29 - Artes&Química

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  Pisquei os olhos com força e coloquei minhas mãos no rosto da Mallya, acariciando-a. Enquanto olhava dentro de seus olhos. Estavam castanhos. Não havia nada lá. Nenhuma fenda, nem cor azul, era apenas os olhos castanhos que ela sempre teve, estava normal. Deve ter mudado de repente e durado alguns segundos por causa que fui longe demais com minha concentração. Deve ter afetado ela de alguma maneira...
  - O que você estava fazendo? - Indagou ela num sussurro e eu tirei minhas mãos de seu rosto e limpei minhas lágrimas tentando conter a vontade de chorar que me invadiu, as lembranças da Mallya eram pesadas demais para uma pessoa carregar sozinha. É muito doloroso.
  - Eu estava tirando sua dor. - Confessei baixando a cabeça pra esconder as lágrimas que eu não conseguia fazer parar de cair.
  - E por que está chorando? A minha dor passou pra você? - Perguntou ela e seus dedos delicados tocaram meu rosto e fizeram eu levantar os olhos para vê-la.
  - Não... Algumas lembranças. - Respondi e vi os olhos de Mallya se encherem de água, no momento em que uma lágrima ameaçou cair eu não me contive mais e a puxei pra perto, para um abraço apertado. Logo depois, de uma maneira que eu não entendi como aconteceu, minha boca estava encontrando a dela e eu estava a deitando na maca e beijando seus lábios com vontade.
  A princípio o movimento de nossos lábios era calmo e cheio de desejo, com cuidado eu colocava minhas mãos em sua cintura e massageava sua pele naquele local, depois mudou pra uma maneira selvagem, eu passei a morder seus lábios, ela me arranhou apertando os músculos dos meus braços e eu a puxei contra o meu corpo a fazendo arquejar. E eu não pretendo tirar minhas mãos dela enquanto não marcar sua cintura com o aperto dos meus dedos. Quero que ela sinta que eu quero aquele beijo que estamos trocando tanto quanto eu posso assimilar.

- Alícia on -

  Olhei pra tela do celular pela centésima vez, só tinham se passado quinze minutos que o Taehyung levou a Mallya pra enfermaria, dez minutos que eu havia avisado as professoras e apenas vinte segundos quando eu já estava vendo as horas de novo. Será que ela está bem??
  - Cadê a Mallya, Alícia? - Perguntou Laura curiosa, enquanto brincava com as pontas castanhas de seu cabelo. Tive receio em responder.
  - Na enfermaria, ela passou mau. - Relatei e Anna e Lorena que escutavam a conversa se prontificaram em fazer interrogações.
  - Ela comeu alguma coisa estragada por que a mãe não fez comida pra ela? - Indagou Anna com cinismo e eu me segurei pra não soltar um palavrão, ela sabe que a Mallya não tem mãe, e deve ter dito isso pra me provocar porquê eu estou impaciente. Acho que ela percebeu a minha indignação porque logo depois acrescentou forçando um ar de culpa - Ah, me perdoe eu esqueci que a Mallya não tem uma mãe. - Depois de dizer isso ela mordeu a caneta esperando que eu dissesse alguma coisa.
  - Acho que isso não foi a única coisa que você esqueceu não é mesmo Anna - Retruquei e vi seus olhos brilharem de entretenimento, essa menina é uma cobra mesmo, não entendo porquê as pessoas dizem que loiras são burras, a Anna é a loira mais desgraçada e esperta que eu conheço, e ela só usa a esperteza pra judiar dos alunos que ela acha inferiores.
  - E o que mais eu posso ter esquecido? - Perguntou ela de uma maneira sonsa, aparentemente se fazendo de desentendida e eu abri um sorriso de lado.
  - Que hoje não é dia das bruxas, então para de tentar jogar feitiço nos outros pra arranjar briga. - Rebati e vi Anna e Lorena revirarem os olhos.
  - Grossa! - Acusou Lorena e eu lancei um olhar ameaçador pra ela enquanto a mesma continuava a falar - A Anna só quis saber da Mallya porquê se preocupou, não precisa chingar ninguém de bruxa porque está de TPM. - Defendeu e dessa vez fui eu que fiz questão de revirar os olhos.
  - Deixem de ser insuportáveis então. - Retruquei e vi Mark lá do outro lado da sala, ele estava sorrindo na minha direção, será que é pra mim? Será que ele conseguiu ouvir a minha discussão com as meninas? Não tive muito tempo pra pensar quando vi Mallya entrar na sala, e Taehyung vindo logo atrás. Quase pulei da cadeira de preocupação, mas não o fiz, a Mallya parecia bem melhor então era melhor eu esperar ela vir até a carteira. Ela conversou com a professora por alguns instantes e então veio do meu lado, se prontificando em ocupar a carteira atrás da minha.
  A primeira coisa que eu reparei foi que a boca dela estava vermelha, e não era de baton.
  - Tava se pegando com o Tae na enfermaria? - Indaguei contendo a risada, tomando a precaução de falar baixo pras minhas "amigas insuportáveis" não escutarem e Mallya abriu um sorriso largo.
  - Nem te conto! - Disse ela puxando uma mecha de cabelo pra trás da orelha, eu já estava ficando ansiosa.
  - O que aconteceu?
  - O Tae fez um negócio de anjo pra tirar minha dor e depois a gente se beijou e pouco tempo depois a enfermeira expulsou a gente da sala dela ameaçando ligar pros nossos pais! - Desabafou ela, eu ainda segurava o riso - Me senti no clipe Run do BTS. - Depois desse comentário nós duas caímos na risada.

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