2 - Lendas Urbanas

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  Abri os olhos, eu estava começando a suar e isso só me deixava mais nervosa. Quem está sentado na minha cama? E como? E será que vai me matar?

  Passei a madrugada toda assim, nervosa e suando frio, eu não ousei tirar a coberta da cabeça, mesmo estando desesperada para pegar meu travesseiro e o celular, e o pior era que ele estava numa estante perto da porta a cerca de um metro de distância de mim. E bem perto do ser assassino que está sentado nos pés da minha cama. Bem no fim eu não peguei o celular nem o travesseiro. Só quando minha mãe veio acordar eu e meu irmão quatro longas horas depois.
  Me sentei esfregando os olhos e olhando pros pés da minha cama, eu não sentia mais que havia alguém nos pés da minha cama, e realmente não havia, uns dez minutos antes da minha mãe vir chamar eu e meu irmão eu senti que ele ou seja lá o que estivesse sentado nos pés da cama, havia se retirado. Eu só queria ter visto o seu rosto, saber quem ele era. O problema era que a droga do meu medo, que quase nunca se manisfestava, resolveu me afetar justo hoje! Aliás, se havia algum ser sobrenatural assassino dentro da minha casa e sentado nos pés da minha cama, como eu não ouvi barulho de porta se abrindo ou nem mesmo janela? Ele entrou por onde dentro da minha casa, por um portal mágico de unicórnios??!
  - Alícia você tá bem? Parece preocupada. - Perguntou meu irmão se levantando de sua cama e pegando roupas no guarda-roupas, eu apenas assenti, ainda sem tirar os olhos dos pés da minha cama. Será que aquilo foi um sonho?
  Sai da cama e fui pro guarda-roupas. Eu não ia conseguir descobrir muita coisa mesmo, o melhor era eu ir pra escola logo de uma vez e acabar com meu sofrimento de tomar coragem pra despertar literalmente. Peguei qualquer coisa que achei no guarda-roupas e vesti, bem no fim eu estava toda de preto, com um jeans surrado preto e camiseta do uniforme preta e uma jaqueta de couro, supostamente também preta. Já to até imaginando que quando eu chegar na escola minhas "amigas" vão olhar pra minha cara e me chamar de emo gótica das trevas, de novo. Dane-se, to sem paciência pra vestir outra coisa.
  Depois de me arrumar eu fui pra cozinha, eu não queria tomar café, mas minha mãe me perturba tanto pra comer alguma coisa que é melhor engolir algum pedaço de pão e uma fruta pra me livrar das indiretas bem diretas dela. Peguei uma maçã bem vermelha e mordi, jogando minha mochila ao lado da do meu irmão enquanto me sentava na cadeira, foi quando reparei que ele também estava todo de preto. Legal, agora as minhas "amigas" vão nos chamar de irmãos, emo, góticos, das trevas. Ele se levantou do sofá e foi pegar uma maça também pra comer.

 Ele se levantou do sofá e foi pegar uma maça também pra comer

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  - Você ainda está com cara de preocupada. - Disse ele se sentando ao meu lado e eu franzi o cenho coçando os olhos.
  - Nao é nada demais BamBam. Eu só tive um pesadelo que me intrigou um pouquinho. - Respondi dando mais mordidas na maçã e ele mordeu a sua me encarando com preocupação.
  - E depois do pesadelo você não conseguiu voltar a dormir né?
  Eu apenas assenti, eu realmente não consegui voltar a dormir...
  - É, não dormi muito essa noite. - Falei bocejando e mordendo a maçã mais uma vez, então a depositei sobre a mesa, já havia acabado. BamBam fez o mesmo e então nos levantamos e pagamos nossas mochilas, já nos direcionando para fora de casa, para enfrentar mais um dia chuvoso na ex-pacata cidade de Helltown, não sei quem foi que deu o nome dessa cidade de: cidade do inferno, mas provávelmente foi um idiota que estava bêbado, oh nominho mais macabro pra se dar a uma cidade!

  Quando chegamos na escola, eu e BamBam nos despedimos do pai e nos separamos, ele foi se encontrar com os amigos populares dele e eu fui pro corredor dos armários pra pegar um caderno que eu ia precisar pra primeira aula.
  Esse corredor era o mesmo do meu pesadelo, que o homem vinha na minha direção e eu ouvia aquela melodia...
  Senti um arrepio descer pela espinha só de lembrar da canção, eu ainda tinha a sensação de que conhecia ela, mas não me lembrava de onde. O corredor estava vazio. Os alunos não ficam aqui, principalmente no primeiro tempo, eles temem. Tem uma lenda idiota de que se você ficar aqui, em menos de dez pessoas, três mulheres cobertas por lençóis brancos aparecem e te convidam pra pular da janela, estamos no terceiro andar então a queda machucaria um pouco né...! Reza a lenda que se você recusar elas vão te arrastar pelos pés até a janela e te jogar daqui de cima, e se você aceitar... Elas te levam para um mundo esquecido pelo passado e amaldiçoado pelo futuro, um mundo de aberrações que existe dentro dos olhos delas. Não entendo muito bem que tipo de mundo pode ser esse, mesmo assim não ligo. Parece apenas uma nova versão de uma lenda do Japão que uma vez eu vi na internet. Eu sempre venho aqui e toda vez não acontece nada. Se bem que... Hoje parecia diferente. Eu estava com uma sensação diferente.
  Foi então que eu escutei um grito de menina, derrubei meu caderno no chão e fechei a porta do armário com força, meu corpo gelou. E a pior sensação de medo foi quando eu comecei a ouvir a melodia da canção do meu pesadelo.

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