pensativa, haviam várias flores lá dentro, flores vermelhas o suficiente para fazer um buquê.
  - E você acha que ele estava mentindo? - Perguntei após entregar os tênis à Mallya e comecei a fuçar o armário, logo em seguida escutei ela suspirar.
  - Sim. - Respondeu e eu comprimi os lábios vasculhando se havia mais coisas lá dentro além de flores, assim que eu toquei em alguma coisa que furou meu dedo eu me afastei, e logo em seguida as flores caíram do armário indo direto pro chão.
  - O que foi? - Perguntou Mallya confusa e eu abri a mão, mostrando meu dedo indicador, havia um pequeno furinho vermelho que aos poucos começava a sangrar.
  - Acho que tem espinho. - Falei me referindo as flores e a Mallya se abaixou para pegar uma das rosas.
  - Todas as rosas que estão aqui não tem espinhos. - Falou Mallya desentendida ao se levantar e meus olhos se voltaram pra dentro do armário, avistando mais uma rosa.
  - Menos essa. - Falei e Mallya também se voltou para o armário, olhando para uma rosa branca que estava com espinhos, mas além disso, as pétalas da flor estavam manchadas de uma cor escura, de vermelho.
  - O que você descobriu lá na casa da última vítima? - Perguntou Mallya e com a manga da blusa para proteger a mão ela pegou a rosa branca, para analisarmos. Bem, a não ser que usem sangue como tinta, essa rosa foi manchada de sangue. Isso não é coisa boa.
  - Bem, por onde eu começo... - Falei pegando um saco plástico do bolso da jeans - Pelo que a irmã da vítima me contou, e ela foi a única que quis falar alguma coisa já que a mãe dela não gosta muito de manchar a reputação... Parece que a menina namorou com um garoto chamado Tailer, pelo que ela me descreveu sobre ele, parece que o menino era lobisomem, mas até ai tudo bem. O problema foi quando ela começou a falar sobre o amigo desse lobisomem, e adivinha quem é esse amigo? - Indaguei sarcástica e Mallya tirou uma pétala com sangue da flor e pois dentro do saco plástico.
  - Por causa desse tal de Tailer que o Tae mencionou na história dele, você já sabe a resposta. - Respondeu Mallya e mordeu o lábio inferior apreensiva.
  - Parece que o Tae falava pro Tailer dar flores pra vítima na época em que eles namoravam, contra a vontade dos pais dela, fora isso ela não falou mais nada sobre o Tae, mas além dessas coisas que eu já te contei, parece que na última semana de vida da garota, ela andou muito tempo grudada no computador, a irmã dela pensou que ela estava estudando, mas quando se aproximava a menina fechava o computador e não deixava ninguém ver o que ela estava fazendo.
  - Isso é suspeito. - Afirmou Mallya e guardou novamente a flor, nos voltamos para o armário, e procuramos por mais coisas, mas não havia mais nada lá que fosse realmente incriminatório, a não ser pelas dez cartas endereçadas a Antônia. Essas foram colhidas por nós para análise, e então guardamos as outras coisas de volta no armário. E logo depois o trancamos com o cadeado novo.
  - Eu combinei com a irmã da vítima que passaríamos lá pra analisar o computador. - Avisei enquanto Mallya guardava nossa evidência e os tênis do Tae numa sacola, na mochila.
  - Vamos agora?
  - Vamos.

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